Lixo eletrônico terá destino correto
A decisão do governo de incentivar a coleta e o descarte corretos de eletroeletrônicos é vista com bons olhos. Em decreto assinado na quarta-feira (12) pelo presidente Jair Bolsonaro, foi regulamenta a logística reversa de produtos eletroeletrônicos, que obriga empresas do setor a implantarem sistemas de coleta desse tipo de resíduo e dar sua destinação correta. O mandatário também oficializou a assinatura de convênios com prefeituras para a compra de equipamentos de coleta de lixo reciclável e compostagem de resíduos orgânicos.
Segundo o governo, existem, hoje, 173 pontos de coleta de eletroeletrônicos no Brasil. O decreto prevê que esse número aumente para cinco mil pontos até 2025, abrangendo os 400 maiores municípios do país, com mais de 80 mil habitantes, e representam, no total, 60% da população brasileira.
Na avaliação do Jefferson Souza, há pontos positivos e negativos na medida, mas, sem dúvidas, ela deve fortalecer a recuperação de eletrônicos que hoje vão parar em lixões e contaminam o solo e a água com metais pesados. “Não há muita alternativa hoje em dia. Geralmente, os eletrônicos são descartados como lixo comum ou, com sorte, fiam entulhados em poucas oficinas de eletrônico”, comentou.
O ideal seria fazer a separação dos tipos de materiais usados no eletroeletrônico, a exemplo de uma televisão, que tem plástico, vidro, borracha, estrutura de alumínio, cabos e placas eletrônicas. Alguns desses materiais podem ser descartados com a coleta seletiva, como o vidro, metal e plástico, que, em geral, são processados por indústrias específicas, como as metalúrgicas, que reaproveitam metais.
Um dos problemas, para Souza, são as placas eletrônicas, que são processadas para recuperação de metais, mas ele afirmou que há poucas empresas especializadas no ramo, que ainda cobram caro para buscar e processar o lixo. Atualmente, o especialista trabalha em um projeto que faz o reaproveitamento de componentes de eletroeletrônicos de uso doméstico para fabricar protótipos didáticos. “Acabamos dando mais ênfase à recuperação dos eletrônicos, principalmente neste novo contexto de logística reversa”, disse.
“Os eletroeletrônicos têm componentes que demoram a se decompor no meio ambiente. Muitas vezes, são utilizadas matérias com recursos naturais limitados. É comum no Brasil, que tem muita riqueza mineral, que estes recursos pareçam inesgotáveis, mas não são. Nós utilizamos cada vez mais itens eletrônicos, e recicla-los será a única forma de suprir a demanda do consumidor doméstico”, acredita. Como o decreto prevê isenções de impostos para transporte neste processo, os custos podem ficar menores, na opinião de Souza, além de incentivar o surgimento de mais empresas especializadas. Também é possível que isso melhore a economia local, já que mais empregos vão ser criados e mais dinheiro vai rodar no mercado.
Em outubro do ano passado, o Ministério do Meio Ambiente assinou um acordo setorial com entidades que representam as principais empresas de eletroeletrônicos do país como forma de fazer cumprir a logística reversa, prevendo o retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos.
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