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Mercado de orgânicos cresce no Pará, mas desafios limitam expansão

Demanda por alimentos saudáveis aumenta, mas preços altos e falta de incentivo dificultam acesso.

Jéssica Nascimento
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A busca por alimentos orgânicos tem crescido em Belém e em diversas regiões do Pará. No entanto, os desafios para a expansão desse mercado continuam sendo um entrave tanto para consumidores quanto para os produtores. A falta de políticas públicas, os altos custos e a dificuldade na certificação de produtos orgânicos são algumas das questões que impedem a popularização dessa forma de agricultura.

Origem e proposta do mercado orgânico

A história da produção orgânica no estado está fortemente ligada aos movimentos sociais de ocupação de terras e à luta por uma alimentação mais saudável e justa. Gisiane Ferreira, coordenadora de uma loja de produtos orgânicos no bairro da Cremação, em Belém, explica que essa iniciativa surgiu a partir de agricultores assentados e acampados que buscam formas sustentáveis de produção.

image Gisiane Ferreira durante entrevista. (Foto/Ivan Duarte)

“Para nós, a agricultura orgânica começa desde a ocupação dos territórios. Se não houvesse acampamentos e assentamentos, provavelmente não haveria esse mercado aqui na cidade”, pontua Gisiane. Ela destaca que muitos dos produtores que fornecem os itens orgânicos vendidos na loja são também trabalhadores do campo envolvidos diretamente na produção.

Crescimento da demanda e altos preços

O interesse pelos alimentos orgânicos vem aumentando no estado, impulsionado pelo desejo de uma alimentação mais saudável e pela recomendação crescente de nutricionistas e profissionais de saúde. “A preocupação com a saúde tem feito a demanda crescer bastante. No entanto, o preço ainda é um impeditivo para muitas pessoas”, explica Gisiane.

image Gisiane Ferreira com alguns produtos orgânicos na loja. (Foto/Ivan Duarte)

Apesar da alta procura, os valores dos produtos orgânicos seguem superiores aos dos convencionais. Isso ocorre, entre outros fatores, devido à falta de incentivos governamentais que tornem a produção mais barata e acessível. “As políticas públicas existentes são muito desproporcionais. Os produtores que não utilizam agrotóxicos têm pouco suporte, enquanto o mercado convencional recebe mais incentivos”, enfatiza a coordenadora.

Dificuldades de certificação e distribuição

Outro desafio para o fortalecimento do mercado orgânico no Pará é a certificação dos produtos. A burocracia e os custos para garantir o selo orgânico são altos, tornando o processo inviável para pequenos agricultores e comunidades camponesas.

image Gisiane Ferreira. (Foto/Ivan Duarte)

Além disso, a falta de agroindústrias na região dificulta o beneficiamento de produtos locais. Boa parte dos itens processados, como arroz e café orgânico, são importados de estados do Sul e Sudeste. “Aqui no Pará, temos mais facilidade na produção in natura, como frutas, hortaliças e polpas. A ausência de agroindústrias locais limita o crescimento de outros tipos de produtos”, afirma Gisiane.

Perspectivas para o futuro

Mesmo com os desafios, a tendência é que o mercado de orgânicos no Pará continue crescendo. Gisiane acredita que, com maior consciência sobre os benefícios da agroecologia e alimentação saudável, a demanda irá aumentar ainda mais.

Para que essa expansão seja sustentável e justa, é essencial que o Estado invista em políticas que fortaleçam os agricultores familiares e possibilitem o acesso da população urbana a esses produtos a preços mais acessíveis. “Não há como falar de sustentabilidade sem considerar quem produz os alimentos. O campo e a cidade estão interligados, e precisamos de medidas que assegurem uma agricultura mais justa e acessível para todos”, conclui.








 

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