Bento 16 pede desculpa e admite erros da igreja ao lidar com abuso sexual na Alemanha
Papa emérito divulgou carta em resposta a relatório que o acusa de omissão diante dos crimes contra menores de idade
O papa emérito Bento 16 reconheceu, em carta divulgada nesta terça-feira (8), que ocorreram erros na forma como a igreja lidou com os casos. O ex-papa está envolvido em uma investigação sobre abusos sexuais de menores de idade que teriam ocorrido durante sua gestão como arcebispo de Munique, na década de 1980. As informações são da Folha de São Paulo.
"Tive grandes responsabilidades na Igreja Católica", diz o papa emérito no texto, a primeira resposta pessoal a um relatório divulgado sobre o assunto. "É grande a minha dor pelos abusos e erros que ocorreram em diferentes lugares durante o meu mandato."
Bento 16 dia ainda, que está consolado pelo perdão de Deus e que, apesar de quaisquer erros que possa ter cometido, Deus será o juiz final. "Em breve, estarei diante do juiz final da minha vida", afirma.
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O papa emérito diz que é profundamente doloroso que seu descuido tenha sido usado para lançar dúvidas sobre sua veracidade e até mesmo para rotulá-lo de mentiroso. Ele se refere a declarações que deu na semana passada, por meio de um porta-voz, afirmando que havia, sim, participado de uma reunião em que foi discutida a situação do padre Peter Hullermann, acusado de abusar sexualmente de dezenas de menores.
Bento 16, até então, negava ter participado do encontro. Ainda assim, segue dizendo que a reunião não tratou da admissão de Peter na arquidiocese de Munique, assunto que teria sido abordado em outro encontro, esse sem a presença do papa emérito. "Estou particularmente grato pela confiança, apoio e oração que o Papa Francisco me expressou pessoalmente", seguiu ele na carta divulgada nesta terça.
As declarações de Bento 16 são uma resposta a um relatório independente que, em janeiro, o acusou de encobrir casos de abusos sexuais contra crianças na Igreja Católica da Alemanha.
"Ele sabia dos fatos", afirmou na ocasião o advogado Martin Pusch, que fez parte da apuração. "Acreditamos que ele pode ser acusado de má conduta em quatro casos. Dois deles são relacionados a abusos cometidos durante sua gestão e punidos pelo Estado. Em ambos, os perpetradores seguiram ativos no cuidado pastoral."
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