Em meio a retração, Pará busca dobrar exportações de carne bovina
Estado dobrou número de pólos exportadores, mas vê seu principal comprador, a China, pagar e comprar menos
As exportações paraenses de carne bovina fresca, refrigerada e congelada subiram 78,5% entre os meses de janeiro e fevereiro deste ano, de acordo com dados do do sistema do Comércio Exterior (Comex), disponibilizados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). O incremento, em valores absolutos, é de US$ 50,1 milhões nas exportações. Ao todo, as exportações totalizaram US$ 114 milhões. A expectativa para este ano é dobrar o montante das exportações do estado.
A projeção, contudo, ocorre em meio a um cenário desafiador: a retração do mercado chinês. Daniel Freire, presidente do Sindicato da Carne e Derivados do Pará (Sindicarne explica que um embargo chines na exportação de carne do Brasil para o país asiátivo, impactou consideravelmente nos números de exportação no primeiro trimestre do ano passado. A China, uma importante importadora de carne brasileira, reduziu suas compras tanto em quantidade quanto em preço, impactando o volume e o valor das exportações brasileiras.
Conforme explica Freire, o Pará, apesar de ter na China seu principal comprador, viu um aumento nas exportações devido à adição de empresas exportadoras, apesar do embargo. Em 2022, o Pará operava com três plantas. Em 2023, eram quatro. E agora, a cerca de quinze dias, opera com oito. A expectativa, com a adição das plantas, é passar dos US$ 530.829.873,00 (2023) para US$ 870.000.000,00, e das 3.190.000 cabeças abatidas (2023) para 3.300.000.
"Observamos uma desaceleração significativa nas compras pela China, tanto em volume quanto em valor. A média do preço por tonelada exportada do Brasil caiu de 4.980 dólares no ano passado para 4.400 dólares este ano. Esse ajuste reflete não apenas a retração do mercado chinês, mas também o aumento da nossa capacidade produtiva, que passou de quatro para oito plantas. Essa expansão, embora recente, já nos permite antever mudanças significativas no volume exportado”, afirma Daniel.
Desafiador, por que?
Embargo chinês: Afetou as exportações brasileiras de carne nos primeiros meses do ano passado, distorcendo os números de exportação do primeiro trimestre.
Redução das compras: A China, uma grande importadora de carne paraense, diminuiu suas compras, afetando tanto a quantidade quanto o preço das exportações.
Redução nas exportações: No início deste ano, 97 mil toneladas foram exportadas para a China, uma queda em relação aos volumes anteriores. Em janeiro de 2023, foram 106 mil.
Preço da carne exportada: A média do preço por tonelada caiu de 4.980 dólares no ano anterior para 4.400 dólares este ano.
O impacto das exportações para o mercado interno
Enquanto o Pará se esforça para dobrar suas exportações de carne bovina em meio a desafios significativos, especialmente relacionados ao mercado chinês, o mercado interno também sofre os impactos dessa dinâmica. A estratégia de expansão das exportações, segundo Daniel Freire, presidente Sindicarne, não só fortalece a posição do estado no mercado global de carne, mas também desempenha um papel crucial na diversificação e estabilidade do mercado interno de carne.
"Os esforços para aumentar as exportações vão além do benefício econômico direto. Eles nos permitem equilibrar a produção, garantindo que cortes de carne menos valorizados localmente encontrem mercado no exterior, enquanto mantemos a disponibilidade e a diversidade de cortes preferidos pelos consumidores paraenses, como é o caso da alcatra e da picanha. Nosso estado pouco consome vísceras, rim, fígado ou orelha, por exemplo. Mas essas partes são consumidas em outros locais", explica Freire.
Essa dinâmica, segundo ele, assegura que, enquanto alguns cortes são exportados, outros, mais valorizados localmente, permaneçam acessíveis no mercado interno, contribuindo para uma oferta diversificada de carne.
Além disso, Freire pontua que a pecuária é um dos pilares da economia paraense, desempenhando um papel importante na geração de emprego e renda e na manutenção da segurança alimentar. A exportação, portanto, não é vista apenas como um meio de gerar receita externa, mas também como uma estratégia para otimizar o aproveitamento dos recursos produtivos do estado. "É uma relação de ganho mútuo”, diz.
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