O que é deflação? Ela é boa ou ruim para a economia? Entenda

Em julho desse ano, o País registrou a primeira deflação em mais de dois anos com IPCA recuando 0,68%

Luciana Carvalho
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Em um País como o Brasil, que lutou por anos contra a hiperinflação, pensar em deflação ainda pode soar meio estranho. Mas em julho desse ano, pela 15ª vez desde o início do Plano Real, o País registrou a primeira deflação em mais de dois anos, com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recuando 0,68%, desde o início da série histórica do IBGE, em janeiro de 1980. As informações são do Estadão.

Mas, afinal, o que é deflação, e qual seu impacto para a economia?

A deflação é o oposto da inflação, ou seja, se caracteriza pela queda generalizada dos preços durante um determinado período de tempo. Em geral, está associada a uma queda da demanda pelos produtos, seja porque a oferta de bens e serviços cresceu mais do que a procura, ou seja porque os consumidores ficaram mais retraídos em relação aos gastos (preferindo elevar o nível de poupança, por exemplo). Não é o caso da deflação brasileira ocorrida em julho.

Segundo os especialistas, essa deflação de julho é uma queda de preços, de certa forma, “artificial”, uma vez que foi provocada principalmente pela redução de impostos incidentes sobre produtos como combustíveis e energia. Não há uma queda generalizada de preços, o que caracterizaria uma deflação “clássica”.

Para os consumidores, a deflação pode parecer uma coisa boa, já que significa redução de gastos e mais dinheiro no bolso. Mas uma deflação persistente não é um bom sinal quando se pensa na economia como um todo. É um sinal de enfraquecimento da atividade econômica.

Quando há excesso de oferta de bens, ou ausência de demanda, há um aumento da capacidade na produção, e investimentos em novas fábricas ou ampliação de linhas, por exemplo, deixam de fazer sentido. Um dos efeitos disso, acaba sendo o aumento do desemprego. O remédio para combater esse quadro costuma ser o aumento dos gastos públicos, que pode levar a um endividamento maior do Estado. Ou seja, torcer para uma deflação permanente pode não ser uma boa ideia.

Veja os meses em que o País registrou deflação desde o início do Real, segundo o IBGE:

  • Agosto/1997: -0,02%
  • Julho/1998: -0,12%
  • Agosto/1998: -0,51%
  • Setembro/1998: -0,22%
  • Novembro/1998: -0,12%
  • Junho/2003: -0,15%
  • Junho/2005: -0,02%
  • Junho/2006: -0,21%
  • Junho/2017: -0,23%
  • Agosto/2018: -0,09%
  • Novembro/2018: -0,21%
  • Setembro/2019: -0,04%
  • Abril/2020: -0,31%
  • Maio/2020: -0,38%
  • Julho/2022: -0,68%

(Luciana Carvalho, estagiária da redação sob supervisão de Keila Ferreira, Coordenadora do Núcleo de Política).

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