Marco Rubio diz que EUA podem negociar acordos bilaterais após impor tarifas

Chefe da diplomacia norte-americana disse que os Estados Unidos estão buscando por "justiça" no comércio global

Estadão Conteúdo

O secretário de Estado americano, Marco Rubio, disse que os Estados Unidos poderiam se engajar em negociações bilaterais depois de impor tarifas que atingiram os seus principais parceiros comerciais - e o Brasil.

Questionado se a China poderia sair vitoriosa da guerra comercial iniciada por Donald Trump, o chefe da diplomacia americana disse que os Estados Unidos estariam buscando por "justiça" no comércio global.

"Vamos impor tarifas recíprocas às que os países impõem a nós", disse em entrevista à CBS. "É global, não é contra o Canadá, não é contra o México, não é contra a UE (União Europeia), é contra todos. E então, a partir dessa nova base de justiça e reciprocidade, nos envolveremos, possivelmente, em negociações bilaterais com países do mundo todo, em novos acordos comerciais que façam sentido para ambos os lados", declarou.

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O secretário declarou que, em seu primeiro governo, o presidente Trump também impôs tarifas.

"Justiça, mas, no momento, não é justo. Vamos redefinir a linha de base e, em seguida, poderemos firmar esses acordos bilaterais, possivelmente, com países para que nosso comércio seja justo", insistiu, admitindo que os países estão "chateados".

Rubio defendeu ainda que as tarifas seriam necessárias para fortalecer as capacidades dos Estados Unidos. "Há setores essenciais, como alumínio, aço, semicondutores e fabricação de automóveis, que o presidente Trump acredita, que os EUA precisam ter uma capacidade doméstica, e a maneira de proteger esses setores e desenvolver essa capacidade é garantir que haja incentivos econômicos para a produção nos Estados Unidos", disse.

Especialistas, no entanto, têm alertado que as tarifas devem aumentar os custos para os produtores americanos, pressionando a inflação nos Estados Unidos.

Negociações do Brasil

No caso do aço e do alumínio, as tarifas de 25% que entraram em vigor na semana têm impacto direto sobre o Brasil, que é um grande exportador de aço para os EUA.

Técnicos dos ministérios de Relações Exteriores (MRE) e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) deram início às negociações com os Estados Unidos na sexta-feira em reunião por videoconferência. O canal de diálogo foi aberto pelo vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin em conversa com o secretário de Comércio, Howard Lutnick, e o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer.

O governo aposta no diálogo para conseguir eventuais concessões de Donald Trump. Como mostrou o Estadão/Broadcast, a aplicação de reciprocidade é vista como a última opção, caso a negociação não dê resultados.

Em 2018, durante o primeiro governo, Donald Trump impôs as mesmas tarifas de 25% sobre o aço o alumínio. O Brasil conseguiu negociar cotas de 3,5 milhões de toneladas de placas e 687 mil toneladas de aços laminados para exportação libre de taxas. Para alumínio foi definida tarifa de 10%.

Desta vez, no entanto, Donald Trump se mostra irredutível. "Não vou ceder nenhum pouco", disse durante a semana. Além das tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio, os Estados Unidos impuseram taxas de 10% sobre as importações da China. Para o mês que vem, são esperadas mais tarifas sobre produtos agrícolas e carros.

Nas suas idas e vindas, o presidente americano suspendeu duas vezes as taxas de 25% sobre as importações dos vizinhos México e Canadá, mas abriu uma nova frente em sua guerra comercial ao ameaçar a Europa com tarifas de 200% sobre bebidas alcoólicas.

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