Falta de profissionais qualificados desafia salões de beleza em Belém
Disponibilidade de horário e qualificação dificultam prestação de serviço

Em meio a esmaltes, secadores e agendas lotadas, os salões de beleza em Belém têm enfrentado um desafio crescente: encontrar profissionais qualificados e com disponibilidade para atender à demanda. Proprietárias de espaços de beleza relatam dificuldades para montar equipes estáveis, enquanto muitas manicures optam por trabalhar de forma autônoma, em busca de mais liberdade e flexibilidade.
O segmento da beleza está inserido no setor de serviços, embora não sejam considerados essenciais, cada vez mais, a procura se intensifica e demanda que os estabelecimentos tenham horários de atendimento mais dinâmicos. Mara Moraes, sócia proprietária de um estabelecimento de beleza em Belém, afirma que há falta de mão de obra qualificada na cidade para trabalhar no ramo da beleza. Segundo a empreendedora, além da qualificação, outro principal fator que dificulta as contratações é a disponibilidade de horário.
“Uma das dificuldades, que muita das vezes, as próprias profissionais apresentam quando vêm no momento da entrevista é sobre a flexibilização de horários. Muitas das vezes, elas reclamam que os horários trabalhados são acima do normal, trabalhando de segunda a segunda, e isso acaba sendo um fator de afastamento”, declara a empreendedora.
Mara conta também que, como em qualquer ambiente de trabalho, as profissionais precisam se adequar às normas dos salões de beleza, o que nem sempre é fácil.
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“A profissional que não se adequa às normas do estabelecimento acaba sendo uma dificuldade para o próprio espaço, de ter agendas com clientes e, de repente, a profissional não comparece para prestar aquele serviço, às vezes, por falha de comunicação, elas acabam não informando que têm problemas externos, como problema de saúde, etc.”, aponta.
Experiência na atividade é imprescindível
Mara ressalta que não é suficiente ter um curso de qualificação. Os estabelecimentos estão em busca de pessoas que tenham experiência e segurança para desempenhar o seu trabalho.
“Uma coisa é a profissional prestar serviço a pessoas da família, irmãs, mãe, vizinho, e outra situação é se adequarem a trabalhar num espaço de beleza, onde tem um certo nível de pressão, de responsabilidade, porque elas vão estar atendendo clientes dos mais diversos estilos.”
“Os espaços de beleza, óbvio, querem trabalhar com profissionais qualificadas, porque a gente não quer correr o risco de machucar uma cliente ou deixar uma cliente insatisfeita. Elas precisam treinar, precisam realmente estar qualificadas para se inserirem no mercado. As profissionais precisam demonstrar muita experiência e muita segurança para executar os serviços”, enfatiza a proprietária.
Já Renata Carvalho, sócia-proprietária de um espaço de beleza, diz que uma alternativa que o estabelecimento encontrou para conciliar as demandas de atendimento com o horário das profissionais é oferecer gratificações. Na maioria dos salões, o pagamento só é feito mediante atendimento, o que torna incerto o rendimento dos cabeleireiros, manicures e maquiadores.
“Elas dizem que, quando não tem movimento de clientes no local, ficam o dia todinho ociosas, sem trabalho, e saem com “uma mão na frente e outra atrás”, ou seja, para todo caso, se você for se você se colocar no lugar da pessoa, que fica o dia todinho à sua disposição, no seu empreendimento, não é justo ela sair do espaço sem nada a receber naquele dia porque não teve movimento. Então, a gente propõe uma comissão”, revela a empreendedora.
Atendimento por conta própria
Na outra ponta, Izabella Lima faz parte do grupo de profissionais de beleza que não pretendem trabalhar em um salão convencional. Desde a pandemia da Covid-19, ela passou a atender como manicure, e diz que prefere atuar por conta própria.
“Na pandemia, comecei a fazer unhas postiças prontas, depois fiz alguns cursos, agora trabalho por conta própria. Já montei meu espaço para atendimento”, detalha.
Izabella afirma que para garantir um bom trabalho, é preciso fazer investimentos em cursos. A manicure atende entre 25 e 30 clientes por mês, por isso acha mais vantajoso trabalhar sozinha.
“A maioria dos salões exigem agilidade para atender mais e mais, isso acaba prejudicando a forma de atender, a entrega do serviços (acabamento), e também o valor. A carga horária é grande e, às vezes, não ganhamos nem 50% do valor. Eu fiquei um dia em salão, desde então trabalho por conta própria”, conclui a profissional.
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