Dia da Natação: nadadora paraense relembra trajetória e cobra melhorias na modalidade

Em entrevista ao Núcleo de Esportes de O Liberal, a nadadora paraense, Mônica Rezende, contou a experiência de ter participado dos Jogos Olímpicos de 1988 e falou sobre o futuro do esporte na região Norte

Pedro Garcia
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O Dia da Natação, celebrado anualmente em 8 de abril no Brasil, tem como objetivo incentivar e promover a prática desse esporte tão completo. A natação é amplamente reconhecida por trabalhar diversos grupos musculares simultaneamente, exigindo coordenação e esforço de várias partes do corpo. Além de seus benefícios físicos, o esporte também contribui para o bem-estar mental e social, sendo uma atividade que pode ser praticada por pessoas de todas as idades.

No contexto regional, é impossível falar de natação sem mencionar uma das maiores referências do esporte no Pará: a nadadora Mônica Rezende. Em uma entrevista exclusiva ao Núcleo de Esportes de O Liberal, a ex-atleta relembrou momentos marcantes de sua trajetória e compartilhou a experiência única de ter participado dos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, além de ter cobrado melhorias na modalidade na região.

“Estar nos Jogos Olímpicos foi, por si só, a realização de um sonho — o resultado de anos de dedicação, esforço e treino. Foi uma experiência simplesmente incrível”, destacou Mônica.

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Naquele ano, Mônica fez história ao disputar o primeiro evento olímpico dos 50 metros livre feminino nos Jogos de Seul. Durante alguns minutos, a nadadora paraense quebrou o recorde olímpico da prova, registrando o tempo de 27s44. O feito marcou sua carreira e destacou seu nome no cenário internacional da natação.

“A prova dos 50 metros livre feminino estreava nos Jogos de Seul, o que tornava aquele momento ainda mais histórico, tanto para a natação feminina quanto para mim, pessoalmente. Participar dessa estreia foi uma combinação de honra e responsabilidade. Eu sabia que estava fazendo parte de algo maior, de um marco na história do esporte”, relembrou Mônica.

image Mônica Rezende critica falta de incentivo à natação (Adriano Nascimento/ Especial para O Liberal)

A ex-atleta venceu a terceira série eliminatória, superando o recorde olímpico anterior estabelecido pela nadadora costa-riquenha Carolina Mauri na segunda série, com o tempo de 27s96. Apesar de seu recorde ter durado apenas uma série, foi um momento memorável. Na quarta série, Diane Van Der Plats, da Holanda, quebrou a marca ao vencer com 26s49.

“A primeira série nadada estabeleceu o recorde inicial da prova, e eu competi na terceira série. Ao tocar no placar eletrônico, percebi que havia vencido minha bateria e superado o tempo registrado anteriormente, deixando, naquele instante, meu nome gravado no livro dos recordes olímpicos com a marca de 27”44. Claro, ao final das oito séries, quem eternizou o recorde olímpico foi Kristin Otto, da Alemanha Oriental (RDA), com o tempo de 24”70, vencendo a prova de forma brilhante. Ainda assim, para mim, aquela prova foi inesquecível. Ter feito parte desse momento histórico foi uma das maiores conquistas da minha carreira — um capítulo que guardo com imenso orgulho”, disse a ex-atleta.

Modalidade no Norte do país

A paraense destacou os desafios enfrentados pela natação e pelos esportes aquáticos no Norte do Brasil, especialmente no Pará, apontando as limitações estruturais e a falta de visibilidade nacional como barreiras significativas. Apesar disso, ela enfatizou o grande potencial da região, que é rica em recursos hídricos e talentos naturais.

“O desenvolvimento do esporte aquático no Norte do Brasil tem enfrentado desafios históricos, mas também tem mostrado sinais promissores nos últimos anos. A região, rica em recursos hídricos e com grande potencial humano, ainda luta com limitações estruturais, investimentos desiguais e pouca visibilidade no cenário nacional”, explicou Mônica.

Como ex-atleta de alto rendimento, Mônica apresentou sugestões para melhorar o cenário esportivo na região e fomentar novas gerações de atletas promissores. Ela destacou três pontos principais:

  • Investimento em infraestrutura: construção e revitalização de centros aquáticos, com piscinas olímpicas e equipamentos adequados para treinamento de alto rendimento.
  • Intercâmbio profissional: formação contínua de técnicos, preparadores físicos e árbitros locais, com apoio da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA).
  • Apoio a base: criação de programas estaduais de bolsas para jovens atletas que incluam acompanhamento escolar, psicológico e nutricional.


Mônica também ressaltou que a região possui vantagens naturais, como o clima favorável para treinamentos ao longo do ano, mas que é necessário implementar mudanças nos treinos, equipamentos e tecnologia para alcançar resultados mais expressivos.

Inspiração para futuras gerações

image Monica Rezende esteve nas Olimpíadas de Seul, em 1988 (Sidney Oliveira / O Liberal)

Aos 55 anos, Mônica continua a ser uma inspiração para novos atletas que nascem nas piscinas e rios do Pará. Considerada uma pioneira no esporte, ela foi uma das primeiras nadadoras da região Norte a competir em nível nacional, um feito que lhe traz grande orgulho.

“Fui uma das primeiras nadadoras de destaque da região Norte a competir em nível nacional, algo de que me orgulho muito. Naquela época, a estrutura para a prática da natação fora dos grandes centros, como Rio de Janeiro e São Paulo, era praticamente inexistente. Minha participação em competições nacionais importantes ajudou a abrir caminho para que outros jovens da região acreditassem ser possível chegar longe, mesmo enfrentando limitações em termos de apoio e visibilidade”, destacou Mônica.

Mônica exaltou a região Norte como um verdadeiro "celeiro" para os esportes aquáticos, destacando que o ambiente natural da Amazônia foi fundamental para sua formação como atleta. Ela acredita que seu maior legado é ter mostrado ao Brasil que "talento e perseverança" não têm CEP, ou seja, que é possível desenvolver campeões em qualquer lugar do país, desde que haja incentivo e estrutura adequados.

“Minha vivência aquática sempre esteve profundamente conectada ao ambiente natural da Amazônia, o que me fez acreditar, desde cedo, que a região é um verdadeiro celeiro para os esportes aquáticos. Talvez o maior legado da minha trajetória seja ter demonstrado, há 40 anos, que talento e perseverança não têm endereço fixo e que, com incentivo e estrutura adequados, é possível formar campeões em qualquer lugar do Brasil”, contou Mônica.

Professora Mônica Rezende

Atualmente, a ex-atleta, que já era formada em arquitetura, atua na área acadêmica na Universidade Federal do Pará (UFPA), onde leciona no curso de Educação Física. “No início, minha maior dificuldade foi fazer a transição da mentalidade de ‘quem executa’ para ‘quem orienta’. No entanto, minha vivência como atleta me proporcionou empatia e sensibilidade no relacionamento com os alunos e atletas, o que tem sido fundamental na minha trajetória como educadora e treinadora”. 

Além disso, ela também é treinadora de natação da equipe mirim (crianças de 9 e 10 anos), do Clube do Remo. “Recebi um convite do Clube do Remo para atuar como treinadora da equipe mirim. Aceitei e me apaixonei pela experiência — percebi que poderia transmitir meu conhecimento de uma nova forma. Motivada por essa descoberta, decidi me qualificar como professora de Educação Física”. 

Benefícios da natação

A médica otorrinolaringologista Giovana Barros destacou os benefícios da natação para a saúde respiratória em uma entrevista ao jornal O Liberal. Segundo a doutora, o esporte é particularmente benéfico porque exige um controle rigoroso da respiração, o que fortalece a musculatura respiratória e aumenta a capacidade pulmonar.

“A natação é benéfica para a saúde respiratória, pois é uma atividade que exige bastante o controle da respiração, acabando por fortalecer a musculatura respiratória e a capacidade pulmonar também”, explicou a médica.

image Médica otorrinolaringologista Giovana Barros destaca os benefícios da natação para a saúde respiratória em uma entrevista ao jornal O Liberal. (Imagem/Arquivo)

No entanto, a doutora enfatizou que a qualidade da água é crucial. O excesso de cloro em piscinas pode piorar os sintomas respiratórios de pessoas com doenças crônicas, como sinusite, asma ou alergias. Portanto, é importante avaliar a qualidade da água e considerar aconselhamento médico para ajustar o tratamento, se necessário.

“Por outro lado, é importante avaliar a qualidade da água, o excesso de cloro também, que pode piorar em pessoas que têm sintomas respiratórios como rinite, asma, sinusite de repetição, tudo isso pode piorar. Então, se o paciente tem essa história de alergia ou de asma, vale a pena conversar com outro rino ou um alergista para ajustar o tratamento, se for necessário. Mas, no geral, a natação é recomendada e costuma ajudar bastante na melhora dos sintomas”, explicou a médica.

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