Ministério da Tecnologia garante R$ 2 milhões para obras preliminares no Museu Goeldi, em Belém
Anúncio foi feito em audiência pública nesta quarta-feira (10), em Brasília
O coordenador-geral de Unidade do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, César Augusto Rodrigues do Carmo, garantiu a antecipação de R$ 2 milhões para obras preliminares de restauro no Museu Paraense e Emílio Goeldi (MPEG), o valor é inferior ao orçado pela direção da instituição, de R$ 25 milhões.
O anúncio de César Augusto foi feito na audiência pública realizada, nesta quarta-feira (10 de maio), pela Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação (CCTI) da Câmara Federal. O evento de modo online e presencial, em Brasília (DF), apontou uma situação grave na infraestrutura do Goeldi (MPEG).
De acordo com a direção do Museu Paraense, três prédios históricos e recintos de animais necessitam de recuperação estrutural urgentes. O Goeldi também tem carência emergencial de exatas 59 vagas no quadro funcional.
Somente o Prédio da Rocinha, o principal imóvel do complexo, tem os serviços de recuperação estimados em R$ 11 milhões. A direção do Museu Paraense também enfatiza que o auditório Alexandre Rodrigues precisa do investimento de R$ 6 milhões, e a Casa de Emílio Goeldi, mais R$ 4,5 milhões.
Os custos foram apresentados na audiência pública, requerida pelo deputado Raimundo Santos (PSD-PA), membro titular da CCTI, que a presidiu, e colocou em evidência, por meio de depoimentos preocupantes, que o MPEG enfrenta uma realidade precária.
Entre os problemas, a direção do Goeldi, também, apontou “a iminente aposentadoria de 55 especialistas. Esses profissionais estão em abono-permanência, podendo sair das atividades em até cinco anos. O MPEG, que ficaria reduzido a apenas 60 servidores para as suas três bases físicas, precisa de imediato de 28 pesquisadores, 15 tecnologistas e 16 analistas em Ciência e Tecnologia. É o mínimo que a gente precisa para manter a instituição funcionando", adiantou o diretor Nilson Gabas Júnior.
O governo federal já autorizou em abril o lançamento de concurso público para a abertura de 814 vagas, a serem distribuídas pelos 17 institutos que integram o MCTI. A divisão do provimento de vagas, no entanto, está indefinido, embora reconheça-se que o Museu Goeldi, às vésperas dos 157 anos de existência em outubro desse ano, é o de maior alcance científico da pasta no País.
A pesquisadora Ima Célia Guimarães Vieira, ex-diretora do museu e integrante do Grupo de Trabalho (GT) na Transição da Área de Ciência e Tecnologia do governo federal, chamou a atenção da plateia e do público ao discorrer sobre a gradativa e prejudicial falta de pessoal.
"As áreas de ornitologia, mastozoologia, etnologia, herpetologia e ictiologia vêm perdendo pesquisadores e as coleções vêm sofrendo com a ausência de curadores", disse ela. "Na ornitologia, por exemplo, há apenas um técnico alocado, sem curador ou pesquisador atuante. Temos a coleção de aves mais importante do País, por ora praticamente fechada", assinalou.
"A coleção etnográfica contém mais de 15 mil objetos colecionador desde o século XIX, tombado como patrimônio da nação, de renome internacional, sendo a mais importante coleção do gênero desde o incêndio do Museu Nacional", observou a palestrante.
"Além disso, a coleção é frequentemente visitada pelos povos indígenas porque representa uma parte da memória das suas tradições perdidas. Aqui destacamos que a curadora se aposentou e a única técnica está em vias também de se aposentar. A aposentadoria da curadora levou o Museu Goeldi a perder importante interlocução e pesquisa na área de etnografia, além de importante contribuição para a museologia da instituição", lamentou a especialista.
Ainda conforme Ima Célia Vieira, "a coleção linguística possui algum tipo de documentação de 80 línguas, e com isso representa a maior coleção da América do Sul".
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