Golpes na internet no Pará: saiba como se proteger ao realizar uma compra online
Registros de estelionato por meio eletrônico no Pará quadriplicaram de 2021 a 2022
Bastam alguns minutos nas redes sociais para começarem a surgir anúncios dos mais variados itens. E, em poucos cliques, todos estão disponíveis para compra pelo próprio celular. A praticidade – principal característica de uma compra online - é inegável. O preço oferecido, muitas vezes, também é tentador. No entanto, como diz o antigo ditado: nem tudo o que reluz é ouro, e o que parece ser um grande negócio, em muitos casos, acaba em frustração e dor de cabeça. Você paga, mas não recebe o produto. Trata-se de um golpe.
Situações como essa estão se tornando cada vez mais recorrentes no Brasil. E, no Pará, não é diferente. A prática criminosa tem nome e sobrenome. Chama-se estelionato virtual e acontece quando alguém obtém vantagem ilícita em razão do prejuízo alheio por meio de fraude. Ou seja, alguém oferece uma boa oportunidade e pede algo simbólico em troca. Uma oportunidade atraente, mas que leva as pessoas a caírem em diferentes tipos de golpes. Em 2022, este tipo de crime aumentou. No Pará, o estelionato virtual quadriplicou.
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Estelionato por meio eletrônico cresce no Pará
De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023, que apresenta dados dos dois anos anteriores, os registros de estelionato por meio eletrônico no Pará saltaram de 2.344, em 2021, para 12.988, em 2022. No Brasil como um todo, foram 120.470 ocorrências em 2021, enquanto que, em 2022, foram 200.322. O anuário, entretanto, não contabiliza dados nessa modalidade em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Ceará e Bahia. Logo, pressupõe-se um número ainda maior.
Para aplicar golpes, os criminosos já se utilizam até do PIX – sistema instantâneo de pagamento e transferência -, que, dada a sua praticidade, rapidamente foi incorporado à rotina de milhares de brasileiros. Ao clicar em um site falso, um vírus é instalado no computador e/ou smartphone da vítima que, sempre que faz um PIX na modalidade “copia e cola”, esse mesmo vírus muda o destinatário, enviando o dinheiro para a conta fornecida pelo criminoso. Por isso, é necessário sempre verificar se o destinatário está correto.
Além do golpe do “pix copia e cola”, de acordo com advogado André Luiz Bastos, presidente da Comissão de Direito Digital da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Pará (OAB-PA), diversos tipos de golpes são comuns do ambiente virtual. E, para este mês de novembro, em que várias ofertas circulam pela internet por ocasião da Black Friday, vale ter atenção redobrada na hora de adquirir algum produto. Se possível, dê preferência a lojas/sites de sua confiança.
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Site falso é risco na Black Friday
Uma das fraudes mais recorrentes neste período, segundo ele, é a do site falso, que pode ou não estar atrelada, na hora do pagamento, a outros esquemas fraudulentos, como o boleto falso e o próprio golpe do PIX copia e cola. André explica que, para enganar a vítima, os criminosos simulam um site praticamente idêntico ao oficial, de uma determinada loja. “O site é muito parecido com o verdadeiro e, normalmente, com preços muito abaixo do mercado. Em síntese, a vítima compra, mas não recebe o produto”, diz.
A dica para evitar esse tipo de golpe é priorizar sites confiáveis, de lojas conhecidas no mercado, ou ainda pesquisar informações sobre a loja, como telefone fixo, endereço e o número do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). Essas informações devem estar contidas no próprio site. Além disso, verifique se o site tem certificado de segurança. Ao acessar um site, o cadeado fechado ao lado da URL significa que o site é seguro.
O certificado de segurança de um site é requisito essencial para lojas virtuais por requererem inserção de dados pessoais e cartão de crédito. Mas, para além disso, desde 2018, a segurança em sites passou a ser um fator de ranqueamento em sistemas de buscas como o Google. Outra alternativa, em caso de desconfiança, é realizar uma buscativa pela internet em plataformas como o “Reclame Aqui”.
“O estelionato virtual é, algumas vezes, difícil de rastrear. O melhor é se prevenir. Mas, uma notícia boa é que está vigorando a Lei 14.155, de 2021, que incluiu o crime de Fraude Eletrônica no Código Penal. Uma pena que antes era de um a cinco anos de reclusão mais multa, passou a ser de quatro a oitos anos mais multa, sendo agravada - aumentando de 1/3 a 2/3 - quando se trata de idosos ou vulnerável”, informa o advogado André Bastos.
Saiba quais são os principais golpes
1- Phishing: Envio de e-mails ou mensagens fraudulentas que parecem legítimas para obter informações pessoais, como senhas e dados bancários.
2- Site falso: o site é muito parecido com o verdadeiro e, normalmente, com preços muito abaixo do mercado. A vítima compra, mas não recebe o produto.
3. Golpe do Whatsapp: quando o criminoso se passa por um parente ou conhecido. Em seguida diz que estão com um número novo e passam a pedir dinheiro ou informações sigilosas.
4. Golpe do boleto falso: a vítima, ao tentar imprimir a segunda via da concessionária de energia ou companhia telefônica, acaba entrando em um site clonado. Ela imprime e paga um boleto que na realidade é falso. Ela só descobre que era falso quando tem o serviço cortado.
5- Golpe do falso leilão: Os criminosos criam sites de falso leilão e, para dar credibilidade, colocam fotos, cópias de documentos, depoimentos falsos de pessoas que compraram carros. Após a vítima indicar um lance, recebe uma falsa carta de arrematação com uma ordem de pagamento que pode ser feito por boleto ou depósito bancário. Com o pagamento, os criminosos somem.
Cinco dicas de como se proteger de golpes na internet
1 - Nunca clique em links recebidos por SMS, WhatsApp ou e-mail, caso desconheça a origem;
2 - Mantenha software, antivírus e sistemas atualizados;
3 - Desconfie de ofertas com preço muito abaixo do mercado;
4 - Verifique a autenticidade do site. Tem sempre um desenho de um cadeado acima do lado esquerdo.
5 - Ao fazer o pagamento pela internet, dê preferência para realizá-los com cartões virtuais. Eles são gerados com variações de números e, dependendo do banco, vale apenas para aquela compra, o que diminui fraudes futuras. Também habilite no seu banco a função de notificação de compras para ser sempre avisado quando for feita alguma transação.
Caí em um golpe, o que devo fazer?
A primeira coisa que se deve fazer é fazer um Boletim de Ocorrência, que pode ser feito de forma virtual, através da delegacia virtual, ou presencialmente, na Delegacia de Combate a Crimes Econômicos e Patrimoniais Praticados por Meios Cibernéticos. A delegacia fica na Avenida Pedro Miranda, 2288, entre Perebebuí e Passagem D’hotel, no bairro da Pedreira, em Belém. Após isto, é recomendando procurar um advogado de sua confiança para dar diligência no caso;
Se você foi vítima de um falso PIX, o advogado André Luiz Bastos recomenda que, além de registrar o Boletim de Ocorrência, procure-se imediatamente a sua agência bancária para que seja solicitado Mecanismo Especial de Devolução (MED). O caso é analisado em até sete dias. Se concluírem que não foi fraude, o recebedor terá os recursos desbloqueados. Se for fraude, em até 96 horas você receberá o dinheiro de volta.
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