Melhoramento genético garante o nascimento de búfalo gestado 'in vitro' no Marajó
As ações integram o projeto ‘Uso de Biotecnologia no Melhoramento Genético de Bubalinos’, desenvolvido há três anos pela Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) em parceria com dez produtores
O Pará já se destaca economicamente por manter o maior rebanho bovino do Brasil, representado pela cidade de São Félix do Xingu que conta com mais de 218 milhões de cabeças de gado, segundo o IBGE. O Estado paraense surge em nova evidência, desta vez no arquipélago do Marajoara e por conta do nascimento da primeira bezerra por fertilização in vitro, programado para o dia 29 deste mês, na fazenda Paraíso, em Cachoeira do Arari. Ainda no mesmo dia está previsto o nascimento do primeiro bezerro resultante de inseminação artificial, realizada também na região marajoara.
Essas ações integram o projeto de reprodução de búfalos denominado ‘Uso de Biotecnologia no Melhoramento Genético de Bubalinos’, desenvolvido há três anos pela Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) em parceria com produtores do Marajó, e coordenado pelo professor e doutor Sebastião Rolim. O objetivo do projeto é levar ao produtor de búfalos do Marajó biotécnicas capazes de melhorar a produtividade do rebanho bubalino, aumentando a produção de leite e carne, a lucratividade e melhorando a qualidade de vida do produtor marajoara. O trabalho desenvolvido pela Ufra possibilita a sustentabilidade econômica, social e ambiental da pecuária. O trabalho visa ainda demonstrar a importância do búfalo para os municípios marajoaras. Cerca de 20 mil animais estão inseridos na abrangência das ações da universidade.
“O projeto surge também por conta do difícil acesso que esses produtores têm em relação a esse tipo de biotecnologia para desenvolver a bubalinocultura e desenvolver a produção de carne e de leite ali da Região”, afirma o coordenador. “Teremos encontro para divulgar esse resultado do nascimento da primeira bezerra, produzida a partir da produção in vitro na ilha do Marajó, foi tudo produzido no Marajó, desde a aspiração do óvulos da vaca doadora, até o laboratório, tudo feito lá”, detalha o coordenador.
“Além disso, vamos divulgar o nascimento do primeiro bezerro feito a partir de inseminação artificial com sêmen sexado, que no Brasil nunca houve sêmen sexado em búfalo. A gente fez a primeira prenhes, então é um resultado inédito no Brasil inteiro e a gente conseguiu isso na ilha do Marajó”, acrescentou Sebastião. Sêmen sexado é uma tecnologia em que os espermatozoides que vão resultar na escolha do sexo que o criador deseja, são separados daqueles que resultariam em machos após a fecundação do óvulo
10 anos
Para se chegar a esse resultado um laboratório genético foi montado na Região marajoara há três anos, e funciona por meio de uma parceria público-privado que envolve dez produtores rurais. A técnica da reprodução bovina já é bastante difundida no País a fora, mas com o búfalo é novidade. É reprodução do animal de melhor genética dentro do rebanho. “Com isso, você consegue ter um melhoramento genético muito mais rápido, acelera o melhoramento em dez anos”, sustenta o doutor da Ufra. Em 2021, obteve-se o primeiro resultado: a primeira prenhes por produção de embriões in vitro.
O trabalho de reprodução animal visa ainda o desenvolvimento da pecuária bubalina no arquipélago marajoara, por meio de prestação de serviços de assistência técnica aos produtores, disponibilização de biotécnicas da reprodução, entre as quais podemos citar a inseminação artificial em tempo fixo (IATF) e a produção in vitro de embriões (PIVE), contribuindo para o melhoramento génetico do rebanho bubalino da região; além da formação de recursos humanos (mestres, doutores e alunos de graduação) na área de Biotecnologia da Reprodução na espécie bubalina.
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