Encomenda de roupas juninas é tradição que movimenta economia de Belém

Período pode representar 90% do faturamento anual de alguns negócios

Gabriel da Mota

Há décadas, o mês de junho, no Pará, é marcado pelas tradicionais festas juninas. Em 2024, a demanda por roupas típicas tem impulsionado significativamente o mercado de tecidos e costura. Empreendedoras do ramo em Belém relatam que este é um dos períodos mais lucrativos do ano, com um crescimento expressivo nas encomendas de uniformes para apresentações de estudantes e misses, bem como nos pedidos por customização de peças para o público em geral. 

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A costureira Luciana Assis, que possui um ateliê no bairro de Val-de-Cães, relata que a preparação para o São João começa com um mês de antecedência, devido à alta demanda e à complexidade das roupas. Este ano, ela já produziu cerca de 60 peças, a maioria para turmas escolares. O volume significativo a permite aumentar o faturamento médio, que fica entre 30% e 40% em outros períodos do ano, para 60% nesta época. “Eu já tirei um lucro ótimo que, se eu não quiser trabalhar o restante do mês todinho, eu já não preciso”, comenta a costureira, que é natural do Rio de Janeiro (RJ) e confecciona roupas juninas em Belém desde 2019. 

Os custos dos materiais, no entanto, têm aumentado consideravelmente. Luciana menciona que tecidos como a chita e o tricoline dobraram de preço em relação ao ano passado — a chita, que custava R$ 7,25 por metro em 2023, agora custa R$ 14,99. Mesmo com os aumentos, ela prefere utilizar materiais de alta qualidade para garantir a durabilidade das peças e a satisfação dos clientes: “Eu não trabalho com coisa ruim. Sempre procuro o tecido da chita que seja um pouquinho de algodão, melhor de costurar”, explica. 

image Luciana Assis, 51, em seu ateliê no bairro de Val-de-Cães (Foto: Igor Mota | O Liberal)

Dilma Barros, que customiza roupas para aluguel em um ateliê no bairro do Jurunas, observa que o metro do tule bordado, que antes custava R$ 35, agora chega a R$ 90. Apesar da carestia, o retorno do investimento é seguro. “A importância financeira das festas juninas é enorme, representando quase 90% da minha renda anual”, destaca Dilma, que também trabalha com customização de roupas em outras festividades, como Carnaval e Círio.

Para misses, como a bailarina Keyla Barros (filha de Dilma), os custos das vestimentas também são elevados. Este ano, Keyla já usou quatro trajes diferentes, totalizando um gasto aproximado de R$ 10 mil (considerando materiais especiais, como penas de faisão). A participação em múltiplos concursos, desde maio, poderia custar ainda mais. “No meu caso, tenho sorte de minha mãe ser costureira, senão os custos com estilistas seriam ainda mais elevados”, comenta a bailarina, destacando o apoio familiar.

Silas Silva, vendedor de uma loja de tecidos na avenida Almirante Barroso, no bairro do Entroncamento, relata um aumento de 20% nas vendas neste mês de junho em comparação a maio. “Os tecidos mais procurados são: chitão bem florido, com estampas juninas para confecção de vestidos, camisas e saias de carimbó; e tecido quadriculado para confecção de camisas manga curta e longa, vestido e saia”, informa. Os preços por metro ficam entre R$ 10,40 (chita de poliéster) e R$ 28,60 (oxford poliéster quadriculado). Além disso, o funcionário da loja observou que a procura por tecidos juninos este ano está 15% maior do que no ano passado.

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