Pirarucu em lata? Pesquisadores desenvolvem filé do peixe nativo da Amazônia

Intuito é diversificar os produtos de peixes enlatados existentes no mercado e, com isso, possibilitar agregação de valor

O Liberal

Imagine você poder ir ao supermercado, comprar uma latinha e nela ter filé de pirarucu... Uma delícia né!? Pois o que até o momento está apenas no plano das ideias, pode se tornar realidade em breve. Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) conseguiram desenvolver filé de pirarucu (Arapaima gigas) em conserva, tecnologia agroindustrial que agrega valor ao pescado e desponta como potencial ativo de bioeconomia e desenvolvimento na Amazônia. Agora, a tecnologia está disponível para as empresas interessadas em dar continuidade à pesquisa e levá-la ao mercado consumidor, ou seja, em breve, poderemos encontrar pirarucu enlatado nas gôndolas dos supermercados.

Uma das autoras do trabalho, a pesquisadora Alessandra Ferraiolo defende que é necessário diversificar os produtos de peixes enlatados existentes no mercado e, com isso, possibilitar agregação de valor, assim como aumentar a vida útil do pescado fresco. "O objetivo do trabalho foi desenvolver conservas de pirarucu da pesca e da piscicultura e avaliar os produtos quanto às suas características físico-químicas, sensoriais e qualidade microbiológica", detalha.

Pesquisa

O estudo resultou em um comunicado técnico detalhando todo processo e que pode ser acessado gratuitamente no portal da instituição. O trabalho dos cientistas envolveu, além do desenvolvimento de conservas, a avaliação da qualidade do produto final a fim de incentivar o consumo da espécie e fomentar a sua cadeia produtiva.

A pesquisadora Alessandra Ferraiolo conta que foi obtido um produto de boa qualidade nutricional, sensorial e sanitária. É também considerado um produto de conveniência, por ser de fácil preparo, semipronto ou pronto para o consumo.

Pelo processo agroindustrial desenvolvido, os filés foram higienizados em solução clorada, imersos em salmoura (3% sal refinado), drenados, cortados e acondicionados em latas. Em seguida, adicionou-se o líquido de cobertura, à base salmoura a 2% e as latas foram submetidas aos processos de exaustão, recravação, tratamento térmico e resfriamento.

Degustações, em testes sensoriais, também foram realizados e indicaram que a conserva elaborada com o pirarucu da piscicultura foi preferida em comparação à elaborada com o peixe oriundo da pesca. Os peixes de criação se sobressaíram nos atributos textura, sabor e impressão global. O resultado geral foi a intenção positiva de compra do produto.

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