Salário mínimo perde poder de compra pela primeira vez desde Plano Real, diz estudo
Perda real é de 1,7%, calcula levantamento feito por consultoria a pedido do jornal O Globo
Quando terminar seu atual mandato, o presidente Jair Bolsonaro poderá figurar como o primeiro chefe do Executivo, desde o Plano Real, a deixar a presidência da República relegando ao salário mínimo brasileiro um poder de compra menor do que o que recebeu ao chegar ao cargo. É o que aponta o estudo feito pela consultoria financeira Tullet Prebon Brasil, divulgado pelo jornal O Globo: em dezembro de 2022, a perda do poder de compra do brasileiro será de 1,7% - descontada a inflação.
Os dados do estudo levam em consideração ainda que o índice não acelerará mais até o final do ano - como é previsto por especialistas e também pelo Boletim Focus, do Banco Central. Se descontada a inflação prevista para o final do mandato, o piso salarial cairá de R$ 1.213,84 (dezembro de 2018) para R$ 1.193,37 (nível estimado para dezembro de 2022).
VEJA MAIS
“Da ótica das contas fiscais da União, a perda retratada em nossa simulação para o mínimo estende-se, em realidade, a todos os benefícios e pagamentos corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) — toda a folha da previdência, abono, Loas (Benefício de Prestação Continuada para idosos e pessoas com deficiência de baixa renda)”, reitera relatório publicado.
Divulgado nesta segunda-feira (9), o documento ressalta fatores que contribuem para a perda do poder aquisitivo entre os brasileiros. Entre eles está o ajuste fiscal, que afeta o Orçamento da União e acelera a inflação. O estudo mostra que os altos resultados do índice faz com que os eventuais esforços do governo para repor valores perdidos com a inflação não garantam a conservação geral do poder de compra do salário mínimo. O ano de 2022 é também o terceiro seguido em que o atual governo não garante reajustes do piso salarial acima da inflação.
Segundo dados do IBGE, Brasil hoje tem a maior parcela de trabalhadores ganhando um salário mínimo. É o maior patamar desde 2012. O IBGE também apnta que 64% das pensões e aposentadorias pagas aos brasileiros são fixadas pelo piso salarial.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA