Impacto social: empresa movimenta economia de Moju por meio da cadeia de dendê
Processo não inclui o uso de produtos químicos e gera resultados positivos, como geração de energia própria e uso consciente do solo
Biscoitos, chocolates, massas de bolo, cosméticos: são diversos os produtos de marcas conhecidas que utilizam óleo de palma em sua composição, também conhecido como óleo de dendê, cujo principal produtor do país é o Pará, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas, para que o fruto seja usado em produtos finais, a cadeia de produção e tratamento é extensa.
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Com uma plantação de 60 mil hectares no Pará, em quatro polos de produção agrícola, a Brasil Bio Fuels (BBF) tem capacidade de extrair 120 toneladas do fruto por dia e, em média, 30 mil toneladas por mês apenas na fábrica de Moju, que gera seis ou sete mil toneladas de óleo de dendê mensalmente.
O processo passa por 12 etapas, incluindo esterilização, fragmentação, prensagem de palma, prensagem de palmiste, recuperação de amêndoas, tratamento de água, entre outros. Não se usa produtos químicos, apenas água e valor, em um processo físico, e são dois tipos de óleos produzidos: de palma e de palmiste, respectivamente com aproveitamento de 20% e 2% do fruto.
Impacto
Para a economia local, os pontos são positivos. Os trabalhadores do campo, que atuam na colheita e produção, recebem, além do salário da categoria, superior ao mínimo, uma espécie de comissão, que depende da quantidade de cachos colhidos. Já os que trabalham na indústria não ganham comissão, mas têm recebimentos competitivos, superiores aos dos outros profissionais.
Entre os contratados existem os que ocupam as funções de operador do campo, operador da indústria (com três níveis), mecânico, operador de caldeira, instrumentista e outros, que, juntos, somam 212 pessoas no polo de Moju. A maioria dos trabalhadores é da própria região, alcançando, no máximo, 100 km no entorno, até Vila dos Palmares.
O tratamento industrial ainda ajuda a agricultura familiar do entorno. São cerca de 50 produtores, e um deles é Jaci Silva, de 48 anos, que era funcionário da BBF e acabou investindo na própria plantação, sendo agora responsável por vender à empresa cerca de 12 toneladas por mês de palma.
“No passado, eu era funcionário dessa empresa, por 10 anos trabalhei para ela, e tive o privilégio de implantar 10 hectares de dendê, que são 1.430 plantas. Trabalhava de segunda a sexta na BBF e, no sábado e domingo, para mim, e hoje faturo de R$ 15 mil a R$ 20 mil mensais”, conta.
Segundo o produtor, o contrato com a empresa vai durar um total de 25 anos. Ele trabalha com quatro pessoas de sua família, e, juntos, conseguem fazer a manutenção geral de limpeza, colheita e o carregamento; já a área industrial fica com a Brasil Bio Fuels. Mesmo depois de pagar todos os salários, o lucro ainda é de 60%, com o custo de R$ 825 a tonelada.
Sustentabilidade
Outra vantagem da produção é o impacto positivo no meio ambiente, já que todos os subprodutos são usados para compostagem, reaproveitados, servindo como adubo. O fluxograma da indústria inclui o fruto inteiro e, a partir dele, as nozes e amêndoas, por exemplo. Também são usados a borra, as fibras e os cachos nos processos, com 30% de adubação orgânica. “A ideia é fazer um ciclo fechado utilizando todos os subprodutos”, dizem os colaboradores.
A energia elétrica utilizada na fábrica, por sua vez, vem de produção própria, aproveitando o vapor que é gerado queimando biomassa, resultando em um negócio mais viável para a empresa e com benefícios ao meio ambiente. O biodiesel, combustível feito a partir de qualquer óleo ou verdura vegetal, ainda não é feito no Pará, mas sim em Roraima e Rondônia. O intuito, entretanto, é abastecer alguns municípios do Marajó com essa energia.
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