Produtores paraenses estão preocupados com a alta nos preços do cacau
Em março deste ano, a tonelada da amêndoa chegou a custar US$ 10 mil em Nova York
Com uma produção estimada em 152 mil toneladas de cacau para 2024, de acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Pará permanece como o estado que mais produz e exporta a amêndoa no Brasil. No entanto, com a valorização internacional do produto, que chegou a custar US$10mil (R$ 50 mil) em Nova York no mês de março, os produtores paraenses estão cautelosos com o futuro da produção.
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Conforme o balanço divulgado pelo IBGE, atualmente o Pará possui mais de 31,5 mil produtores e participação de 51,80% na produção cacaueira de todo país. A cidade de Medicilândia, localizada no oeste paraense, concentra o polo produtor das amêndoas no estado.
Robson Brogni é dono de uma fábrica de chocolate e trabalha com a lavoura de cacau em Medicilândia há mais de 15 anos. Ele conta que produz dois tipos de cacau: o comum e o fino. “O cacau comum é o que o preço vem através da bolsa. No caso dele não existe erro: se o preço subir ou se o preço baixar, nós vamos vender ele. Nunca tem crise”, destaca.
Já no caso do cacau fino - que é a amêndoa especializada para quem trabalha com chocolate de alta qualidade - o produtor explica que o impacto é maior devido ao protocolo envolvido no desenvolvimento da categoria, o que torna a demanda menos atrativa para os fabricantes. Com a valorização, o quilo do cacau fino que chegou a custar de R$ 25 a R$ 30 reais em 2023, este ano já chega a R$ 74.
Robson conta que em 2023 vendeu 15 toneladas de cacau fino, mas para este ano a expectativa é que as vendas não ultrapassem 8 toneladas. Uma redução em quase metade das vendas do produto. “Nesse caso nós tivemos muito problema pois, com a extrema valorização do cacau comum, para muitos não compensa fazer o fino. É muito trabalho e não tá tendo a agregação de valor que ele merece”, afirma.
Conforme uma projeção da Organização Internacional do Cacau (ICCO), o mercado cacaueiro global deve enfrentar uma escassez de 439 toneladas das amêndoas na temporada de 2023/24, o que gera incertezas sobre o preço da commodity. Com a safra global prevista para encerrar em outubro deste ano, os produtores paraenses ainda aguardam pelo aumento no índice de chuva na região para saber se vai ser possível a entressafra do cacau.
Cotação
A cotação da tonelada do cacau em Nova York, nesta segunda-feira (08/07), foi de US$7.892,00, um crescimento de 0,54% em relação ao fechamento anterior, que foi de US$7.892,00. Guilherme Minssen, zootecnista e diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), explica que o mercado está alternando e tende a ficar mais equilibrado nos próximos meses.
“O preço do cacau no mercado externo, voltou a cair após os exportadores africanos enfrentarem algumas cooperativas que especulavam com estas amêndoas em depósitos locais. O mercado está oscilando bastante nos preços e a especulação junto as exportações tendem a acalmar”, frisa.
Minssen comenta ainda que a produção cacaueira conta cada vez mais com recursos tecnológicos e com produtores capacitados, o que contribui para os resultados positivos no Pará. “O setor do cacau, atualmente, é bem mais profissional e os produtores rurais bem mais capacitados tecnicamente. No caso específico do Pará, o salto em qualidade foi imenso. Como todo produto agrícola que é valorizado, imediatamente a resposta do campo é muito positiva”, afirma.
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