Feira em Belém abre espaço para conexão entre o açaí que vem da floresta e a cidade

Comunidade do Meruú é uma das principais produtoras de açaí de Igarapé-Miri e lança, agora, marca de produtos na capital.

Natalia Mello
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O teatro da Estação Gasômetro, em Belém, foi palco, neste domingo (28), da I Feira da Cadeia Produtiva do Açaí de Igarapé-Miri, que propõe um encontro entre o açaí e os povos ribeirinhos e a comunidade urbana. A ideia, segundo a Federação das Cooperativas da Agricultura Familiar do Estado do Pará (Fecaf), realizadora do evento, é fazer a ponte entre as cooperativas do município – especialmente a da comunidade do Meruú – e o mercado, trazendo para o debate a importância da responsabilidade ambiental com a Amazônia dentro de um cenário favorável para o desenvolvimento de atividades econômicas para os pequenos produtores.

“Hoje apresentamos aqui o projeto que batizamos de Franquia Social. O que normalmente ocorre, as franquias cobram alguma coisa para levar o nome da marca, mas o nosso processo é diferente, as pessoas interessadas em trabalhar no projeto recebem a estrutura, produzida muitas vezes pela cooperativa, e em troca pedimos que a pessoa tenha um espaço caracterizado. A ideia é não só vender açaí, mas a cultura paraense e o nosso potencial para outras aplicações”, declarou o presidente da Fecaf, César Marinho.

De acordo com ele, a fábrica da Franquia Social começa a funcionar em janeiro. “Nós temos acordo de cooperação com as redes de microcrédito pelo Brasil que financiam pequenos negócios, então o produtor monta o negócio e o compromisso que tem é de comprar o açaí da comunidade. Hoje o açaí é transformado em mix ou como chamam sorbet e já temos parceria com Fortaleza, Itajaí e São Paulo, vamos começar a enviar para lá e passamos a ser uma distribuidora de produtos beneficiados”, conclui.

Sob a lógica da economia verde, que busca reduzir os impactos ambientais, o açaí fornece material para a produção de modulados usados na construção civil, e também é fonte de energia renovável, evidenciando sua potência industrial. Tudo isso só é possível pelas mãos da agricultura familiar, por isso outro ponto destacado entre os mais importantes do processo é o pequeno produtor, torná-lo protagonista e fazê-lo entender o que é receita para ele. De acordo com a coordenadora cultural do evento, Mairna Dias, seis mil famílias da comunidade do Meruú produzem R$ 100 milhões ao ano com a produção do açaí – Igarapé-Miri segue na liderança da produção do fruto no Pará, que também permanece como primeiro da atividade no país, com 94% do que é produzido em território brasileiro.

“Queremos dar destaque para comunidade de Nazarezinho, localizada às margens do rio Meruú. Buscamos dar protagonismo a eles, que atuam em uma atividade extremamente lucrativa. A feira vem para dar visibilidade a esse povo e quer ressaltar não só a questão econômica, mas tradições, saberes, hábitos. Fazer em Belém foi intencional porque também é oportunizar que eles conheçam, e muitos dos cooperados nunca vieram a Belém”, explica Mairna.

A programação ocorreu de 9h às 13h, com entrada franca, e contou com palestras sobre o açaí como fonte de energia, matéria-prima para a indústria, além de um bate-papo com um dos maiores nomes da gastronomia amazônica, o chef Ophir Oliveira, à frente do projeto Sabor Selvagem, conduz o bate-papo "Açaí de várzea, açaí do futuro". Também teve oficina voltada para crianças, exibição de documentário e shows do Carimbó de Igarapé-Miri e Grupo Manipará.

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