Saldo de empregos gerados no Pará cresce 7,6%
Entre janeiro e setembro, no entanto, 2022 teve um resultado oposto: queda de 34,2% no saldo de empregos até o mês passado, na comparação com o mesmo período de 2021
O saldo de empregos ficou positivo no Pará em setembro, alcançando 7.865, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo governo federal. No mês passado, 39.199 pessoas foram contratadas, enquanto 31.334 perderam seus postos de trabalho. O saldo positivo é 7,6% maior que o de agosto, que ficou em 7.307. O economista Mário Tito explica essa variação com base na própria economia do Estado, mais voltada para o setor primário, como agropecuária e mineração.
"Esses dois setores aquecem o tempo todo a economia do Pará, porque dependem do mercado internacional. O comércio exterior do Pará não sofre grandes abalos, e agora, com o indicativo de fim da pandemia, há uma dinâmica aumentada e o aquecimento no mercado, o que gera um pouco mais de renda. E aí tem mais consumo, mais venda, mais produção. Por isso percebemos um aumento relacionado ao mês anterior. O Estado do Pará foi um dos que sempre cresceram mais, mesmo em período de crise, com relação à economia nacional, por conta dessa pujança do seu setor primário", avalia.
Outro fator que pode ter motivado a maior geração de empregos em setembro, na comparação com agosto, são as contratações temporárias típicas do segundo semestre do ano, que começam, geralmente, perto do Dia das Crianças. Tito ressalta, inclusive, que o Caged só contabiliza os postos de trabalho formais, incluindo os temporários. Nesse período de setembro, segundo o economista, existe uma preparação para o Círio de Nazaré, que também é realizado em outubro.
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Presidente do Conjove, entidade que reúne jovens empresários e que faz parte da Associação Comercial do Pará (ACP), João Marcelo diz que a maior geração de emprego em setembro foi notada dentro dos negócios paraenses. Para ele, é reflexo de uma tendência nacional. "Começamos a sentir que a economia está aquecida. A inflação e todos os prognósticos para a nossa economia estão sendo previstos para melhor, então temos sentido uma melhora muito grande", pontua. Ele diz que o empresariado fica "muito feliz" e vê um futuro "promissor" no Estado.
Número cai em 2022
Em relação ao ano como todo, 2022 teve resultado oposto até aqui: houve uma queda de 34,2% no saldo de empregos até setembro, na comparação com o mesmo período do ano passado. De janeiro a setembro de 2021, o saldo ficou em 70.785, e nos nove primeiros meses deste ano em 46.564. Isso também é resultado da pandemia, na avaliação de Mário Tito. Ele diz que, por mais que a crise sanitária tenha praticamente chegado ao fim, houve uma piora acentuada da economia no que diz respeito aos preços, inflação e desemprego.
"Claramente pioramos muito, porque o desemprego, por mais que tenha baixado um pouquinho, é muito alto para um país das dimensões do Brasil. Isso faz gerar um ciclo vicioso. Você diminui o poder de compra porque tem mais desemprego, desaquece a economia e, em especial, a indústria e o comércio caem. E o governo federal continuou insistindo na priorização da exportação e não estimulou o mercado interno. Quando você estimula o agronegócio para ter um saldo positivo na balança comercial, é ganho de um lado, mas se não estimula também o mercado interno, perde muito, porque não gira a economia com o dinheiro circulando internamente. Você valoriza o mercado externo sem valorizar o interno", ressalta.
Com a queda do saldo positivo de 2021 para 2022, nos nove primeiros meses de cada ano, é possível perceber ainda um aumento da informalidade. O economista nota isso com base na massa de desempregados: ao entrar na informalidade via precarização da geração de trabalho, uberização e prestação de serviços cada vez mais precários, há também o aumento da pobreza e da fome. O problema, segundo Mário, é que o trabalho informal tem renda instável e atende apenas à demanda de necessidades básicas, mas não cria qualidade de vida.
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Setores e idade
Em setembro, o Caged mostra que o setor com o maior destaque no saldo de empregos, ou seja, que teve o melhor resultado na diferença entre os admitidos e os demitidos, foi o da construção civil, com saldo de 2.738. Atrás aparecem serviços (2.605), comércio (1.675), agropecuária (483) e indústria (364). Já no acumulado do ano, a ordem foi a seguinte: serviços (18.835), construção (10.053), comércio (7.522), indústria (5.399) e agropecuária (4.755).
Segundo Mário Tito, a construção civil e o setor de serviços são, geralmente, os que puxam a contratação de trabalhadores para cima. Embora a construção não esteja aquecida, de acordo com ele, houve uma melhora, principalmente no setor privado, mas também no público, com a construção de estradas, pontes e outras obras. Já o segmento de serviço é o que mais emprega, especialmente a partir do governo Temer, em que houve flexibilização da legislação trabalhista e estímulo ao empreendedorismo.
Tanto em setembro como em 2022, a faixa etária que teve maior destaque no Pará foi a de 18 a 24 anos. Apenas no mês passado o saldo de pessoas desta idade contratadas ficou em 3.488, e em 25.924 no ano. Um dos motivos para que isso ocorra é que os salários, geralmente, são mais baixos para quem está começando a carreira. Por isso Mário indica que esses jovens procurem uma formação profissional mais diversificada e adquiram uma série de expertises para garantir vantagem competitiva com relação aos outros.
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Já o presidente do Conjove pontua que, na entidade, tem sido possível acompanhar não só jovens de até 24 anos, mas as pessoas até os 40, que fazem parte do grupo empresarial, buscando conteúdo e capacitação. "Vemos isso cada vez mais forte nesses jovens. Isso também é um sinal da pandemia, momento em que muitos jovens procuraram se reinventar e se capacitar, procuraram fazer com que a sua rede de relacionamentos aumentasse para que eles pudessem se inserir no mercado, não como apenas um colaboradores de uma empresa, mas também empreendendo. Então, vemos com muita felicidade a chegada dessa gama de jovens no mercado", declara.
Panorama de emprego no Pará
Setembro
Admitidos: 39.199
Desligados: 31.334
Saldo: 7.865
Agosto
Admitidos: 39.976
Desligados: 32.669
Saldo: 7.307
Variação no saldo agosto-setembro: 7,6%
2022
Admitidos: 326.202
Desligados: 279.368
Saldo: 46.564
2021
Admitidos: 315.594
Desligados: 244.809
Saldo: 70.785
Variação no saldo 2021-2022: -34,2%
Setores com maior saldo em setembro
construção: 2.738
serviços: 2.605
comércio: 1.675
agropecuária: 483
indústria: 364
Setores com maior saldo em 2022
serviços: 18.835
construção: 10.053
comércio: 7.522
indústria: 5.399
agropecuária: 4.755
Saldo por sexo em setembro
5.794 homens
2.071 mulheres
Saldo por sexo em 2022
31.857 homens
14.707 mulheres
Saldo por faixa etária em setembro
Até 17 anos: 207
De 18 a 24 anos: 3.488
De 25 a 29 anos: 1.207
De 30 a 39 anos: 1.689
De 40 a 49 anos: 1.073
De 50 a 64 anos: 123
65 anos ou mais: 78
Saldo por faixa etária em 2022
Até 17 anos: 2.356
De 18 a 24 anos: 25.924
De 25 a 29 anos: 7.638
De 30 a 39 anos: 6.456
De 40 a 49 anos: 3.826
De 50 a 64 anos: 597
65 anos ou mais: -233
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