Alta no preço da carne, frango e ovo faz crescer procura por alimentos embutidos em Belém

Em um mercadinho no bairro de São Brás, por exemplo, a demanda pelas salsichas enlatadas dobrou no último mês

Natália Mello / O Liberal
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Com a alta nos preços da carne vermelha, do frango e até mesmo dos ovos, a procura pelos embutidos na capital paraense começou a aumentar nos últimos meses. Em um mercadinho no bairro de São Brás, a demanda pelas salsichas enlatadas dobrou no último mês, segundo o comerciante Manoel Mendes. “O enlatado está girando muito e, para nós, que estamos evitando comprar produtos para a venda que dependam de refrigeração, tem sido a saída”, afirmou.

Ainda de acordo com o dono do estabelecimento, essa mudança no que é comprado se deve às constantes altas da energia elétrica. “O nosso lucro estava praticamente para pagar a conta de energia. Por incrível que pareça, o que tem saído é salsicha, mortadela. Antes comprávamos uma caixa, que vem 24 latas, hoje compramos duas, às vezes até mais. Me surpreendi, principalmente com a salsicha enlatada”, concluiu.

Em agosto de 2020, o quilo dos cortes coxão mole, chã, cabeça de lombo e paulista, por exemplo, foi comercializado em média em Belém a R$ 27,62. Em dezembro de 2020, já custava R$33,23. Entre janeiro e agosto, o preço aumento em média 10%, acima da inflação registrada de 5,94% no Brasil segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Nos últimos doze meses, o valor ficou 32,04% mais caro, contra uma inflação de 10,42% no período.

De acordo com a Associação Paraense de Supermercados (Aspas), essa procura também está ocorrendo nos estabelecimentos maiores, especialmente por conta do reajuste de grande parte dos itens da cesta básica. O presidente da entidade, Jorge Portugal, explica ainda que isso foi um causador da diminuição do consumo do brasileiro, que passou a fazer compras menores e buscar produtos alternativos.

“Estão consumindo mais ovos, apesar de ter sofrido aumento, inclusive por questões influenciadas pela pandemia. É o que temos visto aí, não só no Pará, mas no Brasil como um todo, principalmente pelo aumento de produtos que são commodities, esse câmbio alto, o aumento do preço dos combustíveis, que influencia porque grande parte do abastecimento dos supermercados no país ainda é via rodoviária. Isso aumenta porque é componente do custo final devido a esses aumentos no frango, café, na carne, no ovo”, finaliza.

Sara Oliveira, estudante, conta que o consumo de alimentos embutidos aumentou na casa dela após o aumento dos preços da carne vermelha. Antes, ela consumia ocasionalmente esses alimentos, agora, os embutidos estão cada vez mais presentes nas refeições. "Nós começamos a consumir mais por conta do aumento do preço da carne, a gente consumia menos antes, mas aí com esse aumento, alguns dias temos que comprar mais embutidos pro almoço ou jantar. A gente tem trocado carne no almoço pra comer mais esses alimentos porque fica mais barato", conta a estudante. 

A estudante afirma que a procura por esses alimentos também acontece pela praticidade no preparo das refeições e, consequentemente, acarreta na economia do gás de cozinha. No entanto, ela percebe que os preços desses itens também subiram, como por exemplo o da conserva enlatada. "É ruim porque eram alimentos mais baratos, que atendiam às famílias que só tinham condições pra se alimentarem dessas coisas que eram mais básicas, mas hoje em dia, a conserva ficou muito cara e deixamos de comprar". 

Preços

Segundo o comerciante Gleidson Galvão, de 43 anos, que possui dois estabelecimentos de vendas de gêneros alimentícios, os preço dos alimentos embutidos tiveram um aumento de quase 100% em alguns itens. Ele costuma fazer compras em supermercados toda semana, e ressalta que os maiores aumentos percebidos foram no quilo da mortadela, que antes da pandemia costumava comprar por R$ 4 e hoje está em média R$ 8; conserva enlatada, que antes custava em média R$ 5 e hoje está custando R$ 10; calabresa, que antes custava em média R$ 12 e hoje está R$ 18; salsicha, que antes era R$ 4 e hoje está em média R$ 10. 

Além dos aumentos nos alimentos, ele percebe que o padrão de consumo dos clientes mudou. "Antes, as pessoas compravam por quilo, era 1 quilo ou meio quilo de mortadela, calabresa, salsicha, mas hoje em dia, a pessoa pede à retalho, por exemplo, 5 reais de calabresa, 3 reais de mortadela. Existem famílias que são grandes e não tem condições para comprar outras coisas, mas até para comprar esses alimentos está ficando difícil."

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