Juros de títulos públicos da inflação superam 6,5% em 2023
O discurso do presidente Lula sugerindo mudanças no Banco Central é um dos motivos dessas altas na rentabilidade
Os juros dos títulos públicos atrelados à inflação superaram 6,5% em 2023, na taxa acumulada de 12 meses. Entre os motivos dessas altas na rentabilidade dos títulos está o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que na quinta-feira (2), sugeriu mudanças no Banco Central depois do fim do mandato do presidente Roberto Campos Neto e voltou a criticar a autonomia da autoridade monetária. Há um ano, os juros eram de 5,65%. As informações são do Portal Poder 360 e foram levantadas com base em dados do Tesouro Direto.
O Tesouro aumenta as taxas para compensar os riscos da economia brasileira. “Vamos esperar esse cidadão (Campos Neto) terminar o mandato dele para a gente fazer uma avaliação do que significou o Banco Central Independente”, Lula.
Nesse cenário, está mais caro para o setor público se financiar e mais atrativo para investidores que querem ser mais bem remunerados. Os contratos de juros futuros de DI (depósito interfinanceiro) estão em alta. Nesta sexta-feira (3), por exemplo, os vencidos em janeiro de 2025 chegaram a atingir 13,28% ante 12,66% do fim de 2022. Há um ano, eles estavam em 10,88%.
Já aqueles que têm vencimento em janeiro de 2027 subiram de 12,61% para 13,18% neste ano. Eles estavam em 10,97% há 1 ano.
Autonomia
Para agentes do mercado financeiro, a autonomia sancionada em 2021 é um marco para evitar interferências políticas no BC, fazendo com que as decisões de política monetária sejam técnicas, com base no cenário econômico global e doméstico. Com o presidente sinalizando uma mudança nessa regra, o mercado passa a cobrar uma recompensa maior para aportar recursos: os juros. Essa rentabilidade mais cara aos investidores também tem implicações para aumentar o estoque da dívida pública.
O setor público consolidado –formado por União, Estados, municípios e estatais– pagou R$ 586,4 bilhões, ou 5,96% do Produto Interno Bruto (PIB), no ano passado. No mesmo período, as contas tiveram um deficit nominal de R$ 460,4 bilhões.
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Outro descontentamento demonstrado por Lula envolve a meta de inflação do país. Ele sinalizou que o patamar é baixo, criando uma expectativa de Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) maior no futuro e, consequentemente, uma taxa de juros mais alta para controlar os preços.
Outros títulos públicos registraram esse movimento de alta nos juros. O Tesouro Prefixado com vencimento em 2029 passou de 12,81% em dezembro de 2022 para 13,41% na sexta-feira (3).
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