Guardas portuários fecham portos de Miramar, Santarém e Vila do Conde, administrados pela CDP
Eles pedem assinatura do acordo coletivo e denunciam as condições de infraestrutura dos portos
Desde as 5h desta quarta-feira, guardas portuários realizam um protesto no Estado, com o fechamento dos principais portos administrados pela Companhia Docas do Pará: Miramar, em Belém, Vila do Conde, em Barcarena, e o Porto de Santarém. O ato foi convocado por tempo indeterminado. Na capital, a manifestação provocou uma enorme fila de caminhões na Arthur Bernardes, próximo ao terminal de Miramar, por onde passam os combustíveis que abastecem a região.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Guardas Portuários do Pará (Sindiguapor), Rodrigo Rabelo, a principal reivindicação é a assinatura do acordo coletivo da categoria. "Estamos há dois meses sem acordo coletivo, o que ocasionou a Companhia a pagar a remuneração do mês de setembro com redução de 30% do salário. É uma forma de cobrar que a companhia chame o Sindicato para assinar, para ver se gente chega a um acordo", disse.
Ele diz que o protesto também pretende alertar para as condições de trabalho. "Além disso, para informar o descaso da diretoria com a infraestrutura dos portos, cheios de buracos e situações de risco", completou.
O carreteiro Nildo de Sousa Silva, de 49 anos, chegou 6 horas no Terminal de Miramar e, pouco antes das 10h, ainda esperava paara entrar. "A gente não tem culpa disso, eles têm que procurar outro meio de se manifestar, não é no meio da entrada da empresa. A gente não tem nada a ver com isso. Isso é um problema que eles têm que resolver com o pessoal lá", reclamou.
Em Santarém, enquanto aguarda a finalização da greve, o caminhoneiro Waldisson Fernandes fez um churrasco improvisado. “Não estou fazendo nada, então, resolvi assar uma carne. Não achei muita vantagem na greve. Os caras param e nós somos obrigados a parar “, lamentou.
Já para o caminhoneiro Amauri, a manifestação dos guardas portuários é necessária para a busca dos diretos. “Essa greve é deles. A gente está só na expectativa e esperando para descarregar os produtos. Eles estão no direito deles, pois estudaram para chegar nesse nível e não estão errados”, apoiou.
Fabrício da Silva Pinto, guarda portuário, afirma que as tentativas de negociação estavam no limite. "Chegamos no momento em que a gente não queria chegar, que é a da greve, traz transtorno pra todo mundo essa situação. A gente tem um acordo coletivo que vem se arrastando por dois anos e a nossa categoria já até abriu mão de alguns ganhos conquistados há anos, quinze, vinte anos, a gente abriu, recuou, mas a CDP impõe problemas, dificuldades, para fechar o acordo coletivo. E por último, ela apresentou um acordo coletivo pra gente, a gente aceitou, só que ela disse que ia demorar, precisava remeter pra Brasília, pra poder voltar pra gente e ter a resposta. Então, isso foi a gota d´água", argumenta.
Outro guarda portuário, Diego Figueira, guarda portuário diz que a categoria está com os salários congelados há quatro anos e a CDP não enfrenta problemas financeiros. "Apesar da pandemia, aumentou a receita. Agora, a empresa insiste em não renovar o acordo coletivo com os trabalhadores. Pela dimensão da atividade portuário no estado, a diretoria é totalmente responsável pelo caos ocasionado para população, aos empresários, aos negócios do Estado, porque estamos há dois anos tentando chegar a um acordo com a empresa. Então, não temos outra alternativa que não seja cruzar os braços", declarou.
Organizada pelos guardas portuários, a manifestação recebu apoio de outras categorias que trabalham no setor. "É uma luta de longa data de toda a comunidade portuária. Nós só queremos que a Constituição seja efetivamente respeitada, porque a atual diretoria não faz uso dos poderes que a Constituição dá pra eles. Eles têm autonomia orçamentária para negociar com os trabalhadores e eles ficam postergando, falando que dependem de Brasília. Isso tá errado. Os diretores têm independência para fechar o acordo. E diferente de outras atividades econômicas, a CDP goza de grande conforto financeiro e orçamentário. O que ela está retirando, já foi aprovado pro gasto esse ano", disse Dalton Beltrão, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Serviços Portuários no Estado do Pará e Amapá (Sindiporto).
A manifestação é por tempo indeterminado. De acordo com o Sindicato dos Guardas Portuários, 50% do efetivo permanece trabalhando. Os manifestantes têm permitido a saída dos produtos que chegam ao Porto, mas não a entrada no terminal.
O Grupo Liberal entrou em contato com a Companhia Docas do Pará (CDP), que ficou de enviar uma resposta sobre o problema.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA