Brasil é tetra no vôlei sentado, vai a Tóquio-20 e apela por intercâmbios

Quarta colocada no Rio, Seleção masculina derrota os Estados Unidos por 3 sets a 0 e volta a ganhar ouro no evento. Objetivo é retomar viagens para sonhar com um pódio no Japão

Jonas Moura
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A hegemonia da Seleção Brasileira masculina de vôlei sentado nos Jogos Parapan-Americanos segue firme e forte. Nesta quarta-feira, a equipe derrotou os Estados Unidos na quarta decisão consecutiva protagonizada pelos países no evento continental e assegurou não só o tetracampeonato, mas também a classificação para os Jogos de Tóquio-2020. Agora, o grupo foca em rodagem internacional para sonhar com uma medalha inédita em uma Paralimpíada.

O duelo contra os americanos, no Ginásio da Villa Deportiva Regional Del Callao, terminou em 3 sets a 0, com parciais de 25-18, 25-22 e 25-12, sem grandes dificuldades para os comandados de Célio Cesar Mediato, que assumiu o cargo neste ciclo paralímpico. Ele substituiu Fernando Guimarães, hoje assistente da Seleção Brasileira feminina e irmão do tricampeão olímpico José Roberto Guimarães, após o quarto lugar dos homens brasileiros na Rio-2016.

A chave já começa a se voltar para os adversários mais duros no cenário mundial: Irã, atual campeão paralímpico, e Bósnia, atual vice. As duas nações se revezam nas duas primeiras colocações em todos os grandes eventos há anos. O primeiro, que tem como destaque Morteza Mehrzadselakjani, de 2,46m, é considerado um nível acima.

Para batê-los, os brasileiros sabem que é preciso trabalho, o que incluiu, principalmente, os intercâmbios no exterior. O problema é que até as Seleções de vôlei convencional, abastecidas por cifras de patrocínio muito maiores, enfrentaram cortes nos últimos anos nas viagens, sobretudo na base.

- Infelizmente, a verba no Brasil ainda é pouca. O professor Célio arruma treinamentos por fora. Vamos agora para Três Corações (MG) treinar. Ele dará palestras e nós nos reuniremos. Quando acaba o Parapan, os dirigentes querem que treinemos só em janeiro. Fizemos um apelo ao novo presidente da CBVD (Confederação Brasileira de Voleibol para Deficientes) - disse o ponteiro Giba, um dos veteranos da equipe, de 41 anos.

A entidade nacional perdeu patrocinadores devido a uma dívida próxima de R$ 1 milhão com o antigo Ministério do Esporte durante a gestão do ex-jogador Amauri Ribeiro, ouro em Barcelona-1992. A modalidade tenta pelo menos resgatar velhos apoiadores para subir de patamar. Uma das metas do novo presidente, Ângelo Alves Neto, é recuperar o patrocínio da EcoRodovias.

- De 2012 até 2014, fizemos nove viagens. Em todos os campeonatos que disputamos no período, estivemos em todas as finais. Quando chegamos no Mundial, tiramos o Irã e levamos a prata. Se retomarmos isto, garanto que uma medalha virá em Tóquio - lembra Giba, que foi atropelado por um trem em 2003 e precisou amputar a perna direita abaixo do joelho.

Nos ataques do jogador e do companheiro Anderson, e nos bloqueios de Wescley, o Brasil comandou as ações no primeiro set da decisão em Lima. No segundo, viu os americanos abrirem cinco pontos de vantagem, mas conseguiram a recuperação. O terceiro foi um passeio verde e amarelo.

- Ainda cometemos alguns erros, mas conseguimos a vaga, que era o objetivo. A equipe está fechada e unida. Temos de trabalhar mais ainda agora para chegar em Tóquio com a medalha. No Rio-2016, tivemos toda a chance de ficar em terceiro, mas o jogo é jogado. Ficou um gosto amargo e vamos tentar mudar isso no Japão - afirmou o central Wescley, que precisou amputar a perna direita acima do joelho, após ser atropelado por uma kombi, em 2000.

Com o resultado, o desfecho dos Jogos Rio-2007, Guadalajara-2011 e Toronto-2015 se repetiu. Em Mar del Plata-2003, os americanos levaram a melhor.

No feminino, o Brasil decide o título contra os Estados Unidos nesta quarta-feira, às 23h (de Brasília).

* O repórter viaja a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB)

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