Preço do açaí fecha primeiro trimestre de 2023 com reajustes de mais de 34% em Belém
De acordo com o Dieese, o valor do litro do produto encontrado na capital variou entre R$ 25,89 e R$ 37,20 em março
Comprar açaí em Belém continua caro. O alimento fechou o primeiro trimestre de 2023, intervalo que vai de janeiro a março, com reajustes que chegam a 34,28%, superando a inflação registrada. A entressafra é a grande vilã. Em nova pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) do Pará e divulgada nesta quinta-feira (20), o preço médio do litro encontrado nas feiras e supermercados da capital durante o mês passado variava entre R$ 25,89 e R$ 37,20, dependendo do tipo.
As diferenças nos valores também têm relação com os locais de venda do açaí na cidade. Em março, por exemplo, o Dieese apontou que o menor preço do médio, tipo mais consumido pela população, encontrado foi de R$ 14 nas feiras livres. Já o maior, ficou em R$ 25. Nos supermercados, outra diferença: a pesquisa notou que a variação foi entre R$ 28 e R$ 34. Quanto ao grosso, ele ficou 16,61% mais caro no mês passado. Além disso, a alta acumulada no primeiro trimestre foi de 27,09%.
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O cenário tem afastado clientes dos pontos comerciais e gerado expectativa de melhorias para os vendedores. Francisco Ramos, de 83 anos, trabalha com a venda de açaí em um estabelecimento na avenida Alcindo Cacela e afirma que os valores repassados à população são para manter o local aberto. “O único açaí que estamos tendo é de Macapá (AP), vem no gelo. Então, está muito caro. A lata de 13 kg nós estamos comprando por R$ 120 ou R$ 130. Não está tendo muita produção”, comenta.
Queda nas vendas
Fora do período da entressafra, Francisco costuma vender o açaí a R$ 17 ou R$ 20. Agora, o litro está custando R$ 30 o tipo médio e R$ 37 o grosso. Com isso, ele relata que as vendas estão caindo. “Por causa desse preço, não é toda pessoa que compra. Para quem vive de um salário mínimo, não dá pra comprar todo dia açaí a R$ 30, só uma vez ou outra, e quando recebe. As nossas vendas estão bem ruins. A qualidade do produto não está boa e, de fato, está bem caro”, diz.
A qualidade e o preço acessível fazem falta na rotina do vendedor, que espera com ansiedade pelos meses de julho e agosto, quando a produção melhora. “Compramos muito na Ilha das Onças, lá tem o melhor açaí. Tirando esse, tem o que vem de Igarapé-Miri, Cametá e de Ponta de Pedras, que é muito bom também. Nessa época, a lata de 13 kg sai por uma base de R$ 40 ou R$ 50, dependendo da quantia. Mas, a partir de setembro, esse preço começa a aumentar”, finaliza Francisco.
Consumidora sente preço alto, mas não para de comprar
Maria de Nazaré, aposentada de 84 anos, não fica um dia sem açaí. Em média, ela gasta R$ 580 por mês e ressalta que não mede esforços para comprar o produto. O costume vem desde a adolescência, quando a vida no interior do Pará incluia a rotina de bater o fruto para o consumo diário.
“Todo dia o rapaz traz um litro para mim. Pode ficar caro, mas eu não deixo de comprar para mim e para minha netinha. Quando não tem açaí de onde eu costumo pedir, vamos atrás de outro, que sai mais caro ainda. Mas, ainda assim, não falta em casa”, destaca.
Variação de 2023 do preço do açaí em Belém (fonte: Dieese)
Janeiro
- Grosso: R$ 29,93
- Médio: R$ 19,92
Fevereiro
- Grosso: R$ 31,90
- Médio: R$ 21,22
Março
- Grosso: R$ 37,20
- Médio: R$ 25,89
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