Atleta indígena tem cocar apreendido em imigração dos EUA e desabafa: 'Foi o meu primeiro'

Nanda Baniwa está no Havaí para disputar uma etapa do Campeonato Mundial de Canoa Havaiana e teve um tratamento discriminatório ao chegar no país norte-americano

Aila Beatriz Inete
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A atleta indígena Nanda Baniwa teve seu cocar apreendido pela imigração dos Estados Unidos na última terça-feira (13). A canoísta faz parte da delegação brasileira de canoagem que foi disputar o Campeonato Mundial de Canoa Havaiana (Va'a), no Havaí. Ao passar pelo ponto de controle do aeroporto, Baniwa contou que sofreu discriminação por parte dos funcionários e teve seu cocar retido. 

Por meio das redes sociais, Nanda fez um longo desabafo sobre o caso e lamentou a perda do item que a acompanha em competições e no dia a dia. 

"Já é ruim lhe dar com o racismos, e ainda sofrer essa discriminação sem poder fazer nada e só deixar acontecer é uma dor horrível, saber que se eu tentar confrontar para defender os meus diretos e minha identidade posso ser presa. O meu cocar foi apreendido na imigração dos EUA, e não, o meu sofrer não é porque perdi um item que gastei dinheiro, existe muita coisa maior nesse ato. Antes de tudo, foi o meu primeiro cocar", desabafou Nanda. 

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Segundo a atleta, antes mesmo de viajar, ao tirar o visto, ela já havia sofrido um tratamento discriminatório. Ao chegar nos EUA, a abordagem foi ainda pior. O funcionário da imigração teria sido hostil com a canoísta e outros membros da delegação brasileira. 

Nanda destacou que muito mais que um adereço, o cocar faz parte da sua identidade, luta, cultura, origem e um grande aliado nas suas lutas. 

"Primeiro, a luta já tinha sido grande para conseguir o visto depois do tratamento horrível que tive na primeira entrevista, agora outro tratamento que fere tudo aquilo que tanto lutamos. Os meus direitos, luta, identidade e a minha cultura foram feridas naquele momento. Meu cocar é meu grande aliado nas minhas lutas, faz parte de mim, e desde a origem de tudo nos pertence, e é assim para todos os povos originários", relatou.

Ainda de acordo com o relato de Nanda, eles pediram a comprovação da sua etnia e disseram que ela não poderia continuar com o cocar, pois as leis do país sobre proteção ambiental não perimiam o uso dele. 

"Parecia até que tínhamos drogas na mala e a todo momento estávamos reagindo de maneira mais pacífica, pois só queríamos ir logo para o próximo voo, mas do outro lado era o oposto.
Além de ser rude com todas nós da minha equipe (sim, éramos 4 mulheres contra um homem estadunidense super escrot*), parecia que estava fazendo de tudo para tentar nos prejudicar, e quando viu o meu cocar viu que conseguiria algo ali", completou a atleta. 

Na postagem, a atleta recebeu apoio dos seguidores, mas, infelizmente, perdeu o adereço que é uma de suas marcas nas competições. Nanda faz parte do povo Baniwa, localizado na comunidade de Santa Isabel do Rio Negro, no Amazonas. A canoísta mora em Belém, estuda na Universidade Federal do Pará (UFPA) e treina no Rio Guamá. 

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