Pará chega à 10ª colocação no PIB do Brasil e tem alta na participação da economia

Estudo divulgado pela Fapespa mostra que, mesmo com a pandemia, Estado teve um bom desempenho em 2020

Elisa Vaz

O Pará ​ficou entre os Estados que tiveram o maior crescimento na participação do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2020, com reajuste de 0,4 ponto percentual, empatando com o Mato Grosso na primeira colocação. Os dados foram divulgados na manhã desta quarta-feira (16) pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará (Fapespa), em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dentro do "Relatório PIB do Pará 2020", em um evento realizado no Teatro Estação Gasômetro. Os resultados desse indicador, que aponta o desempenho econômico, são sempre divulgados quase dois anos depois.

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De acordo com o levantamento dos órgãos, o PIB do Pará somou R$ 215,9 bilhões em 2020, deixando o Estado na 10ª colocação no Brasil. Na comparação com os dados imediatamente anteriores, de 2019, houve o ganho de uma posição, já que naquele ano o Pará ficou em 11º lugar, somando R$ 178,3 bilhões no PIB. Com o resultado atual, o Estado responde por 2,8% de tudo que é produzido no Brasil - em 2019, o percentual era de 2,4%, daí o crescimento de 0,4 ponto percentual. Em relação ao PIB do Norte, que ficou em R$ 478,1 bilhões, o Pará contribuiu com 45,2%, mantendo a primeira colocação na região.

Em todo o país, a produção somou o valor de R$ 7,6 trilhões, com variação nominal de 3% em relação ao PIB de 2019, que chegou a R$ 7,3 trilhões. Em termos de variação real, houve queda de 3,3%. Na distribuição do PIB por grandes regiões, em 2020 houve ganho de participação do Norte e do Centro-Oeste: respectivamente, 0,6 e 0,5 ponto percentual. O Pará foi o responsável pela variação positiva do Norte, já que teve a segunda maior variação nominal (21,1%) entre as unidades da Federação; na região Centro-Oeste a maior contribuição veio do Mato Grosso, que obteve a maior variação em 2020, de 25,7%.

Já o PIB per capita, ou seja, dividido pela população, ficou em R$ 24.847 no Pará em 2020, alta de 19,8% em comparação com os R$ 20.735 de 2019. O Estado manteve a 16ª posição do ranking do PIB per capita. A relação com o da região Norte (R$ 25.608) e do Brasil (R$ 35.936) foi de 0,97 e 0,69, respectivamente. Segundo a Fapespa, atualmente, o PIB per capita estadual é um dos parâmetros de rateio do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e, desde 2015, do Fundo de Participação dos Estados (FPE), ambas grandes arrecadações das Unidades Federativas.

Avaliação

Diretor-presidente da Fundação responsável pelo estudo, Marcel do Nascimento Botelho diz que, embora o PIB sempre seja lançado dois anos à frente, o resultado mostra uma tendência de crescimento de 2019 para 2020. "Vimos o Pará subindo para 10º colocado na economia brasileira e em setores importantes, ao mesmo tempo que mantém o setor público, ou seja, o peso da máquina administrativa estabilizado, mostrando que nós estamos fazendo mais com a mesma estrutura. Isso é eficiência e eficácia", opina.

A coordenadora de estatística econômica e contas regionais da Fapespa, Maria Gláucia Moreira, destaca que o relatório aponta que 2020 foi um ano difícil, em função da pandemia da covid-19, que teve efeitos negativos na economia do Estado. O setor que mais sofreu, segundo ela, foi o de serviços, com destaque para alojamento e alimentação (-20,6% no volume do PIB), serviços domésticos (-16,5%), artes, cultura, esporte, recreação e outros serviços (-11,5%) e indústria de transformação (-7,5%). Segundo a especialista, já eram esperados esses percentuais negativos, especialmente no alojamento, que inclui hospedagem e turismo.

Já os destaques positivos foram agricultura, inclusive o apoio e a pós colheita (7,7%), comércio, manutenção e reparação de veículos (7,1%), pecuária, inclusive apoio à pecuária (5,1%), intermediação financeira (5,1%) e produção e distribuição energia e água (4,3%). "No caso da agricultura, a alta se deu em função dos principais produtos agrícolas, como cereais, e a soja tem seu grande destaque. Alguns produtos já são tradicionais no Estado e, em 2020, apresentaram tanto expansão de produção como melhora do preço praticado pelo produtor. Na indústria o destaque vem pelo minério de ferro, em função do preço, que, em 2020, estava muito elevado no mercado internacional e isso veio a favorecer no acréscimo ao nosso valor", explica.

Dentro da indústria, ela destaca alguns setores em recuperação, como a construção civil. "Essa área conseguiu se manter em 2020. Temos a divisão entre grandes obras e a construção familiar, e o setor de grandes obras de infraestrutura conseguiu ter um crescimento e não sofreu tanto os impactos porque estava dentro daquela possibilidade de ser mantida mesmo com as restrições", diz Gláucia. E a produção de energia cresceu por conta da implantação de Belo Monte, segundo a coordenadora. Embora os estudos do PIB de 2021 ainda não tenham data para publicação, ela adianta que as taxas positivas devem se manter porque a economia estava mais aquecida no ano passado.

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