Livrarias de Belém investem na fidelização dos clientes para seguir em atividade

A relação entre leitores e livreiros garante a existência do setor

Abílio Dantas

A pandemia e a venda online de livros não foram suficientes para acabar com o mercado das livrarias de rua. Em Belém, leitores ainda preferem o contato direto com os livreiros e o livro físico, para fazer anotações e desenvolver a leitura longe das telas digitais de tablets, celulares e computadores.

Em todo o país, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o desempenho do setor de livrarias, jornais, revistas e papelarias no Brasil cresceu 21,3% nos primeiros meses deste ano, segundo levantamento divulgado no dia 14 deste mês. O resultado surpreendeu o próprio setor, já que a marca alcançada supera a faixa média de aumento da maioria das áreas do varejo no país, que apresentaram alta de 1%. Outro dado positivo foi divulgado pelo Sindicato Nacional de Editores de Livros (Snel): entre 2020 e 2021, o faturamento das editoras nacionais cresceu 29%, passando de R$ 1,76 bilhão para R$ 2,28 bilhões.

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Em Belém, o livreiro e historiador Expedito Quaresma, que possui mais de 30 anos de experiência com a venda de livros, afirma que a principal estratégia desenvolvida pelas livrarias de rua da capital paraense, assim como em todo o país, é transformar um cliente em um parceiro, para fazer com que a relação tenhas laços de proximidade e garanta a autossuficiência da atividade econômica.

Descontos

“A nossa livraria é voltada especificamente para o público acadêmico, é uma livraria universitária, que visa o público de pesquisadores, doutores, graduandos. Antes se chamava Humanitas e hoje é a Confraria do Livro, porque a ideia é que seja mesmo uma confraria, no sentido de tornar os nossos clientes pessoas que tenham uma certa fidelidade para com a livraria e, assim, obtenham vantagens para aquisição dos livros”, explica.

Com a chegada da pandemia, o livreiro observou que os leitores passaram a buscar ainda mais comodidade, para encontrar com o máximo de conforto e rapidez os livros que precisam. “Nós também oferecemos um desconto que você não encontra em qualquer lugar, como um meio para viabilizar a nossa sobrevivência e ser um diferencial diante da concorrência das grandes empresas que vendem na internet, e que já foram responsáveis pelo fechamento de dezenas de livrarias pelo país”, afirma.

Expedito Quaresma destaca também que as livrarias da região Norte, mais do que os estabelecimentos de outras regiões do país, precisam enfrentar a alta dos fretes causada pelo aumento dos preços dos combustíveis, o que compromete siginificativamente a margem de lucro. “As editoras nacionais, que se encontram majoritariamente em São Paulo, determinam que a gente possa dar apenas 40% de desconto, a partir do tabelamento. Isso faz com que os donos tenham que ser apaixonados pelo livro, que gostem de trabalhar, porque lucro aqui nós praticamente não temos. As Feiras do Livro, como a Pan-Amazônica, são os momentos em que nós saímos do sufoco, que passamos durante o ano todo, graças ao crédito-livro (política pública que concede crédito de R$ 200 para professores das redes estadual ou municipais para adquirirem livros)”, afirma.

Prazer de ler

Cliente assídua da Confraria do Livro, a professora de História e mestre em Direitos Fundamentais, Sandra Alves, não troca a convivência na livraria física pelos trâmites das compras remotas. Para ela, citando o historiador Roger Chartier, “o e-book jamais substituirá o livro físico”.

“Adentrar neste singular universo (do livro físico) é estimular a sensibilidade em relação aos sentidos, tais como o olfato, através do cheiro de perfume de livro novo, além do tato, ao tocar, folhear cada página, desenvolvendo também a criatividade, ao riscar os trechos preferidos, fichar, ter atenção a cada detalhe do texto”, declara.

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