Norte representa apenas 2% do mercado de games nacional

Setor tem potencial travado sem tantos investimentos no Pará, aponta especialista

Maycon Marte

Até o ano passado, a região Norte representou somente 2% de todo o mercado de jogos eletrônicos do país, com uma queda de 1% em relação ao ano de 2022. Os dados são da pesquisa da indústria brasileira de games, realizada pela Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos (Abragames) que destaca também um crescimento no número de empresas do ramo, foram 1049 até o último ano. No Pará, o desenvolvedor de jogos, Elinaldo Azevedo, aponta a ausência de investimentos e qualificação para que a mão de obra disponível no mercado local consiga se aprimorar no desenvolvimento desses produtos.

VEJA MAIS

image Presidente Lula sanciona Marco Legal dos Games, que regulamenta Indústria de Jogos Eletrônicos
A legislação regula aspectos cruciais como fabricação, importação, comercialização e desenvolvimento de jogos eletrônicos, assim como seu uso comercial no país

image 'Robôs futuristas' e games agitam festa para crianças em Belém neste domingo, 30
A AnimeFest Party, Baladinha Futurista do Pará promovida pela AnimeFest Futuristic, é destinada para crianças de dois a 13 anos e famílias

Entre as características das regiões com maior presença dessa atividade econômica, o levantamento destaca: ambientes mais digitalizados de produção, o crescimento da adoção do trabalho remoto, assim como a educação à distância e uma maior presença de cursos nos diversos estados. Os indicadores contrastam com a percepção do desenvolvedor paraense, que está desde 2008 no mercado, a respeito da demanda por mão de obra especializada. “Ainda precisa ter mais qualificação e não apenas para a programação. Tem gente que quer fazer, mas não sabe como”, enfatiza.

Além da qualificação, o especialista destaca a necessidade de fomento ao setor, que, segundo dados da empresa de análise e inteligência de mercado de games, Newzoo, faturou em torno de US$ 93,5 bilhões, em 2023. Na visão de Elinaldo, falta mais apoio para atender as demandas especificamente do setor de jogos, até então presentes em oportunidades de editais voltados à cultura e tecnologia muito amplos. “Incentivo fiscal, incentivo de editais, patrocínio realmente e principalmente para jogos, porque fomento de cultura a gente tem, mas especificamente para jogos não tem”, pontua.

Incentivos e incertezas

Um dos incentivos destinados ao setor, veio através da lei 14.952, também conhecida como Marco Legal dos Jogos Eletrônicos, sancionada em maio deste ano a fim de estimular o ambiente de negócios e aumentar a oferta de capital para investimentos em empreendedorismo inovador no segmento. Entre outras disposições, a lei estabelece investimentos em jogos de empresários individuais, sociedades empresariais, cooperativas, sociedades simples e microempreendedores individuais (MEI).

A classificação dos desenvolvedores independentes ficava comprometida antes, como lembra o desenvolvedor paraense, devido à complexidade e à burocracia da relação de vínculo trabalhista. Apesar disso, para Elinaldo, o cenário atual não traz segurança, isso porque, após um crescimento exponencial durante a pandemia em decorrência da necessidade das atividades remotas, muito característico desse mercado, se percebe uma onda de demissões. “Estão contratando pouquíssimas pessoas hoje, então o cenário hoje ainda é de crescimento, mas é um crescimento pequeno, não é um crescimento como a gente tinha antes de 2018 quando estava muito grande e tinha muita gente querendo jogar. Hoje não, hoje as pessoas estão mais conservadoras na questão de contratações”, explica.

Apesar dos avanços que a nova medida trouxe, o profissional discorda do veto presidencial sobre o trecho da lei que previa favorecer a participação de empresas estrangeiras no mercado nacional. Do total de desenvolvedoras, 169 delas venderam seus produtos internacionalmente, o equivalente a 58%, segundo a pesquisa da Abragames. Nesse cenário, facilitar a participação das representantes internacionais ajudaria a impulsionar o setor, que apresenta metade das suas empresas nacionais com a maior parte (70%) dos ganhos oriundos do mercado internacional.

Diferentes possibilidades

A área de jogos eletrônicos vai além do entretenimento e abre espaço para atuação em diferentes frentes, como no caso do último projeto de Elinaldo, que recupera a memória da cidade em um passeio 3D na Belém de 1950. Assim como ele, o programador de jogos, Igor Quadros, já esteve em diferentes projetos, com parcerias com institutos e entidades científicas como o Museu Emílio Goeldi e ressalta as múltiplas possibilidades do segmento. 

“Existem diversas áreas onde os jogos podem ser aplicados, como por exemplo, na área da saúde, na área empresarial, como gamificação de algum serviço, ou então treinamento de pessoal, dentro da área da construção civil, por exemplo, na publicidade, entretenimento, é claro. Então, tem uma gama de oportunidades que a pessoa pode trabalhar tanto como realidade aumentada, como realidade virtual, ou então para plataforma de PC, celulares, então é muito amplas as possibilidades que esse mercado propõe”, explica Quadros.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Economia
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM ECONOMIA

MAIS LIDAS EM ECONOMIA