Fortalecimento de laços comerciais do Brasil com a China podem favorecer o Pará

Especialistas e representantes de setores estratégicos acreditam que o mercado de exportação paraense pode aumentar a partir de novo acordo ou parceria

Elisa Vaz
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Um eventual estreitamento das relações comerciais do Brasil com a China a partir da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao país asiático pode beneficiar o Pará, segundo a coordenadora do Centro Internacional de Negócios (CIN), ligado à Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), Cassandra Lobato.

O bloco da Ásia, liderado pela China, é um dos principais compradores do Estado, respondendo pela aquisição de boa parte do volume exportado localmente.

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Segundo dados do próprio CIN, no primeiro trimestre deste ano, o destino de 59,98% de tudo que foi exportado pelo Pará foi a China, somando US$ 2,7 bilhões. Os principais produtos vendidos de janeiro a março foram minério de ferro (US$ 1,6 bilhão sozinho), seguido da soja, ferro e níquel e carnes desossadas.

Já no ano de 2022 como um todo, o Pará exportou mais de US$ 14 bilhões à China, que respondeu pela compra de 65,52% dos produtos paraenses. O minério de ferro também ficou em primeiro lugar, com quase US$ 10 bilhões em volume, à frente da carne e da soja.

“A China é a nossa principal parceira. Os Estados Unidos, no passado, eram o principal comprador, hoje estão em quarto. O país asiático sempre foi um dos grandes responsáveis por fazer com que o Pará se mantivesse em primeiro lugar no saldo da balança comercial brasileira", destaca Cassandra.

Quando houve o fechamento por causa da pandemia, segundo ela, além da crise imobiliária na China, "caímos para terceiro ou quarto. Dependemos muito deles para manter nosso protagonismo. E a visita do presidente é muito importante para fortalecer a aliança, até porque muito se baseia o otimismo de crescimento por causa da China”.

Na avaliação da coordenadora do CIN, quando se fala em “abrir mercado” para o país asiático, é necessário focar em consolidar os produtos que já estão em pauta e no mercado chinês. “Há variação em alguns produtos. O minério é um exemplo do que já se consolidou, mas outros o Pará ainda precisa se fidelizar e conquistar”, opina.

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Zootecnista e diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa, Guilherme Minssen afirma que toda a negociação é sempre muito bem-vinda para o produtor rural.

“Nós precisamos ter mercado, nós precisamos exportar, nós produzimos mais do que nós consumimos, principalmente aqui no Pará. Passamos só 33% de toda a carne que produzimos. O mercado chinês, para nós, é fundamental. E, para eles, incluindo Indonésia e todos os países de lá, a produção no Brasil hoje é a única saída que eles têm, porque nossos concorrentes estão atravessando uma série de crises, como Argentina e Austrália”, destaca. Segundo Minssen, o Brasil é a “bola da vez” e o Pará está preparado para assumir mais protagonismo.

Impacto

A visita do presidente Lula à China deve ser vista, segundo o economista Mário Tito Almeida, como forma de reatar laços de confiança, principalmente porque é acompanhada de empresários e outras autoridades. Essa atitude, diz Tito, gera “abertura e a ampliação de mercados” por meio de novos negócios e oportunidades.

“É importante que a ida de empresários amplie a possibilidade da pauta de exportação. Isso gera divisas para o país. A diplomacia presidencial, com esse foco na abertura de negócios, é altamente salutar e interessante, especialmente na medida em que a China é o principal parceiro comercial do país. Isso significa que o Brasil se coloca para conversar com o parceiro que mais colabora com a balança comercial brasileira. Aproximar-se da China sem esquecer os Estados Unidos é, do ponto de vista econômico, altamente importante”, destaca.

A grande questão, diz o economista, é negociar algo que já existe, a compra de commodities brasileiras, mas em condições melhores para o Brasil, para que essas compras possam ter a valorização de produtos que são importantes na pauta brasileira em uma retomada da sua industrialização.

Três pautas são consideradas por ele como prioritárias: reforço nas parcerias relacionadas às commodities, seja soja e outros produtos agrícolas e agropecuários ou minerais; a centralidade da questão ambiental, que coloca o Pará no centro das discussões; e o indicativo de parcerias no campo educacional, como intercâmbios e produções científicas. E, como o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), está na comitiva presidencial, significa um diferencial ao Estado, argumenta Mário Tito.

Dados de exportações do Pará à China

1º trimestre de 2023:

  • Volume: US$ 2,7 bilhões
  • Percentual de participação da China: 59,98%
  • Principais produtos exportados: minério de ferro, soja, ferro e níquel e carnes desossadas

2022: 

  • Volume: US$ 14 bilhões
  • Percentual de participação da China: 66,52%
  • Principais produtos exportados: minério de ferro, carne e soja

Fonte: CIN/Fiepa

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