Trilha do Lulu é alternativa dentro da cidade para iniciantes no mountain bike
Percurso de quase 15 km é feito dentro do Parque do Utinga, em Belém
O tão falado “novo normal” ainda é um conceito complexo de se sintetizar. Mas existe uma coisa que os especialistas apontam em quase completa unanimidade: estar ao ar livre, devidamente protegido, reduz as chances de contágio por covid-19 a um patamar próximo do zero. Então que tal aproveitar que julho oficialmente chegou, e com ele o famoso calor do verão paraense, para descobrir novos hábitos de diversão e desfrutar das paisagens de Belém e dos arredores? OLiberal inicia, neste domingo (4), uma série de reportagens especiais dedicadas aos esportes ao ar livre. E hoje vamos celebrar uma das modalidades mais democráticas: o ciclismo.
Quem já se equilibrou sobre duas rodas sabe: a sensação de liberdade que pedalar nos proporciona é indescritível. O vento no rosto, a velocidade que se alcança com o próprio esforço, o reflexo que se ganha ao desviar de obstáculos - são pequenos desafios que, assim como pedalar propriamente, a gente nunca esquece. E conforme se vai ganhando confiança, é natural querer elevar um pouco o nível de dificuldade. Se você cansou de pedalar no asfalto, é hora de experimentar o mountain bike.
A modalidade, que surgiu na geografia acidentada da Califórnia nos anos 70, não demorou a conquistar uma legião de fanáticos no Brasil. E até mesmo em Belém, que não tem lá muitas subidas e descidas íngremes, é possível encontrar terrenos que desafiam a habilidade do ciclista em transpô-los.
Tamyres Ambrosio, bióloga, e Cassio Medeiros, profissional de Educação Física, há quase uma década elevaram o ciclismo do patamar de hobby a algo um pouco mais sério. Hoje eles planejam vários de seus fins de semana de acordo com os calendários de trilhas disponíveis em Belém, no interior do Pará ou até em outros Estados (enquanto esta reportagem é fechada, eles estão em Picos, no Piauí, disputando a Picos Pro Race, evento de dois dias de trilha na “Capadócia Brasileira”). Tamyres, por exemplo, trabalha em uma bike shop e tem apoio para participar de algumas provas no Pará e fora.
Antes de colocarem suas magrelas no mala bike (equipamento ideal para transportar seu veículo por avião ou ônibus), eles tiraram umas horinhas para levar a reportagem para uma trilha que pode ser a porta de entrada para este novo mundo: a “Trilha do Lulu”, que tem início no Parque Estadual Camilo Vianna, o popular Utinga, e termina na comunidade de Nossa Senhora dos Navegantes, às margens do Rio Aurá - afluente do Guamá -, no Balneário do Lulu.
“Acho que o Utinga, principalmente pra quem deseja iniciar, é algo que traz segurança. Você pode ir ganhando confiança em pedalar dentro do parque e depois explorar a trilha que fizemos até o seu Lulu, com tranquilidade, sem contar que você não precisa sair de Belém para trilhar, e ainda termina com um banho de rio”, diz Tamyres, que conheceu esta trilha em 2015. “É uma ótima opção para quem está começando a pedalar e quer um momento de confraternização com os amigos, ou tomar um banho de rio e curtir a natureza sem sair de Belém”, completa Cássio.
A Trilha do Lulu
A Trilha do Lulu é apontada por muitos ciclistas como ideal para iniciantes por vários motivos: o percurso total é curto (algo em torno de 15 km, ida e volta), divide-se em asfalto (a ciclovia do Utinga, de 8 km) e “chão”, tem apenas duas subidas na ida (logo, duas descidas na volta), e poucos obstáculos - mas o que tem já é o suficiente pra sentir a adrenalina e suar um pouco. Porém, antes de iniciar, é importante se atentar para algumas dicas básicas.
“A primeira coisa é encontrar a bicicleta que seja confortável para você, e isso é encontrar o tamanho recomendo pela fabricante que você for escolher. Segurança é essencial. Acho que o indispensável é o capacete e a luva, principalmente se vir acontecer quedas nesse caminho, eles salvam vidas e evitam danos maiores. Então, a mensagem pra quem deseja começar é nunca esquecer desses dois equipamentos! Os óculos tanto para o dia quanto para a noite protegem seus olhos e claro não podemos esquecer também do protetor solar e hidratação”, diz Tamyres.
Caso você já tenha uma bike e queira começar a adaptá-la para ficar mais versátil e conseguir circular em terrenos variados, Tamyres recomenda duas modificações básicas: pneus mais grossos, para ter aderência e passar por estrada de chão ou areia, e mudança no câmbio das marchas. “Colocar mais marchas vai te ajudar a estar preparado para vários cenários que podem aparecer na trilha”, acrescenta.
"Outra boa dica é você fazer um pequeno ajuste no selim da bicicleta, caso não seja sua. Posicione o selim na altura da sua bacia, assim sua perna terá uma boa extensão ao pedalar. Caso esteja sozinho, leve algo pra sua alimentação. Ferramentas para a bike também podem ser importantes para que seu ‘pedal’ seja menos sofrido”, diz Cássio, que estipula um limite para as distâncias que um iniciante deve escolher para suas primeiras trilhas. “De 25 a 30 km dá para se divertir sem chegar ao limite físico. Para ir além disso é preciso se condicionar melhor”, explica.
O ciclista iniciante não deve menosprezar algumas dificuldades que surgem na trilha do Lulu. Ao avistar as poças de lama, prefira passar pelas margens, colocando menos do pneu na água e evitando uma desaceleração brusca, que pode causar uma queda.
Nas subidas, opte por usar as marchas mais lentas – caso não sejam muito íngremes, você pode conseguir pedalar sentado no selim; mas se for uma subida muito vertical ou mais longa, é possível que você precise levantar sobre o pedal para ganhar mais força e vencer o obstáculo.
Nas descidas, tenha atenção para buracos ou pedras que podem causar quedas. Posicione o corpo para trás, esticando seus braços e colocando as coxas em contato com o selim e observe bem o terreno.
Use o freio com sabedoria: uma freada muito forte pode ter o efeito contrário do que você busca e te lançar para o chão em vez de evitar sua queda.
Se você gostar da Trilha do Lulu, saiba que na Região Metropolitana de Belém há várias opções com graus de dificuldade semelhantes. “Benevides, Santa Izabel, Santa Bárbara. São excelentes opções. No meu Instagram eu fiz um guia com 10 trilhas do Pará que todo ciclista tem que conhecer e lá apresento algumas dessas que citei aqui”, diz Tamyres, que usa a conta @tamy_ambrosio na rede social. “Quem quiser pegar uma um pouco mais afastada, procure a Ilha de Cotijuba”, completa Cássio.
E aí, curtiu as dicas? Então não seja pé duro (o ciclista preguiçoso que mais fala que pedala) e te lança para um pedal nas férias! Mas, por favor, se estiver em grupo, não esqueça da sua máscara.
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