Governo Lula quer importar gás natural da Argentina

Vaca Muerta é a segunda maior reserva não convencional do mundo, conhecida por sua riqueza em gás e óleo de xisto. No entanto, a extração desse tipo de gás é feita por um processo considerado prejudicial ao meio ambiente

Igor Wilson
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O governo brasileiro está considerando importar gás natural da Argentina como parte de seus esforços para aumentar a oferta do produto no Brasil. A proposta em discussão envolve trazer o gás de xisto produzido na reserva de Vaca Muerta, localizada no oeste argentino, por meio do Gasbol (Gasoduto Bolívia-Brasil), que atualmente está operando bem abaixo de sua capacidade, devido à queda na produção boliviana. 

A informação foi confirmada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, durante uma entrevista à agência Epbr no 42º CERAWeek, evento anual do setor de energia realizado em Houston, nos Estados Unidos. Silveira destacou a necessidade do Brasil em ampliar sua oferta de gás natural, considerando as potencialidades tanto do gás offshore (no mar) quanto do onshore (em terra). 

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Produção Recorde

O Brasil registrou um recorde na produção de gás natural em 2023, alcançando 150 milhões de metros cúbicos por dia. No entanto, metade dessa produção é reinjetada nos poços como estratégia para aumentar a extração de petróleo, devido à falta de infraestrutura de escoamento e transporte. Como resultado, o país depende de importações de gás da Bolívia (via Gasbol) e de outros países por meio de navios.

'Fracking'

Vaca Muerta é a segunda maior reserva não convencional do mundo, conhecida por sua riqueza em gás e óleo de xisto. No entanto, a extração desse tipo de gás, por meio de um processo conhecido como "fracking", é considerada prejudicial ao meio ambiente e por isso enfrenta resistência de autoridades ambientais.

Apesar disso, o potencial de gás de xisto tem despertado interesse no Brasil, com o ministro Silveira defendendo um amplo debate sobre a possibilidade de exploração dessa fonte de energia, bastante explorada em países como Estados Unidos e Canadá. 

Quanto à importação do gás argentino, a Petrobras está conduzindo estudos para avaliar a viabilidade do projeto. O uso do Gasbol seria uma opção mais econômica de importação, aproveitando a infraestrutura existente. No entanto, isso exigiria um acordo entre Brasil, Argentina e Bolívia.

Em relação ao financiamento do projeto, o governo Lula chegou a prometer o apoio financeiro do BNDES em 2023, para a construção de uma extensão do Gasoduto Presidente Néstor Kirchner na Argentina. No entanto, as conversas sobre o financiamento esfriaram após a vitória e posse do atual presidente argentino, Javier Milei, opositor declarado do presidente brasileiro. 

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