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Proibição no Nordeste pode afetar pesca de camarão no Pará

Estado produz cerca de 4 mil toneladas do tipo rosa por ano e, aproximadamente, 3 mil famílias dependem da atividade

Abílio Dantas

A proibição da pesca de lagosta e camarão no litoral nordestino, entre os dias 1º e 30 de novembro deste ano, definida pelo Governo Federal em razão dos vazamentos de óleo, pode afetar também os pescadores de camarão do Pará, já que a área limitada, que abrange a fronteira do Brasil com a Guiana e a divisa dos estados do Piauí e do Ceará, é também explorada pelos trabalhadores paraenses.

Atualmente, o Pará produz cerca de 4 mil toneladas de camarão rosa por ano e, aproximadamente, 3 mil famílias dependem, direta e indiretamente, da atividade. Da produção, 40% é exportado para o Japão e 60% é consumido em território nacional, sendo vendido para locais como Brasília, Goiânia e São Paulo, além das próprias cidades do estado. As informações são do Sindicato das Indústrias de Pesca dos Estados do Pará e Amapá (Sinpesca).

O presidente do Sinpesca, Apoliano do Nascimento, anuncia que, “caso a portaria do Governo Federal seja mantida”, o setor reivindicará que o período do defeso, que vai de 15 de dezembro a 15 de fevereiro, seja modificado no próximo ano, para que a pesca possa ser realizada já a partir de janeiro de 2020.

“O secretário de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif Júnior, está fazendo um belo trabalho e já disse que não vai prejudicar o setor. Estamos aguardando que seja feita uma retificação na portaria. Mas se não ocorrer, vamos reivindicar que nosso período de trabalho já inicie em janeiro, já que a proibição foi colocada de 1º a 30 de novembro, antecipando o defeso”, declara Nascimento.

Ao contrário do presidente do Sinpesca, Gilberto Costa, proprietário de uma loja de frutos do mar, que compra camarão rosa dos pescadores, acredita que a proibição não afetará o mercado local. “Existem dois locais do Brasil onde é feita a pesca de camarão rosa: a costa do Amapá e a de Santa Catarina. Nenhuma das duas foi afetada pelos vazamentos de petróleo. E nossos estoques, por exemplo, estão cheios de camarão, com cerca de 70 toneladas. O que pode haver de mudança é vendermos um pouco mais para alguns estados do Nordeste. Mas já vendemos bastante para Recife e Fortaleza", diz.

Dono há 12 anos de um restaurante em Belém, Alexandre Barros relata que o anúncio da proibição tem preocupado o empresários do setor. “Cerca de 90% do meu cardápio é formado por pescados, mariscos. Por isso, ainda hoje consultei meus fornecedores, que pescam camarão, principalmente, próximo a Macapá, e eles me disseram que naquela área não deve haver mudanças”, afirma Barros.

De acordo com o Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em Instrução Normativa publicada no Diário Oficial da União, a decisão pela proibição se deve “à grave situação ambiental, decorrente da provável contaminação química por derramamento de óleo no litoral da região nordeste”.

No mesmo período, também fica proibida a pesca de lagosta vermelha e verde, veto que já existe entre 1º de dezembro e 31 de maio de cada ano. A instrução normativa não especifica a região, diz apenas que a pesca “não deve ocorrer nas águas sob jurisdição brasileira”.

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