Pacote fiscal, reforma e taxa de juros: saiba quais as projeções para a economia no Brasil

O economista André Cutrim avalia cenário para 2025

Amanda Engelke / Especial para O Liberal
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O ano de 2025 será de decisões importantes para os rumos da economia brasileira, com a regulamentação da reforma tributária e a implementação do pacote de ajuste fiscal proposto pelo Governo Federal. A análise é do economista André Cutrim Carvalho, professor pós-doutor da Universidade Federal do Pará (UFPA), que aponta para um cenário de desaceleração econômica neste novo ano.

"Embora a economia brasileira tenha registrado um crescimento sólido em 2024”, o pacote anunciado em novembro pelo governo Lula será o ponto-chave de 2025, avalia o economista. Ele reforçava a necessidade de “equilibrar as contas públicas com medidas que ampliem a arrecadação e otimizem os gastos, sem comprometer áreas prioritárias como saúde, educação e infraestrutura”.

Para Cutrim, o ritmo de expansão econômica deve desacelerar no Brasil devido à pressão de vários fatores, inclusive políticos, que passam pela alta inflação em determinados segmentos e as incertezas no cenário internacional. “Isso pode criar desafios para a manutenção das boas taxas de crescimento econômico que o Brasil tem apresentado”, complementa.

Veja as principais projeções para 2025:

Ajuste fiscal: necessário ou arriscado?

André Cutrim vê com bons olhos as medidas anunciadas pelo Governo Federal. “Se bem executado, [o pacote] deve reforçar a credibilidade fiscal do país, movimentar o mercado ao atrair investimentos, e criar um ambiente macroeconômico mais estável, garantindo crescimento sustentável e consistente, mesmo diante de um cenário global e interno que demandará maior atenção em 2025", afirma.

Por que a reforma tributária é considerada tão estratégica?

Já a regulamentação da reforma tributária, aprovada em dezembro no Senado, tem como principal objetivo reestruturar o atual sistema tributário brasileiro, com foco na simplificação, maior eficiência e justiça fiscal. A proposta central visa a unificação de tributos sobre o consumo em um imposto sobre valor agregado – o IVA –, eliminando a cumulatividade e reduzindo custos administrativos.

“Além de melhorar o ambiente de negócios, a proposta é essencial para aumentar a competitividade da economia e diminuir a regressividade do sistema atual, que penaliza as famílias de menor renda. O cashback para famílias de baixa renda é um ponto de destaque, pois propõe a devolução de parte do imposto pago e reduz o impacto regressivo típico dos tributos sobre o consumo", analisa Cutrim.

Qual o peso da política monetária para 2025?

As taxas de juros elevadas pelo Banco Central devem continuar sendo um dos principais desafios para 2025. Enquanto o governo pressiona pela baixa, o Banco Central, em reação ao setor privado, as mantém. Em dezembro, as estimativas para a taxa básica de juros em 2025 foram a 12,63%. Cutrim avalia que essa estratégia de combate à inflação gera custos para a economia real.

“A manutenção de taxas de juros elevadas reduz o consumo das famílias e faz com que empresas posterguem investimentos, gerando um efeito contracionista que restringe o crescimento econômico”, afirma. Além disso, ele pontua que os juros altos aumentam o custo da dívida pública, redirecionando recursos que poderiam ser aplicados em infraestrutura, saúde e educação.

O que muda com Galípolo?

Para Cutrim, com a chegada de Gabriel Galípolo à presidência do Banco Central, que deve se concretizar em janeiro, espera-se um maior alinhamento às diretrizes macroeconômicas do Executivo. Ele avisa que Galípolo “poderá trazer maior flexibilidade à condução da política monetária, especialmente na definição de metas de inflação e no ritmo de ajustes da taxa de juros”.

“A capacidade de gestão de Gabriel Galipolo será testada ao longo do ano pela capacidade de promover crescimento enquanto preserva a disciplina necessária para conter riscos inflacionários e fiscais, um atributo que tem caracterizado a condução técnica e ortodoxa dos últimos dirigentes do Banco Central”, acrescenta o economista.

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