Referência dentro e fora das pistas: piloto paraense fala sobre inspiração e legado de Ayrton Senna
Nos 30 anos da morte de um dos maiores ídolos esportivos do mundo, Augusto Santin relembrou motivação em Senna
"O automobilismo é minha vida", definiu o paraense Augusto Santin. O piloto, que atualmente corre no Campeonato de Marcas, começou a correr de kart no ano seguinte à morte de Ayrton Senna, uma das maiores inspirações na sua carreira. Hoje, 30 anos após a morte do brasileiro que encantou o mundo, Santin falou sobre a influência de um dos maiores ídolos esportivos na sua vida e carreira, em entrevista exclusiva para o Núcleo de Esportes de OLiberal.
"Eu acho que o Senna tem uma influência na vida de quase todos nós quando lembramos dos ideais de superação e vitória. Mas, a minha vida de automobilismo, que eu amo fazer, já vem desde a década de 1980. Então, a gente já acompanhava a carreira dele antes de chegar na F1. Os ideias de vitória, de superação, pegando um carro sem condições de disputar campeonatos, como em Mônaco em 84, e andar na frente - não venceu aquela corrida porque acabaram a prova antes -, ele influenciou, sim, a minha carreira, vida, no dia a dia da gente, coisas que a gente vai levar para o resto da vida", declarou Santin.
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Senna, para a grande maioria, era sinônimo de habilidade e superação, como o paraense bem lembrou. Em 1984, o brasileiro fazia estreava na Fórmula 1 pela Toleman. O carro daquele ano era muito limitado, mas Ayrton conseguiu tirar tudo e mais um pouco na pista.
No GP Mônaco daquele ano, o piloto não fez uma boa classificação, largou de 13º, contudo, na corrida, Senna 'voou'. Na volta 19, o brasileiro passou Niki Lauda e assumiu a vice-liderança da prova, à sua frente, apenas Alan Prost, que anos depois seria o seu maior rival.
Por conta da chuva forte, aquela prova foi interrompida na volta 31 e Ayrton não venceu. No entanto, a corrida ficou marcada pelo desempenho de Senna, que surpreendeu a todos. No ano seguinte, foi para a Lotus.
Inspiração na pista
Santin correu durante alguns anos de Fórmula Vee e foi campeão nas temporadas de 2020 e 2021. Fã do estilo de pilotagem de Senna, o paraense detalhou que se inspirou no brasileiro quando corria categoria de monoposto.
"Ainda hoje a gente assiste câmeras onboard da época de Mônaco, a forma como ele atacava as curvas, como entrava nas marchas, atacava o freio, isso eu usei muito quando fui correr na Fórmula Vee", revelou o piloto.
Ainda segundo Augusto, correr em Interlagos é muito especial. O autódromo brasileiro, que até hoje faz parte do calendário da F1, respira Senna e desperta a emoção e todos os torcedores. Santin relatou que sentiu uma energia muito especial quando pisou pela primeira vez no local.
"Eu te digo que eu não senti a emoção, mas senti aquela energia, vibração. Imagina, você faz a curva do café, pega a reta de Interlagos, aquela descida, a imagem do 'retão', você lembra de Senna. Eu conto para todo mundo que a primeira vez que desci a reta de Interlagos, eu ouvia o 'pan-pan-pan Ayrton Senna do Brasil'. Eu, em um carro monoposto, vindo de Belém, para ir correr lá em Interlagos, o que me passou na cabeça foi justamente tudo o que aconteceu na vida dele, acontecia para a gente, era tipo como pedindo uma inspiração para vencer", relatou o paraense.
Santin tem uma miniatura do carro de Senna na Toleman. O item foi dado por um fã, que o conheceu quando ele corria de monoposto. Em uma forma de demonstrar o carinho pelo paraense, o torcedor o presenteou com o carrinho. Augusto guarda o presente com muito carinho.
Para a história
Ayrton Senna conquistou três campeonatos mundiais de F1, venceu 41 corridas, esteve em 80 pódios e anotou 65 pole position durante a carreira. Com um talento para poucos, descoberto quando tinha apenas quatro anos, habilidade e vontade de vencer inigualável, tinha suas controvérsias - para alguns -, escreveu o seu nome na história do automobilismo mundial.
O brasileiro morreu no fatídico 1º de maio de 1994, no GP de San Marino, em ímola, na Itália, aos 34 anos. O piloto bateu forte na curva Tamburello na corrida e teve graves lesões na cabeça. Augusto lembra daquele dia com precisão, para ele, é um momento que nunca vai esquecer.
"Eu acho que, como todo brasileiro, eu estava no sofá da sala com os meus pais, irmã, assistindo F1. Era o encontro da família, assistir Fórmula 1. Naquele momento, a gente não acreditava. Eu ainda não estava no automobilismo, comecei um ano depois no kart, aqui no Pará, mas aquilo foi um dia fatídico para todo brasileiro. Parecia um parente nosso que estava indo embora. Aquela imagem do helicóptero levando o corpo, o repórter falando, são coisas que a gente nunca mais vai esquecer", relembrou o paraense.
A morte de Senna foi considerada uma tragédia nacional no Brasil e no mundo. O governo brasileiro declarou luto oficial de três dias e concedeu honras de chefe de Estado, com salva de tiros. No cortejo, transmitido ao vivo pelas emissoras de televisão, estima-se que mais de 2 milhões de pessoas estiveram presentes.
Até hoje, 30 anos depois da sua morte, Senna é lembrado por todos que puderam acompanhá-lo na época, mas também pela nova geração apaixonada por automobilismo. A característica de buscar sempre dar o seu melhor, para Santin, é o maior legado deixado por ele.
"No esporte, é o ideal de superação, de vencer, quebrar recordes, vencer barreiras, de buscar sempre dar o meu melhor, isso ele falava muito. Tem aquela declaração dele: 'seja quem você for, dê sempre o seu melhor', humildade, então, esses legados são coisas que a gente realmente tinha que levar para a nossa vida. Isso ele realmente levava muito, o carinho que ele tinha pelos jovens, pelas crianças, tanto que tem a fundação até hoje", destacou o piloto.
Augusto Santin não tem uma vida de piloto glamourosa e fácil. As corridas são concluídas com muita garra, determinação e tendo inspiração, entre outros, no piloto que é considerado o melhor de todos os tempos por muitos.
"Tem algumas pessoas que se realizam com esportes náuticos, com futebol, eu me realizo fazendo o meu automobilismo. Eu não gostaria de ser um coadjuvante, de só estar participando, adoro assistir, mas eu tenho que estar lá dentro", concluiu o paraense.
Senna será homenageado no GP de Imola neste ano, como sempre ocorre todos anos desde sua morte. A cidade, durante todo o mês de março e abril, realizou uma programação especial para celebrar a carreira, história e vida do piloto brasileiro.
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