Greve na Funpapa entra no 2º dia e gera nova fila em frente ao CadÚnico da Augusto Montenegro
Servidores pedem melhores condições de trabalho, realização de concurso público e realinhamento da tabela salarial previsto no Plano de Cargos e Carreira da categoria
O segundo dia da greve dos servidores da Fundação Papa João XXIII (Funpapa) foi marcado por uma manifestação da categoria em frente à Central do Cadastro Único (CadÚnico), localizada na Augusto Montenegro, nesta terça-feira (29). No local, uma enorme fila de beneficiários de programas sociais voltou a se formar. Os atendimentos iniciaram mais cedo, às 6h e, segundo, algumas pessoas ouvidas pelo Grupo Liberal, o número de senhas foi ampliado de 120 para cerca de 170, para atender a demanda. Mesmo assim, por volta das 8h30, muitas pessoas ainda aguardavam na fila sem a garantia do atendimento.
VEJA MAIS
Valdecir do Rosário, borracheiro de 54 anos, buscou a Central do CadÚnico para verificar se teria direito a um benefício do governo. Atualmente desempregado, ele chegou por volta das 7h30 e, até próximo das 9h, não tinha conseguido senha e nem uma resposta se seria atendido. "Eu tenho meu compromisso, eu estou aqui porque eu preciso, se eu não precisasse eu não estaria aqui. A gente quer, pelo menos, uma resposta. Eu tenho meu compromisso, eu estou aqui porque eu preciso, se eu não precisasse eu não estaria aqui", reclamou.
No dia anterior, por causa da greve, a abertura da Central atrasou, enquanto um grande número de pessoas aguardavam atendimento desde as primeiras horas da madrugada. Muitos beneficiários também retornaram para casa sem serem atendidos. Os trabalhadores da Fundação paralisaram suas atividades por tempo indeterminado e reivindicam melhores condições de trabalho, realização de concurso público e realinhamento da tabela salarial previsto no Plano de Cargos e Carreira da categoria. O órgão municipal responde pela implementação da política de assistência social de Belém.
Além do Cadastro Único, estão sob responsabilidade da Funpapa os Centros de Referência da Assistência Social (CRAS), Centros de Referência Especializados (CREAS), Espaços de Acolhimento (abrigos), Centro de Atendimento a moradores de Rua e Centro DIA. Segundo o Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores do Sistema Único da Assistência Social (SintSuas), ao todo, 631 servidores efetivos trabalham nesses locais - junto aos mais de 200 que são contratados - e ainda na sede administrativa e almoxarifado da Fundação. Desses, 90% estão aderindo ao movimento de paralisação das atividades.
“Na nossa opinião, o que a gente tem vivenciado é uma total falta de condições de trabalho dos servidores. Nos CRAS, você não tem recursos materiais para o atendimento, porque não são equipamentos somente para fazer cadastro, eles atendem as famílias e não tem um número suficiente da equipe de assistentes sociais e de psicólogas para fazer esse atendimento. A população está sofrendo com essa agenda, pela falta de servidor… Hoje, por uma quantidade pequena de servidor, as agendas estão para três meses”, explica Josyanne Ribeiro, de 54 anos, servidora pública do CREAS e membro da coordenação do SintSuas.
Nesta segunda-feira (28), primeiro dia da greve, os representantes do sindicato estiveram reunidos com Luiz Araújo, titular da Secretaria Municipal de Controle, Integridade e Transparência (Secont), para expor os problemas e pedir melhorias. Porém, as reivindicações não foram atendidas. “O quantitativo de servidor é pequeno, o CREAS atende questões de atendimentos de violências série contra crianças, adolescentes, é a porta de entrada para esses atendimentos graves, que fica distante por conta de uma equipe pequena, com somente um psicólogo de manhã e um de tarde”, lamenta Josyanne.
“Revindicamos concursos públicos urgentes. O último que teve foi em 2018 e, de lá para cá, muitos servidores se aposentaram. Sobre a nossa tabela salarial, a gente mostrou para eles que têm como resolver e eles disseram que não tem como garantir o pagamento, devido a baixa arrecadação do município. Mas vimos que tem R$ 9 milhões na conta da Funpapa, isso consta no site do ministério do Desenvolvimento Social. Por que não utilizam? Eles [a Secont] nos deram razão e disseram que vão atender, vão verificar se está tendo algum problema técnico na Funpapa”, destacou a servidora pública.
A reportagem do Grupo Liberal solicitou mais informações à Prefeitura de Belém sobre as negociações para atender as demandas dos servidores. Porém, até o fechamento desta edição, não teve retorno.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA