Região Metropolitana registra maior queda de inflação em um ano
De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15, a Grande Belém teve queda de -0,91% em agosto
A taxa de inflação segue caindo na Região Metropolitana de Belém. Neste mês de agosto, a queda foi de -0,91%, maior queda durante o período de um ano. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgados ontem (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No que se refere ao acumulado anual, a pesquisa apontou que a variação da inflação na Grande Belém foi de 5,08% em julho para 4,13% em agosto. Já no acumulado dos últimos 12 meses, esses índices foram de 9,10% em julho para 7,20% em agosto.
Dentre os setores que tiveram mais queda na Região estão: Transportes (-6,3%), Habitação (-0,98%) e Comunicação (-0,17%). O economista e técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Everson Costa, explica que essa queda mais expressiva no Transporte se deu por conta das recentes diminuições do preço dos combustíveis, principalmente, na gasolina.
“Em Belém e nas outras capitais, o custo de vida ainda é muito elevado. Porém, a baixa dos preços dos combustíveis, somada à redução das alíquotas do imposto ICMS que ocorreu no Pará e em todo o Brasil, forçaram a queda no preço da gasolina e, automaticamente, isso reflete nos custos com transporte e demais serviços ligados a ele”, diz Everson.
Quem sentiu no bolso essa queda foi a servidora pública Fernanda Baraúna. Ela faz uso diário de um veículo próprio e conta que a diferença com gastos mensais foi de cerca de R$ 300. “Senti bastante mudança no último mês. Antes eu estava gastando por volta de R$1000 por mês com gasolina, e esse mês baixou pra R$700. Isso reflete diretamente na minha qualidade de vida, pois agora está sobrando mais dinheiro para gastar com outras coisas, como alimentação”, comenta.
Apesar dos números positivos, o especialista aponta que essa redução está mais atrelada ao novo preço da gasolina, e que o óleo diesel ainda é o vilão da inflação. “O diesel é um combustível fundamental para a economia. Mais de 80% dos bens, produtos e serviços que circulam no Brasil são via terrestre, e o custo do frete considera um item fundamental, o óleo diesel, que subiu nos últimos 12 meses cerca de 80%. Então, mesmo com as recentes quedas anunciadas pela Petrobras, elas são insuficientes para derrubar esse preço. Então, a gasolina contribuiu mais com essa queda da inflação, pois o diesel continua caro”, fala.
Fato este validado pelo empresário Arilson Souza. Ele trabalha com transporte de cargas de mudanças em Belém e conta que os custos do seu serviço não sofreram alteração. “Nós que trabalhamos com caminhão a diesel, não sentimos quase nada de diferença. Pois o aumento acumulado dos últimos meses foi muito grande, mas a queda recente foi muito pequena. Antigamente, eu gastava cerca de R$ 380 para encher meu tanque, mês passado , R$ 650. Agora, com a última queda no óleo, paguei R$ 620”, informou.
Alta em outros setores
Apesar da queda no índice geral, alguns grupos seguem com alta da inflação. São eles: Vestuário (2,19%), Educação (1,16%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,87%), Despesas Pessoais (0,75%), Artigos de Residência (0,42%) e Alimentação e Bebidas (0,35%). O economista Everson explica que o vestuário continua caro pela necessidade do Brasil importar para a produção local.
“O setor de vestuário continua caro, ele pouco sofreu influência de preço e como a matéria-prima também vem de fora para fábrica no país, ainda vai levar um certo tempo para que o preço se acomode. Na saúde, é só lembrar que os planos de saúde trouxeram reajuste na ordem de 15% em média. Já os gastos com a educação também se elevaram porque na volta das férias para o segundo semestre, você tem um gasto complementar com o material escolar”, conta o especialista.
Ele diz ainda que, por mais que a gasolina, dentro do setor de Transporte, tenha apresentado queda, os outros componentes que fazem parte do cotidiano da população ainda continuam se elevando. Por isso, “precisamos de quedas mais significativas nos combustíveis e principalmente no diesel, e outras retrações para que a gente possa ter uma inflação ainda mais baixa e isso chegando aos demais preços”.
“Olhando atentamente o índice de preços, a gente percebe que o custo de vida, apoiado em outros gastos do nosso dia a dia, ainda continuam elevados, como o vestuário, educação e alimentação. A queda nos valores dos combustíveis é importante mas ainda é insuficiente para derrubar o nosso custo de vida. Exemplo disso, é a cesta básica do paraense. A pesquisa do Dieese mostra que nos últimos 12 meses ela acumula uma alta de cerca de 20%, comprometendo 50% da renda dos assalariados. Então, precisamos de muitas outras medidas para sentirmos, de fato, a deflação da inflação”, finaliza.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA