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Pará já arrecadou mais de R$ 4,6 bilhões em impostos no mês de janeiro

Em relação a 2022, alta é de quase 5%, e de 17% na comparação com 2021

Elisa Vaz

O Pará já arrecadou mais de R$ 4,65 bilhões em impostos apenas em janeiro, de acordo com dados do site Impostômetro, que contabiliza as quantias pagas pelos contribuintes em tributos municipais, estaduais e federais. Em relação ao ano passado, o valor é 4,89% maior que o mesmo mês, quando, de 1º a 30 de janeiro, o Estado teve arrecadação total de R$ 4,43 bilhões. Na comparação com 2021, cujo mês de janeiro teve a soma de R$ 3,97 bilhões, o aumento foi de 16,9%.

Contador e especialista em tributos, Luiz Paulo Guedes, que é membro do Conselho Regional de Contabilidade do Pará (CRC-PA), explica que os montantes arrecadados são utilizados para financiar atividades como a disponibilização de serviços básicos para a população. Uma arrecadação maior, portanto, contribui com um melhor orçamento e, consequentemente, auxilia os governos a desenvolverem melhores estratégias.

O especialista atribui a alta na arrecadação do Pará à retomada econômica: janeiro teve promoções e liquidações em estabelecimentos comerciais. Com alto consumo, mais é arrecadado pelos entes municipais, estaduais e federais. Além disso, com a taxa de inflação, o preço dos produtos se eleva, o que também impacta nos cofres públicos.

"As pessoas voltaram a ir até o comércio e a adquirir novos produtos e serviços, e isso fez com que o volume de vendas de bens e serviços crescesse. Quando a gente analisa de 2022 para 2023, não há um valor tão expressivo, mas houve aumento, causado, principalmente, pela inflação", afirma. Outro motivo, segundo ele, foram os programas de regularização fiscal para as empresas.

No bolso da população, não tem para onde fugir: quem consome produtos e serviços tem que pagar os impostos embutidos. No caso das empresas, com um "bom planejamento tributário", é possível ter um custo menor e oferecer para a população um preço melhor, mantendo a margem de ganho sobre essas operações.

Empresariado

Presidente da Associação Comercial do Pará (ACP), Elizabete Grunvald explica que o aumento na arrecadação reflete "ligeira melhoria" na economia como um todo. "O PIB [Produto Interno Bruto] brasileiro cresceu nos doze meses encerrados em setembro último 3%, segundo o IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística], refletindo de forma levemente melhor no emprego e nas vendas de final de ano", pontua.

Ainda segundo ela, de acordo com as expectativas de mercado, conforme a pesquisa Focus de 30 de dezembro, o PIB do Brasil deve manter o crescimento em 3% no ano de 2022 e "a variação a menor entre o PIB do país e o aumento da arrecadação no Pará reflete as características da economia paraense, fortemente centrada na exportação de commodities minerais e no agronegócio", avalia. Já com relação a 2021, a alta neste janeiro reflete a retomada dos negócios a partir do arrefecimento da pandemia da covid-19, na avaliação da representante.

"Infelizmente, o impacto da alta carga tributária no Brasil é significativo e tem se constituído em um importante dificultador do crescimento da economia como um todo. O setor mais afetado neste contexto foi a indústria de transformação. Por conta disso, o nosso desenvolvimento tem ficado muito aquém do nosso potencial e sido insuficiente para elevar os padrões sociais, que tanto perseguimos", argumenta Elizabete.

Consumo

Quem também sente o impacto da arrecadação é o consumidor, que paga impostos sobre o que consome diariamente, seja no supermercado, no posto de combustível ou até no bar. O representante comercial Luiz Queiroz, de 28 anos, diz que o montante de janeiro é "com certeza, um valor alto, ficando impossível não ser percebido no dia a dia".

Na opinião dele, tudo vem encarecendo muito nos últimos anos. "Acredito que um dos principais causadores foi a pandemia da covid-19. Desde então, o real vem se desvalorizando cada vez mais, o que acaba por dar um menor poder de compra ao brasileiro", reflete o consumidor.

Embora não fique muito atento aos percentuais cobrados de impostos em cada produto, Luiz costuma avaliar sempre o valor total das mercadorias. "A melhor forma de 'driblar' esses aumentos é a boa e velha pesquisa constante, com o intuito de garantir as melhores oportunidades", orienta.

Impostos municipais, estaduais e federais arrecadados pelo Pará:

  • Janeiro/2023: 4.650.423.042,07 (até 18h do dia 30)
  • Janeiro/2022: 4.433.254.408,57 (até dia 30)
  • Janeiro/2021: 3.974.885.857,99 (até dia 30)
  • Variação 22/23: 4,89%
  • Variação 21/23: 16,99%

Fonte: Impostômetro

Produtos com altos percentuais de cobrança de tributos no país:

  • Cigarro: 83,32%
  • Cachaça: 81,87%
  • Perfume importado: 78,99%
  • Caipirinha: 76,66%
  • Maquiagem importada: 69,53%
  • Chope: 62,20%
  • Gasolina: 61,95%
  • Relógio: 56,14%
  • Refrigerante lata: 46,47%
  • Cerveja: 42,69%

Fonte: Impostômetro

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