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Serviço de portaria virtual cresce em condomínios do Pará e reduz postos de trabalho

Empresas que prestam o serviço afirmam que a portaria remota pode oferecer uma economia de 40% a 60% em relação ao trabalho com porteiros presenciais.

Igor Wilson
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Após se consolidar em outras regiões brasileiras, o serviço de portaria remota se expande significativamente no Pará, principalmente em Belém e sua região metropolitana. O tema divide moradores, mas conquista cada vez mais condomínios. A busca por redução de custos é o principal motivo. Empresas que prestam esse serviço no Pará afirmam que a portaria remota pode oferecer uma economia de 40% a 60% em relação ao trabalho com porteiros presenciais. A estratégia elimina a necessidade de se ter uma equipe de porteiros presente no local que, se contratada pelo próprio residencial, exige pagamento de encargos trabalhistas como FGTS, INSS e férias. Por outro lado, alguns condôminos alegam que o sistema não reduz tanto as taxas condominiais, além de causar um aumento de demanda para quem mora nesses locais.

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Como funciona a portaria remota?

A portaria remota é um sistema que dispensa a presença física de um profissional no local. Ao chegar em uma portaria, a pessoa não é mais atendida por um porteiro, mas por um operador que fica em uma central de segurança. Toda comunicação é feita à distância, sem contato direto. Quem chega, ainda precisa se identificar para liberar a entrada, geralmente através da tecnologia de reconhecimento facial. Para vistantes, o processo para entrar passa pelo próprio morador que receberá a visita. É ele que deverá liberar a entrada de seu visitante via aplicativo, geralmente enviando um QR-code como autorização.

Uma moradora de um condomínio de classe média em Belém, que não será identificada, relatou que, além das demissões de funcionários antigos, o sistema remoto está causando transtorno principalmente para os moradores mais velhos, que não possuem o domínio da tecnologia necessária. "Pessoas idosas têm muita dificuldade com essa tecnologia, nem todo mundo tem ou domina o uso do smartphone, que é essencial pra esse sistema, pois é através dele que abrimos os portões, a garagem, autorizamos visitas. De vez em quando aqui os comandos pelo app não atendem, e o pessoal da central demora para responder, já teve gente que ficou esperando um bom tempo para entrar”, diz a moradora.

Condôminos passam a ter mais trabalho para liberar acessos

Outro ponto levantado por um morador de um condomínio de Ananindeua é o aumento de trabalho que a nova tecnologia dá para os condôminos, que, de acordo com ele, não compensa. “Você se torna muito mais reponsável por tudo, tem que acessar sempre o aplicativo, verificar as notificações, estar sempre atento, principalmente quando estiver fora de casa, pois uma encomenda pode chegar e você precisa autorizar. Você faz praticamente parte do trabalho do porteiro e o condomínio não barateia tanto, porque a tecnologia é cara, exige manutenção e constante atualização. Barateou para o condomínio, mas muito pouco aos moradores”, diz.

Do lado dos satisfeitos, Hélio Júnior, morador de um condomínio na avenida Mário Covas, em Belém, que aderiu à portaria remota no final do ano passado, diz que o sistema trouxe mais agilidade. “Aqui tem uma máquina, a gente mostra a cara e a portaria é liberada em alguns segundos, evita aquela fila enorme que vemos em alguns locais. Se recebo uma visita, a central me liga na hora, até agora sem bronca aqui”, conta Hélio.

Mercado

image Central de atendimento de empresa que presta serviço para 80 condomínios em Belém e região metropolitana (Divulgação)

O Sindicato da Habitação no Pará (Sindcon-PA) estima que existam na capital paraense mais de 1.200 condomínios. A estimativa é de que sejam 60 mil unidades habitacionais e comerciais, que representam um quarto da população de Belém morando em condomínios. É nesne contexto que, desde o período de pandemia, as empresas que prestam o serviço de portaria remota começaram a atuar intensamente na região, conquistando cada vez mais clientes.

“Atualmente prestamos esse serviço para mais de 80 condomínios na grande Belém. Em média 30 pessoas trabalham em nossa central nos horários de alto fluxo para atender a essa demanda. A economia no mínimo chega a 50% ou 60% para as empresas. O serviço remoto custa de R$ 7.500 a R$ 8 mil mensais para um condomínio com 32 a 40 unidades. A portaria convencional hoje gira em torno de R$ 18 a R$ 20 mil mensais com 5 funcionários, é uma diferença grande, com uma eficiência maior”, diz Luís Miranda, sócio de uma das empresas que oferecem o serviço na capital paraense.

O empresário afirma que o serviço chega ao Pará com força após ganhar a preferência da maioria dos condomínios principalmente nas regiões Sul e Sudeste. “É uma quebra de paradigma o que está ocorrendo aqui. No Sul e Sudeste dificilmente você encontra portaria presencial. A partir de 2021, Belém teve crescimento bastante elevado, com a chegada de novas empresas também. Acredito que hoje mais de 200 condomínios daqui tenham o serviço”, diz.

Regulamentação

image Especialista em Direito Condominial fala sobre a necessidade do desenvolvimento da regulamentação das empresas (Igor Mota)

Aderir ao serviço de portaria remota não é uma decisão da direção do condomínio. A proposta deve ser votada em assembleia condominial, requerendo a maioria dos votos dos condôminos.

“A empresa ou o síndico não podem decidir de maneira unilateral. Porém, em razão da modernidade, podem pegar propostas de empresas e levar para votação em assembleia condominial extraodinária, para que seja decidido entre os moradores se eles aceitam ou não a portaria”, diz o advogado José Maria Maués, especialista em Direito Condominial.

Entretanto, a rápida expansão do serviço ainda deixa algumas lacunas para serem regulamentadas. Uma das questões é o número mínimo de funcionários que uma empresa deve ter para atender uma determinada quantidade de residenciais.

“Tudo ainda é muito novo. Alguns moradores alegam que empresas prestam serviço para muitos condomínios com um número reduzido de funcionários. Outra questão é uma definição do mínimo de funcionários presenciais que um condomínio deve ter mesmo aderindo a portaria virtual. São questões passíveis de regulamentação dentro do Direito, que certamente estão sendo discutidas”, disse o especialista.

Condôminos

Samuel Clodovil é síndico de um condomínio em Ananindeua e contou ao Grupo Liberal que, recentemente, o residencial que administra mudou para portaria virtual por questões de custo. De acordo com ele, os moradores gostaram da opção e acharam o modelo mais prático.

"Manter uma portaria presencial 24h demanda bastante custo, além dos salários, insumos, direitos trabalhistas, além de todos os problemas do dia a dia. Até o momento os moradores estão gostando bastante, é mais rápido e a segurança é até maior", diz.

Clodovil ressalta que achou que o modelo não atenderia com eficiência e que os moradores não iriam votar a favor. "De início achamos um pouco diferente o sistema todo virtual, fizemos reuniões explicando tudo, explicando a redução dos custos, que poderíamos investir em melhorias para o condomínio. Até agora nenhum problema", disse.

Como funciona?

image Portaria remota instalada em condomínio empresarial de Belém. (Divulgação)

A portaria virtual, inteligente ou remota é um serviço de monitoramento a distância por meio de câmeras e microfones que gravam todas as movimentações nos condomínios e empresas, além de controlar o acesso de visitantes e prestadores de serviço mediante contato com o morador.

A estratégia elimina a necessidade de se ter uma equipe presente no local que, se contratada pelo próprio residencial, exige pagamento de encargos trabalhistas como FGTS, INSS e férias.

Geralmente as empresas oferecem um aplicativo para que todos os moradores tenham acesso ao serviço. O app tem as funcionalidades necessárias para o condômino entrar utilizando reconhecimento facial que abre a porta em poucos segundos e no caso de visita, o morador envia um QR code para o visitante, autorizando a entrada via app e recebendo mensagem quando o visitantes chega ao local.

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