Em Paris, Helder defende transição econômica e reforça bioeconomia como vocação do Pará
Governador do Pará também destacou a importância da colaboração da Petrobras na transição econômica do Brasil
Ao lado de outras autoridades brasileiras e francesas, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), participou nesta sexta-feira (13), do I Fórum Esfera Internacional, evento realizado em Paris com o objetivo de debater novas oportunidades de negócios e alianças bilaterais entre Brasil, França e União Europeia. Ele foi convidado para falar sobre mudanças climáticas, com foco na 30ª edição da Conferência Anual das Nações Unidas para o Clima (COP-30), que será realizada em Belém em 2025. Em seu pronunciamento, Helder defendeu o papel proativo da Petrobras no processo de transição econômica e ecológica do Brasil. A estatal brasileira figura entre as maiores produtoras de petróleo e gás do mundo.
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O governador também informou que o Brasil tem firmado com o governo norueguês cerca de R$3 bilhões em financiamento por meio do Fundo Amazônia com recursos provenientes de atividades petrolíferas e que esse modelo de financiamento poderia ser aplicado pela estatal brasileira em iniciativas sustentáveis.
“Cada estado da Amazônia tem uma vocação, e o petróleo não é a vocação do Pará. A vocação que o Estado escolhe para a sua transição econômica é a floresta viva, a bioeconomia, a partir de pesquisa, de ciência, de conhecimento, inovação, para que floresta viva possa valer mais do que floresta morta, o que lamentavelmente hoje não é uma realidade e isto acaba gerando um conflito econômico, ambiental e social”, disse Helder Barbalho. “Nós precisamos pedir recursos para a Noruega tendo a Petrobras, com os dividendos que tem distribuídos, com a potência que representa para a nossa economia? Nós não podemos fazer disso a indução?”, questionou, em seguida.
Para o governador paraense, a Petrobras “deve ser proativa e ao invés de responder sobre a captura de petróleo a 540 km da foz do Amazonas”. Ele defende que a estatal veja a região “como um grande case de utilização de uma empresa que atua no setor energético com diversas matrizes, mas que lidera o processo de transformação e transição ecológica e, acima de tudo, social e ambiental, ajudando o Brasil na construção seja da transição energética, o que já está fazendo, seja na transição ecológica e na transição econômica”, disse. “É fundamental que tenhamos clareza de que é possível defender a exploração de combustíveis fósseis, desde que estejam sob o aspecto da sustentabilidade e das garantias legais da preservação da legislação ambiental”, completou.
Helder Barbalho acredita que o Brasil vive um momento de protagonismo na questão ambiental, o que posiciona o pais no protagonismo da diplomacia. Para ele, o que difere o Brasil de outras potências globais é a pujança da sua economia. “O consumo extraordinário de mais de 200 milhões de brasileiros, um território produtivo e uma condição climática que posiciona o Brasil como protagonista na questão da segurança alimentar, mas abstraindo e não querendo minorar esses atributos. Compreendo que a floresta amazônica, efetivamente, é o que posiciona o Brasil em um patamar de diferença”, disse.
Ele voltou a defender o uso de mecanismos para a geração de empregos verdes e a conciliação para a preservação da floresta a partir da sua valoração. “Quando incrementamos conhecimento, incluímos uma nova vocação para a Amazônia: a bioeconomia, que inclusive deve ser lida como sociobioeconomia, porque precisa envolver gente”, avalia.
“Não adianta falar em floresta e esquecer que nós temos 29 milhões de brasileiros que vivem em uma das regiões com uma grande complexidade social que é a região amazônica, e quando nós temos estudos como o plano estadual de bioeconomia, ele aponta números importantes de serem registrados”, continuou.
Helder também citou o primeiro Plano de Estadual de Bioeconomia, elaborado pelo Pará, e afirmou que a bioeconomia já gera 387 mil empregos na Amazônia e 84 mil empregos diretos. “E eu estou falando de uma atividade absolutamente incipiente, porque o Brasil não a explorou. Nós temos uma projeção: se hoje o PIB é de 12 milhões de reais, nós estamos falando de uma projeção, alicerçada no Plano de Bioeconomia, de que até 2040, se nós investirmos em ciência, tecnologia e inovação, teremos condições de exportar produtos de bioeconomia chegando a 120 bilhões de dólares e aqui eu estou falando de madeira fruto de manejo, de cosméticos, de fármacos e de produtos oriundos da floresta que permitirão a criação de empregos verdes”, disse.
Ele adiantou ainda que o Estado irá lançar o primeiro plano de restauração florestal, com o objetivo de colaborar para o cumprimento das metas de redução das emissões de gases do efeito estufa pactuados pelo país. O lançamento irá ocorrer durante a COP 28, que será realizada em Dubai, nos Emirados Árabes, no final do ano.
Para Helder, é necessário incentivar a economia de concessão de florestas para permanecer o estoque florestal. “Porque se o país não restaurar aquilo que está antropizado, não cumprirá as suas metas de contribuição para a redução das emissões, portanto, trata-se de um conjunto de esforços que precisa de financiamento, seja do Fundo Amazônia, seja do Fundo do Clima, seja de recursos dos governos estaduais seja a mobilização da iniciativa privada”, avaliou.
I Fórum Esfera Internacional
A programação do I Fórum Esfera Internacional que começou nesta sexta-feira (13), segue até este sábado (14). Além de Helder Barbalho, participam do evento o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco; o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso; e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, o ministro de Minas e Energia do Brasil, Alexandre Silveira, o ministro Gilmar Mendes (STF), Ricardo Lewandowski (ex-ministro do STF), o ministro Vinícius de Carvalho (Controladoria-Geral da União), o presidente Bruno Dantas, o ministro Walton Alencar (ambos do Tribunal de Contas da União), Miriam Belchior (secretária-executiva da Casa Civil), o ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy, e a ministra para Transição Energética da França, Agnès Pannier-Runacher, .
O evento também conta com a participação de instituições brasileiras e francesas, entre elas a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Movimento das Empresas da França (Medef).
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