Brasil tem déficit de 530 mil profissionais de Tecnologia da Informação e Comunicação

Levantamento da Google apontou que esse é o déficit no Brasil até 2025

Igor Wilson
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O Brasil dorme diante do acelarado avanço da tecnologia e da crescente digitalização em diversas áreas da sociedade global, principalmente após o período de isolamente imposto pela pandemia de covid-19. É o que mostrou um levantamento da Google divulgado no último dia 31, que apontou um déficit de 530 mil profissionais de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) no Brasil até 2025. Entre os motivos apontados pelo estudo, estão o ensino de pensamento lógico defasado na educação brasileira; dificuldades para pessoas negras e mulheres no mercado de tecnologia; falta de desenvolvimento no mercado brasileiro de profissionais sênior; dificuldade do primeiro emprego em tecnologia; migração de jovens talentos para outras áreas; e mercado internacional mais atraente. 

Para Marcos Seruffo, professor da faculdade de Engenharia da Computação e Telecomunicações do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), vários fatores contribuem para esse déficit de profissionais de TIC no Brasil. Um dos principais é a falta de investimento em educação e formação na área de tecnologia. As universidades e instituições de ensino ainda não conseguem suprir a demanda crescente por profissionais qualificados, e muitas vezes os currículos não acompanham as rápidas mudanças e inovações tecnológicas. 

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“Acredito que o mercado de tecnologia está aquecido há um longo período e agora muito mais por causa dessa nova quantidade de serviços e ferramentas que passaram a ser essenciais com a pandemia, como o home office ou o ensino a distância, por exemplo. Isso acaba tendo um efetio cascata, pois trása criação de novos apps, sites, sistemas, e por consequinte, a área vai precisando de novos profissionais a todo momento. Isso não nos assusta, mas é um problema. Acho que nãoo tem pouca gente interessada nas TIC, mas tem muita vagas devido a essa demanda do mercado”, diz. 

Para o especialista, o levantamento contempla a realidade brasileira, principalmente no que concerne a falta de investimento e reformulação do ensino dos pilares que formam as TIC, áreas como matemática, lógica, inglês e computação, entre outras. Este fator acaba afastando muitos jovens das áreas e alguns, mais estimulados, acabam aprendendo algo por conta própria e depois buscando apaerfeiçoamento. Outra fator é a fuga de cérebros para projetos internacionais. A alta rotatividade de profissionais de TI faz com que muitos talentos brasileiros busquem oportunidades no exterior devido a salários mais atrativos, melhores condições de trabalho e perspectivas de crescimento profissional. Isso leva a uma perda significativa de profissionais experientes e qualificados, agravando ainda mais o déficit no mercado interno. 

“O universo das TIC tem linguagem universal, então muitos profissionais que se formam, já são cooptados por empresas que as vezes até possuem sede no Brasil, mas desenvolvem projetos para empresas no mercado internacional, o que contribui com o deficit mencionado pelo estudo. É fundamental fortalecer a cooperação entre universidades, instituições de ensino e empresas, buscando uma maior integração entre teoria e prática, bem como a realização de projetos conjuntos que estimulem a inovação e o empreendedorismo na área de TI”, diz Marcos Saruffo. 

Além disso, a falta de incentivos para a formação em TI também é um problema. Muitos jovens não têm acesso a recursos e oportunidades para desenvolver habilidades nessa área, seja pela falta de programas de capacitação, bolsas de estudo ou acesso limitado a equipamentos e internet de qualidade. Entre os alunos paraenses, o que se constata muitas vezes é a luta contra uma série de dificuldades. 

“Esse deficit é um assunto muito recorrente dentro da faculdade, entre colegas e professores. Dentro da faculdade já temos uma evasão altíssima, boa parte dos alunos que começaram o curso comigo já não estão no curso, menos da metade. Dentro do mercado, quando procuramos vagas, percebemos que sobra vagas, a área das TIC é muito vasta, mas a acessibilidade da área é difícil, vemos alunos que não tem acesso a computador de qualidade, internet, e é uma área que precisa que o aluno tenha condições de ter essa estrutura, a aprendizagem demanda tempo e com estrutura adequada”, diz Flávio Moura, aluno de Engenharia da Computação na UFPA.

Quais são os principais cursos na área de TIC 

  • Análise e Desenvolvimento de Sistemas 
  • Ciência da Computação
  • Engenharia da Computação
  • Engenharia de Controle e Automação 
  • Engenharia de Software
  • Jogos Digitais
  • Sistemas de Informação
  • Sistemas para Internet. 
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