Do Campo à Avenida: Botafogo inspira nome de escola de samba em Belém; conheça

Mocidade Botafoguense tem 40 anos de história no carnaval paraense e este ano subiu para o Grupo B

Aila Beatriz Inete

O futebol e o carnaval sempre tiveram laços. Nos principais grupos do Brasil, como Rio de Janeiro e São Paulo, há diversas escolas que seus estão atreladas a clubes, como Dragões da Real e Mocidade Independente de Padre Miguel. E aqui em Belém, dois apaixonados pelo esporte e pela cultura transformaram a paixão em uma escola de samba, a Mocidade Botafoguense. 

Na última sexta-feira (11) foi comemorado o Dia da Escola de Samba e o Núcleo de Esportes de OLiberal foi conhecer a agremiação que tem no nome uma referência ao time carioca. 

A escola foi criada por Marcelo Farias, ex-jogador e botafoguense, já falecido, e pelo sobrinho José Carlos Moreira, também torcedor do Botafogo. Na época, o fundador comandava uma equipe de futebol amador com o mesmo nome do clube carioca. Com esse time, movimentava a modalidade no bairro do Umarizal e reunia diversos brincantes para disputar competições locais. Por isso, quando surgiu a ideia inicial de criar um bloco, o nome não poderia fazer referência a outra coisa. E embalado pelo ritmo dos tambores, o grupo foi um sucesso e virou escola de samba.

"Toda a nossa família é Botafogo", destacou, sorrindo, o cofundador José Carlos Moreira. "O Marcelo tinha um time da nossa rua. Era muita gente que ia jogar no Botafogo. O Marcelo era apaixonado por carnaval, saía vestido de mulher (risos). E a paixão começou assim: do futebol para o carnaval", relembrou. 

No ritmo do carnaval, já são 40 anos de história da agremiação paraense — marcados por alegria, resistência e muito trabalho para manter a escola de pé. Entre as conquistas, está a vitória do terceiro grupo no carnaval de 2015.

Neste ano, a escola desfilou no grupo de avaliação do Carnaval de Belém e conquistou o vice-campeonato — resultado que garantiu a tão sonhada vaga no segundo grupo de 2026.

image Seu José Carlos foi um dos fundadores da escola (Ivan Duarte / OLiberal)

Desafios

Apesar das alegrias, nem tudo é fácil. O que sustenta a Mocidade Botafoguense não é verba, mas sim, o amor. E uma das pessoas que representa esse sentimento é a também botafoguense Graça Brito, presidente de honra da escola. Aos 60 anos e sargento da Polícia Militar, sua relação com a escola é de muito carinho e persistência.

"A minha história com o Botafogo [a escola] é muito bonita. Eu tenho uma paixão muito grande e a gente sempre vai estar dando todo o apoio, junto com todo mundo que trabalha para manter essa escola em pé. Na verdade, somos uma escola muito abençoada", destaca Graça.

Apaixonada pelo carnaval desde criança, Graça trabalha o ano inteiro para montar o melhor projeto para a avenida. Contudo, os desafios são muitos. A falta de barracão e de recursos é apenas um dos obstáculos que o grupo precisa superar todos os anos.

"Um dos nossos maiores desafios é a falta de materiais. Aqui em Belém é difícil encontrar tudo o que a gente precisa. Se a verba chegasse antes, a gente conseguiria trazer coisas de fora", pontuou. 

image Graça se dedica à escola (Ivan Duarte / OLiberal)

Homenagem e identificação 

Fazendo jus ao nome, Graça lembrou que a escola já homenageou o time que a inspirou. No ano em que a Mocidade Botafoguense completou 25 anos, o enredo foi sobre o Botafogo.

"Nós falamos sobre o Botafogo uma vez na avenida. Fizemos até um Loco Abreu", relembrou. "Falamos sobre a história, títulos, tudo". Mas o desejo é fazer mais. A escola pretende prestar uma homenagem ao fundador Marcelo Farias, que também foi jogador da Tuna Luso e do Nacional de Manaus.

Graça também contou que a agremiação já recebeu a visita de um ex-jogador do Botafogo. "O ex-jogador Helder Jayme veio aqui uma vez. Falou com a gente, levou camisa. Foi muito legal", contou a militar. 

image Escola destaca as cores alvinegra na bandeira (Arquivo pessoal)

Mesmo com a distância geográfica, a conexão com o Botafogo é gigante. Neste ano, seu José Carlos teve a oportunidade de ver o time de perto, na final da Supercopa do Brasil, no Mangueirão. O jogo foi contra o Flamengo, e ele ganhou os ingressos da filha para assistir o duelo no estádio. Para ele, foi o melhor presente que poderia ter recebido.

"Foi o presente antecipado de aniversário que ganhei da minha filha: o ingresso para ir ao estádio. Foi o melhor presente que já ganhei. Ela me deu um envelope e, quando eu abri, era um ingresso para o jogo do Botafogo... Pena que o Botafogo perdeu", sorriu seu José.

Mesmo assim, o sentimento pelo time e pela escola não muda. Como diz o trecho do samba que embalou a escola este ano, “Botafoguense quer ser feliz...”

"Eu me sinto muito orgulhoso, porque uma escola do grupo de avaliação, sem recurso, é pra quem gosta muito de carnaval", finalizou José Carlos. 

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