População indígena do Pará dobra em 12 anos e atinge 80 mil, aponta IBGE

Aumento seria impulsionado pelas ações de suporte à pesquisa e ao questionamento sobre a autoidentificação

O Liberal
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O quantitativo da população autodeclarada indígena cresceu 107% no Estado do Pará entre 2010 e 2022, intervalo que compreende a realização dos dois últimos censos demográficos. Há 12 anos, o número de indígenas paraenses era de 39.081 e, no ano passado, alcançou a marca de 80.974. Os dados foram revelados nesta segunda-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Considerando os demais estados, o Pará aparece como o 6º com a maior população indígena, atrás do Amazonas, Bahia, Mao Grosso do Sul, Pernambuco e Roraima. Aliado a isso, o estudo identificou que há indígenas vivendo em todos os 144 municípios do estado, sendo que a maior representatividade em números absolutos é notada em Santarém, Jacareacanga, Altamira, Oriximiná, Aveiro, Itaituba, Cumaru do Norte, São Félix do Xingu, Belém e Parauapebas.

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Quando se leva em conta o recorte regional, o Norte lidera o ranking nacional com 753.357 indígenas nos sete estados da região. Além disso, a pesquisa mostra que 51,25% dos indígenas brasileiros vivem na Amazônia Legal, que abrange o Norte e mais o Mato Grosso e parte do Maranhão. No total, são 867,9 mil indígenas somente na Amazônia.

Um dos aspectos que chama atenção no estudo é o crescimento expressivo dessa população, que também foi notado no contexto nacional. Em todo o Brasil, o universo passou de 896.917 pessoas para 1.693.535, o que representa um incremento de 88,82% em 12 anos.

“Isso deve ao fato de que o IBGE adicionou o item do pertencimento ao povo indígena e também às condições que as equipes do IBGE tiveram que enfrentar para chegar nos territórios de mais difícil acesso, a exemplo do território Yanomami, em Roraima e no Amazonas, e também do povo Wajãpi, no Amapá”, esclareceu a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.

image A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, frisou que dados do censo são importantes para a elaboração de políticas públicas (Igor Mota / O Liberal)

“Para nós, isso é muito importante porque facilita, inclusive, a elaboração de políticas públicas adequadas a cada uma dessas realidades onde estão presentes os povos indígenas”, destacou.

Ao lado da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e do presidente interino do IBGE, Cimar Arezedo, Sônia comentou os primeiros dados em entrevista coletiva à imprensa no Theatro da Paz, em Belém. Em seguida, a comitiva federal participou da cerimônia oficial de lançamento da pesquisa, que contou ainda com a participação da ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos; da secretaria estadual de Povos Indígenas, Puyr Tembé; do cacique Raoni, entre outros convidados.

Censo Indígena

O levantamento do Censo 2022 contabilizou a população indígena tanto habitante de terras indígenas (TI) ou que vive fora delas, seja em agrupamentos de 15 ou mais indivíduos ou em áreas urbanas e rurais e urbanas. O IBGE também levou em conta o critério da autoidentificação e os preceitos da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata do direito desses povos à consulta prévia, livre e informada.

INFO - Confira os números do Censo Indígena 2022:

  • 1.693.535 em todo o Brasil
  • 80.974 indígenas no Pará
  • 24.880 domicílios com, pelo menos, um residente autodeclarado como indígena no Pará

Municípios paraenses com maior população indígena:

  1. Santarém - 16.955 indígenas
  2. Jacareacanga - 14.216
  3. Altamira - 6.194
  4. Oriximiná - 3.805
  5. Aveiro - 3.208
  6. Itaituba - 2.720
  7. Cumaru do Norte - 2.487
  8. São Félix do Xingu - 2.451
  9. Belém - 2.125
  10. Parauapebas - 1.971
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