Inovação é chave para tornar mineração mais segura e sustentável
Em entrevista exclusiva, executivo da Vale, Rafael Bittar, afirma que investimento para criar soluções inovadoras é fundamental para avançar na segurança e na sustentabilidade
Para o vice-presidente executivo técnico da Vale, Rafael Bittar, a inovação é uma aliada de peso na construção de uma mineração cada vez mais segura, sustentável e capaz de compartilhar valor com a sociedade. O executivo também fala por que a empresa escolheu Belém para realizar seu evento anual de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, o PD&I Summit e como a mineradora deseja contribuir, de forma ativa, no fortalecimento do ecossistema de inovação na capital e na Amazônia. O evento acontece de 27 a 29 de agosto, nas Estação das Docas, e reunirá empregados e convidados que falarão sobre importância na inovação para a indústria e a sociedade.
Na sua opinião, de que forma a inovação praticada pelas grandes empresas privadas contribui para o setor da mineração e o próprio desenvolvimento do país?
Rafael Bittar: Acredito que o investimento em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) na iniciativa privada pode contribuir para impulsionar o desenvolvimento sustentável no país. Ao alocar recursos em inovação, empresas não apenas aprimoram suas operações e tendem a ter melhores resultados, mas também contribuem para a economia e para que sejam criadas soluções mais responsáveis e sustentáveis tanto em termos sociais como ambientais. O investimento de quase US$ 500 milhões em PD&I que fizemos no ano passado e as cerca de 800 pessoas dedicadas à inovação confirmam nosso compromisso com a transformação do setor de mineração e com a geração de valor para a sociedade. Nosso investimento em inovação resulta, por exemplo, em contribuição para reduzir as emissões de carbono, promover a transição energética e apoiar a recuperação e manutenção de florestas. Desta forma, a atuação das empresas nesse campo é capaz de posicionar o país como um potente gerador de soluções sustentáveis e pautadas pela economia circular.
Quais os desafios de inovar na mineração sem perder de vista benefícios à comunidade?
Estamos avançando de forma consistente na agenda de inovação com sustentabilidade, mas um desafio, como ocorre em qualquer frente de inovação, consiste em garantir a escalabilidade e celeridade dos projetos, bem como a construção de uma relação de confiança e parceria com as comunidades e ecossistemas envolvidos. Uma vez que as parcerias, tanto internas quanto externas, são estabelecidas, com escuta ativa e colaboração, as chances de termos iniciativas de sucesso se consolidam.
Como funciona a estratégia de inovação da Vale?
A estratégia de inovação da Vale está diretamente conectada com a estratégia geral do negócio. Vemos a inovação como uma alavanca poderosa para construirmos uma mineração mais sustentável e segura. Inovamos em diversas frentes: desenvolvendo tecnologias e soluções para apoiar a descarbonização do setor siderúrgico, tornando nossas operações mais limpas e promovendo a mineração circular. A inovação também é uma ferramenta fundamental para aumentar a segurança e da confiabilidade das nossas operações.
Pode dar exemplos?
Investimos em tecnologia e inovação para tornar nossa produção cada vez mais automatizada, reduzindo a exposição das pessoas ao risco e aumentando a agilidade e a produtividade do negócio. Em Carajás, por exemplo, já utilizamos caminhões fora de estrada, perfuratrizes e máquinas de pátio autônomas, que não demandam operadores nas cabines. No intuito de contribuir com o ambiente de inovação paraense, temos também o Instituto Tecnológico Vale – Desenvolvimento Sustentável, que está há 14 anos aqui em Belém e que atua, com uma postura ativa e inovadora, como centro de pesquisa multidisciplinar com foco na geração de conhecimento e valor para a Vale e para a Amazônia. Focado em pesquisa e educação, o ITV desenvolve estudos em diversas áreas estratégicas como Biodiversidade, serviços ambientais, recursos hídricos, socioeconomia, genômica ambiental, reflorestamento com espécies nativas e outros, buscando contribuir com a Amazônia, com o Pará e o Brasil no desenvolvimento de soluções tecnológicas e científicas inovadoras para os desafios da cadeia da mineração e da sustentabilidade para as futuras gerações.
A inteligência artificial já faz parte do dia a dia da mineração?
Investimos em IA há quase 10 anos e contamos com um time de profissionais dedicados exclusivamente a projetos voltados para essa tecnologia. Aplicamos IA na otimização do processamento mineral, no controle inteligente do processo de pelotização e na otimização do uso de combustível em caminhões fora de estrada. Neste caso, por exemplo, a IA recomenda aos operadores as melhores velocidades por trecho, considerando o perfil da via, carga movimentada e o tipo do caminhão. Como parte de um programa que chamamos “Mina Inteligente”, implantamos o Integrated Quality Management (Gestão Integrada da Qualidade), por meio do qual criamos e habilitamos a capacidade de coleta digital de dados de campo, de furo de sondagem, ampliando o nosso conhecimento geológico da frente de lavra.
Por que a Vale escolheu Belém para realizar seu evento anual de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação?
Queremos participar de forma ativa do fortalecimento do ecossistema de inovação na capital e na Amazônia. Em Belém está o nosso Instituto Tecnológico Vale Desenvolvimento Sustentável, que será o anfitrião do evento, que vai reunir empregados que desenvolveram soluções inovadoras para desafios que enfrentam no dia a dia e que poderão trocar experiência com convidados especialistas em inovação, representantes de instituições de ensino e pesquisa e startups. Acredito que o evento pode promover parcerias com potencial de gerar desenvolvimento de soluções inovadoras e sustentáveis para os desafios locais.
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