Venda de ingredientes típicos do Círio está superando a expectativa dos comerciantes
Volta das procissões às ruas e fluxo alto de turistas devem aumentar consumo em Belém
A volta oficial do Círio às ruas tem feito as vendas de alimentos ligados à festa superarem a expectativa dos comerciantes de Belém.
Só Gabriel Oliveira já vendeu mil patos no último mês. O empreendedor atua há cinco anos no ramo e conta que a principal estratégia é segurar os preços para mantê-los acessíveis e descontaminados da inflação.
Além disso, ele aposta em descontos e promoções e em um forte serviço de entrega. O box dele na feira da 25 estava lotado de clientes na manhã desta terça-feira (4).
"O pato regional tem saído muito, assim como a maniçoba. Nos preparamos desde o início do ano para garantir produtos de boa qualidade e baixamos os preços também para outubro. O tucupi, a maniva e o pato sofreram reajustes do ano passado para cá. Os patos, por exemplo, foram impactados pelo aumento do milho com o qual eles são alimentados. O milho sofreu alta de uns 30%, mas conseguimos conversar com nossos fornecedores para garantir um preço melhor. Isso é importante para fidelizar o cliente", afirma.
Por lá, é possível conseguir o chamado tucupi grosso por R$15, enquanto o tucupi normal varia entre R$8 e R$10. Já a maniva pré-cozida sai entre R$8 e R$12 por quilo, enquanto os patos variam entre R$38 e R$65, dependendo do tamanho.
Nas proximidades, a também comerciante Josyane Amaral se diz feliz com a movimentação e procura pelos ingredientes típicos. Ela trabalha na feira desde os 16 anos e conta que os dois anos de Círio na pandemia de covid-19 foram difíceis, mas que agora os clientes reapareceram com força total.
"O tucupi eu mesmo tiro, fervo, cozinho. A maniçoba também. A garrafa de tucupi está R$15. Aumentou também a maniva pré-cozida, que estava R$12 ano passado e foi para R$15 o quilo. Já a maniçoba pronta está R$60 o quilo. Os fornecedores aumentam e a gente repassa para tentar ganhar alguma coisa. Os clientes reclamam, mas também entendem que nosso trabalho precisa ser remunerado. Acho que anda todo mundo com saudade de comer as comidas do Círio celebrando com a família", avalia.
Segundo Roberto Sena, supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos do Pará, tudo ficou mais caro.
Os patos, por exemplo, passaram por reajuste de 10% entre outubro de 2021 e deste ano, uma alta acima da inflação registrada no mesmo período, que foi de 9%. Quem tem a paciência de pesquisar, porém, sai no lucro.
Ele lembra que as diferenças entre os preços do supermercado e das feiras da capital paraense chegam a superar 30%.
"Por exemplo: hoje, em média, a garrafa pet de dois litros do tucupi está sendo comercializada nas principais feiras livres da Grande Belém a R$ 8,30, com os preços variando entre R$6 a R$15. Já nos supermercados, a garrafa pet de dois litros está sendo comercializada com preços variando entre R$10,90 a R$21,70. A maniva pré-cozida também tem uma diferença que não é pequena. Com os patos mais caros, muita gente tem optado pelo frango também", conta. Sena destaca que cerca de 50 mil turistas devem estar na cidade para a quadra nazarena, uma conjuntura que deve fortalecer o consumo e impactar positivamente o comércio, a agropecuária e o setor de serviços.
Já o presidente da Associação Paraense de Supermercados, Jorge Portugal, afirma que não houve alta nos preços. Segundo ele, a expectativa dos supermercadistas é boa não só pela chegada de turistas, mas também por conta do Auxílio Brasil e do adiantamento das parcelas do 13º salários, que muitas empresas e órgãos públicos já começaram a pagar.
"Os supermercados são grandes fornecedores de alimentos e bebidas e isso traz uma perspectiva boa. Temos visto uma recuperação da economia, com diversos itens da cesta básica recuando de preço. Vejo que a maniva está praticamente no mesmo patamar de preço e que o tucupi não teve alteração também. Não houve uma inflação específica em cima dos produtos do Círio", diz.
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