Venda de carros elétricos no Pará cresce 83%; Brasil já tem mais de 100 mil veículos deste tipo
Pará concentra maior quantidade de carros elétricos no norte do país. Em todo o território nacional, os três estados com mais veículos sustentáveis são São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, respectivamente
A tendência dos veículos elétricos atrai cada vez mais motoristas e com isso o mercado desse segmento vive um período de franca expansão. No Pará, o número de veículos elétricos passou de 813 até julho de 2021 para 1.476 em setembro de 2022, o que representa um aumento de 83% na frota em pouco mais de um ano. O estado segue a dinâmica nacional em que se observou um crescimento de 34% nesse mercado. O Brasil conta hoje com 107.770 veículos elétricos circulando, de acordo com dados são da Neocharge, uma empresa especializada oferta de carregadores para veículos elétricos.
Segundo a pesquisa, 68,95% são híbridos, isto é, são veículos que permitem tanto o abastecimento com eletricidade quanto com combustível, contando com motores que podem trabalhar de forma independente ou em conjunto; 22,3% são do tipo hibrido plugin, que tem motores a combustão e elétrico, mas não permitem ser carregado somente a gasolina; e os demais 8,8% são totalmente elétricos.
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Em todo o país, os três estados do Sudeste – São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro – ocupam, respectivamente, as principais colocações no ranking da frota de veículos elétricos, mas o Pará já desponta nesse segmento e conta a maior fatia desse mercado na região Norte. Por aqui, mais da metade da frota está na capital, que conta com 793 carros elétricos, porém há parcelas representativas também nos municípios de Ananindeua, Parauapebas, Castanhal e Marabá.
Os recursos tecnológicos variados, a possibilidade de redução de custos com abastecimento e o perfil sustentável desses carros são alguns dos principais atrativos elencados pelos seus proprietários. É o caso do empresário Alcir Lobo, que adquiriu um modelo Nissan Leaf em julho deste ano. “O meu filho é da área e tecnologia, ele sempre acompanha essas e vai me informando. Inclusive, ele já teve outros dois carros elétricos, então resolvi procurar algo nesse segmento e que oferecesse uma boa autonomia, que permitisse, por exemplo, ir de Belém para Salinas”, conta.
Com a boa experiência em família, Alcir não pestanejou e hoje conduz apenas o carro elétrico, que tem valor de R$ 299 mil. “Eu já tinha dirigido outros elétricos, mas esse superou, gostei logo de cara. As vantagens são inúmeras, como a autonomia de mais de 250 km, o conforto e a tecnologia bem avançada. Ele me serve pra tudo Serve pra tudo, rodo com ele no dia a dia normalmente”, relata Alcir Lobo, que destaca ainda a economia de custos como outro diferencial.
“Se eu ainda tivesse um carro a gasolina, eu gastaria em média de R$ 800 a R$ 1 mil por mês. Com o carro elétrico eu economizo bastante. Por um lado, minha conta de energia elétrica aumentou cerca de 75%, mas se você considerar que minha fatura é de cerca de R$ 400, é redução bastante considerável”, comenta o empresário.
Lançamentos ajudam a impulsionar vendas
Além das características próprias dos veículos elétricos, o mercado tem investido em outros quesitos que proporcionam uma experiência diferenciada aos motoristas, bem como ajudam a indústria automobilística a cumprir uma agenda socioambiental, que devem ditar ainda mais a expansão desse segmento. O Grupo BMW, por exemplo, já anunciou que dos 15 lançamentos que fará em 2023 tanto para a BMW quanto para a Mini, 10 serão veículos eletrificados. Segundo a companhia, a meta é alcançar a neutralidade de carbono até 2050.
Em Belém, o modelo mais recente da marca é o iX 40, que conta com autonomia de 425 km, design de luxo com fibra de carbono semelhante aos dos carros de Fórmula 1, painel inteligente todo voltado ao motorista, carregamento total em cerca de sete horas, entre outros atrativos.
“O cliente paraense gosta das novidades que a indústria automobilística lança e a absorção sempre é muito boa. Agora com a chegada do iX 40, que é um 100% elétrico nós temos observado essa aceitação. Tem muita gente vindo conhecer, curiosos em saber como é que funciona, particularmente nos dias de sábado a gente tem a loja bem cheia com famílias focando em conhecer esses carros elétricos”, comenta o gerente de vendas Marcelo Victor.
Na concessionária em Belém, o modelo iX 40 é vendido por R$ 670 mil. Apesar do custo alto, Marcelo Victor ressalta que negociou a venda de cinco unidades carro desde a chegada do automóvel na capital há cerca de um mês. Para ele, no entanto, é necessário que a infraestrutura e os serviços na cidade cresçam junto com o segmento.
“A cidade tem que acompanhar essa demanda. Aqui em Belém a gente tem alguns pontos de abastecimento, são poucos ainda, mas junto com outras concessionárias e marcas estamos nos mobilizando para poder ampliar isso e ficar mais cômodo e mais seguro para o cliente”, frisa o gerente. Atualmente, há um posto no Porto Futuro e em alguns estabelecimentos comerciais, que alimentam a bateria de forma mais rápida, contudo grande parte dos condutores ainda recarrega em domicílio com os kits fornecidos junto com os veículos.
Mesmo com esse empecilho, a avaliação também é positiva para o consultor de vendas da Nissan, Marcel Silva. “Em 2022, nós tivemos um bom mercado para venda aqui em Belém com cinco unidades vendidas para clientes. E a gente tem trabalhado muito a tecnologia do 100% elétrico, que é a tendência para os próximos anos. Até 2030, a expectativa é que o mercado do elétrico esteja bem aquecido”, projeta.
Já a consulta Camila Diniz é ainda mais otimista. “Eu acho que em quatro anos a gente já fica em um patamar interessante porque até as próprias marcas estão fabricando menos carros a combustão e dando foco no hibrido e elétrico. Lá fora, a Nissan tem híbridos que ainda não vieram para o Brasil, mas já existe esse projeto de trazer esses carros para nossa linha”, diz.
Para Marcelo Victor, a tendência é de que os veículos elétricos ocupem ainda mais espaço nas ruas, no entanto sem eliminar os carros tradicionais movidos a combustível. “Nós vamos ter o elétrico, o hibrido e o carro a combustão em conjunto. Tem mercado para todo mundo ainda. Quem dirige um carro elétrico ou um hibrido usando ele como elétrico vê o prazer que é. É um carro mais gostoso de se dirigir, ele anda mais solto e mais leve, mas existem ainda os clientes puristas que querem escutar o barulho, o ronco e o elétrico não propicia isso. Por isso, creio que vai ter mercado para essas três categorias”, analisa.
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