Queda do dólar ante o real valoriza importações e investimentos

Com mais importações, há um aumento da competição no mercado brasileiro, o que ajuda a controlar a inflação, melhorando a situação dos trabalhadores e incentivando o consumo

Elisa Vaz
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A queda do dólar para o menor nível em um ano na comparação com o real, R$ 4,86 na última segunda-feira (12), pode ter diversos impactos no mercado, inclusive para investidores. Entre os motivos que levaram à valorização do real está a expectativa em relação à taxa básica de juros do Brasil, a Selic, controlada pelo Banco Central (BC) e que depende de dados de inflação, desemprego e setor externo, como explica o professor de economia da Universidade Federal do Pará (UFPA) Douglas Alencar.

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“A taxa de câmbio é bastante volátil, em especial em países em desenvolvimento, onde qualquer variação nas expectativas causa uma grande variação na taxa de câmbio brasileira. O problema da volatilidade é que ela dificulta os negócios, importações, exportações e fluxo de capitais. No Brasil, apesar das dificuldades, o BC tem feito um trabalho de reduzir a volatilidade cambial. Ele não interfere na tendência da taxa de câmbio, mas, em momentos de estresse, faz intervenções no mercado cambial com a intenção de dar liquidez para o sistema, sem influenciar na tendência do dólar”, explica o economista.

Impactos

Em momentos de valorização da taxa de câmbio, há um incentivo às importações, de acordo com Douglas Alencar, o que aumenta a competição no mercado brasileiro e, por sua vez, ajuda a controlar a inflação, melhorando a situação dos trabalhadores, incentivando o consumo e, possivelmente, resultando em um aumento de produção e de emprego. Por outro lado, a taxa de câmbio valorizada pode dificultar as exportações do setor industrial. O governo federal, considerando a valorização da taxa de câmbio, deve pensar em uma maneira de colaborar com a indústria brasileira, ressalta o economista.

A taxa de câmbio deve continuar em queda, na avaliação do professor, a menos que aconteça “algo inesperado que mude a tendência do mercado”. “Com uma política monetária menos agressiva nos EUA e com um Banco Central do Brasil ainda muito conservador, o diferencial de juros entre Brasil e EUA deve continuar elevado, o que deve manter um fluxo positivo de capital em direção ao Brasil. Com a China crescendo, devemos manter o superávit na balança comercial e, por fim, com a melhora das expectativas de crescimento da economia brasileira, que deve continuar incentivando o fluxo de investimento direto estrangeiro, devemos esperar a continuidade da queda do dólar”.

Investimentos

A queda do preço do dólar também impacta o mercado financeiro. Segundo o assessor de investimentos Leonardo Cardoso, a moeda americana desvalorizou em relação ao real muito por conta de uma desaceleração da inflação, o que sinaliza um potencial corte na taxa básica de juros do Brasil, a Selic. Esse corte, diz ele, reduziria a atratividade da renda fixa e aumentaria a busca por exposição a ativos de risco, como ações e fundos imobiliários, movimento que já tem sido percebido nos últimos meses.

“Hoje é possível se expor ao mercado internacional de diversas formas, seja por meio de uma conta internacional onde você pode iniciar a constituição de uma reserva em dólar, seja em investimentos em Stocks (ações), Bonds (o que se assemelha à nossa renda fixa), Reits (se assemelha aos nossos fundos imobiliários) e ETFs (que são fundos de índices listados em bolsa)”, afirma Leonardo.

O assessor também diz que é possível se expor ao mercado cambial sem ter uma conta internacional. “Em grande parte, uma exposição ao mercado internacional deve ser vista como uma diversificação de carteira, que, na minha visão, é mais recomendada para quem pensa em viajar para o exterior ou para quem já tem uma sólida estrutura patrimonial aqui no Brasil. Essa diversificação mitiga o que chamamos de ‘risco país’, pois você terá parte do seu patrimônio exposto à uma moeda forte e a um mercado bem mais desenvolvido que o nosso”, pontua.

No caso de quem tem investimentos em dólar, o momento é “bastante convidativo” para montar ou aumentar uma exposição internacional, de acordo com Leonardo, levando sempre em consideração que essa exposição deve ser montada aos poucos, para que o investidor tenha várias cotações ao mandar o capital para fora e não ficar exposto a um único preço de câmbio. Cotar o câmbio com mais de uma instituição financeira é uma dica, para se ter um melhor custo-benefício na hora de montar a exposição.

“O dólar desvalorizou frente às principais moedas globais. No entanto, também temos um cenário de inflação alta na Europa e reestruturação na Ásia, o que faz com que o real tenha um melhor desempenho frente a essas moedas. A diversificação e alocação global deve ser vista como uma estratégia de proteção patrimonial de longo prazo, buscar ganhos a curto prazo pode acabar frustrando o investidor e o expondo a riscos desmedidos”, ensina o assessor de investimentos.

Expectativas

Em meio a vários embates políticos e econômicos no Congresso, alguns eventos podem afetar a trajetória do dólar em um futuro próximo. Na opinião do economista Douglas Alencar, o arcabouço fiscal será aprovado como está proposto hoje. Caso não seja, a tendência do dólar poderia ser revertida, mas ele não acha o cenário possível. “Acredito que o governo não irá enfrentar dificuldades para a aprovação das pautas econômicas no Congresso”, diz.

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