Inflação da cesta básica segue avançando em Belém
Variação mensal foi de apenas 0,14% em julho, mas acumulado do último ano já chegou a 21,14%
O café, o tomate e o leite foram os itens da cesta básica que mais sofreram com a inflação em Belém nos últimos doze meses. Só o café teve alta de 66,16% no período, enquanto o tomate, apesar da deflação de 5,61% no mês de julho, acumula alta de 41,82% no último ano.
O leite aparece em terceiro lugar na lista, com alta de 31,44%. A pesquisa, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) do Pará, apontou também altas acima da inflação brasileira para o período em itens como o açúcar (28,03%), óleo (22,28%) e manteiga (23,61%).
Segundo o Dieese, a cesta básica do paraense custou, em média, R$ 633,14 em julho de 2022, valor que compromete mais da metade do salário mínimo estipulado em R$1.212,00 pela lei brasileira.
Os dados colocam Belém como a terceira capital brasileira, entre as apuradas pela pesquisa, com maior disparada na inflação entre julho de 2021 e julho de 2022, atrás somente de Recife e Salvador.
Enquanto a capital pernambucana acumulou inflação de 26,46%, a da Bahia chegou a 21,54%. Belém registrou alta de 21,14% no preço médio da cesta básica. No mês de julho, a alta foi de 0,14%.
"O custo da cesta básica para uma família padrão paraense, composta de dois adultos e duas crianças, ficou em R$1.899,42, sendo necessários, portanto, aproximadamente 1,56 salários mínimos para garantir as mínimas necessidades do trabalhador e sua família somente com alimentação. Para pagar o montante, o trabalhador paraense teve que trabalhar 114 horas e 56 minutos das 220 horas previstas em lei", calcula Roberto Sena, supervisor técnico da entidade no Pará.
O preço do leite e dos derivados já se tornou preocupação nacional. O período seco de inverno tradicionalmente faz os preços subirem, já que o pasto fica mais escasso, prejudicando a produção leiteira.
O La Niña, fenômeno climático que acentua a estação seca, e a disparada nos preços dos combustíveis e fertilizantes também acentuaram a alta no preço do produto. Na opinião da dona de casa Socorro Castro, o produto é um dos que mais pesa no orçamento.
"Você não vive sem leite. Aqui em casa a gente consome muito. Tanto com café, quanto com achocolatado. A gente chega a comprar dez pacotes no mês e de vez em quando ainda compra o líquido de caixa. A cada ida no supermercado está mais caro. Mesmo que seja centavos, faz diferença", afirma.
Para a fisioterapeuta Ananda Martins, o preço do óleo nos últimos meses foi decisivo para ela comprar uma fritadeira elétrica. "Eu já andava querendo comprar uma airfryer por questão de saúde mesmo, para cortar o óleo nas comidas do dia a dia. Mas ficava enrolando. De uns tempos para cá foi ficando tão caro e eu decidi comprar. Mesmo as marcas mais baratas estavam caras, algumas quase R$10 reais a garrafa. Hoje em dia, consumo bem menos", conta.
Confira o preço médio dos itens da cesta básica em Belém em julho de 2022:
Carne: R$36,34
Leite: R$5,47
Feijão: R$7,10
Arroz: R$4,86
Farinha: R$7,16
Tomate: R$6,05
Pão: R$11,20
Café: R$21,60
Açúcar: R$4,46
Óleo: R$8,93
Manteiga: R$46,21
Banana: R$6,95
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