Bernie Ecclestone, ex-chefão da F1, confirmou ao irmão de Senna que o piloto morreu na pista
Ex-diretor da F1 também afirmou que a informação não poderia ser vazada para não parar a corrida
Em seu blog pessoal, a ex-assessora de imprensa de Ayrton Senna, Betise Assumpção, deu detalhes de como Bernie Ecclestone, presidente da Fórmula 1 em 1994, informou a morte do piloto à família do brasileiro. Na última semana, durante um bate-papo, Betise disse que, provavelmente, Ayrton morreu na pista, logo após o acidente no GP de San Marino, em Ímola. No entanto, a informação não foi divulgada imediatamente para que a prova pudesse continuar.
Após a batida, a assessora, assim como outros jornalistas, correu pelo padoque em busca de informações. No meio do caminho, encontrou Leonado (Leo), irmão de Ayrton. Juntos, os dois foram em direção à torre de controle do GP para tentar algo, mas sem sucesso. Contudo, quando estavam prestes a sair, Bernie Ecclestone, chefão da Fórmula 1 na época, saiu do local.
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"Quando ele viu que era o Léo, resolveu contar. Por incrível que pareça, eu acho que a intenção dele era boa, ele queria contar por respeito à família. Só que ele fez tudo errado. Primeiro ele começou: 'Preciso falar com você'. E, como todo bom homem arrogante, já saiu andando. Nós saímos atrás, aí ele virou para mim e falou: 'Não, mas não com você'. Eu falei: 'Bom, ele não fala língua nenhuma'. Ele falou: 'Ele está morto'. Eu não queria traduzir algo tão curto assim. Como que eu faço uma frase longa de uma frase curta? Daí eu falei para o Léo: 'Eu sinto muito, o Bernie está dizendo que ele está morto'", explicou.
Nesse meio tempo, Martin Whitaker, o então assessor de Imprensa da FIA, entrou na sala onde eles estavam. Bernie e o jornalista conversaram por alguns minutos. E Martin disse:
"Ele não está morto. Como o Bernie tinha dito 'He's dead' (Ele está morto), o Martin disse: 'Não, eu disse, he hit his head (ele bateu a cabeça)", alegou.
Uma das regras da Itália, local da prova, previa que, em caso de morte dentro da pista, o GP deveria ser cancelada. No entanto, oficialmente, a F1 informou que o piloto morreu no hospital, às 18h [horário local] no hospital Maggiore de Bolonha.
"Ele não quis me bloquear por ser mulher, ele queria controlar a narrativa. A verdade era que ele queria contar para o Léo que o Ayrton estava morto já. Mas, eles descobriram um pulso e, fisiologicamente, ele não estava morto. Eu não sei porque o Bernie teve um momento de empatia e resolveu fazer isso, só que ele fez errado", contou a jornalista.
O acidente
Diferente de outros finais de semana, o GP de San Marino, disputado no dia 1º de maio, foi marcado por desastres. Na sexta, Rubens Barrichello bateu forte e ficou gravemente ferido. No sábado, Roland Ratzenberger morreu após uma batida na curva durante a classificação.
Senna era um dos pilotos que ficou aflito com a corrida. Colheu todas as informações que pude e decidiu correr. A prova começou com um safety car após um acidente, e reiniciou na sexta volta. Ayrton parecia bem, mas, na sétima volta, o brasileiro perdeu o controle na curva Tamburello e bateu forte. A imagem chocou os torcedores, jornalistas, e fãs que assistam pela TV.
Em um momento, a cabeça do piloto mexeu levemente e todos imaginaram que ele estava bem. Contudo, quando a equipe da pista chegou ao local e viu a gravidade do acidente, chamou imediatamente os socorristas. Senna foi levado para o hospital de helicóptero. O neurocirurgião Sid Watkns foi o responsável por retirar o piloto do carro e fazer os primeiros socorros.
Uma investigação foi aberta após o acidente. A perícia mostrou que Senna perdeu o controle do carro devido à quebra da coluna de direção do seu carro Williams. Além disso, o documento apontou que houve negligência técnica.
Em novembro de 1996, dois anos após o GP, Frank Williams, Patrick Head, Adrian Newey, Federico Bondinelli (um dos responsáveis administração do autódromo de Ímola), Giorgio Poggi (responsável pela pista), Roland Bruinseraed (diretor da prova), e o mecânico que soldou a coluna de direção do carro de Senna foram indiciados por homicídio culposo, por negligência e imprudência. Contudo, dezembro de 1997, o juiz Antonio Constanzo absolveu os acusados.
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