Dólar salta 1% ante real com queda nos preços do petróleo; clima político agrava aversão a risco
No último pregão, na sexta-feira, a moeda norte-americana à vista fechou em queda de 0,39%, a 5,2359 reais na venda
O dólar subia contra o real na manhã desta segunda-feira (20), depois de ter saltado mais de 1% na abertura, em meio à queda dos preços do petróleo, com a cautela internacional e com um clima político doméstico tenso agravando o sentimento de risco dos mercados.
Às 10:19, o dólar avançava 0,96%, a 5,2860 reais na venda. Na máxima do dia, a divisa norte-americana tocou 5,2997 reais, alta de 1,21%.
O dólar futuro de maior liquidez subia 0,84%, a 5,2855 reais.
Nesta segunda-feira, os preços do petróleo operavam em baixa, com futuros nos Estados Unidos tocando mínimas desde 1999 por preocupações com o excesso de oferta global.
O petróleo Brent recuava 1,85 dólar, ou 6,59%, a 26,23 dólares por barril, às 10:19 (horário de Brasília), enquanto o petróleo dos Estados Unidos caía 7,29 dólares, ou 39,9%, a 10,98 dólares por barril caía 7,29 dólar, ou 39,9%, a 10,98 dólares por barril.
"O pano de fundo continua a ser a queda significativa de demanda devido à quarentena resultante da pandemia do Covid-19, que supera em muito os esforços de controle de produção da Opep+ anunciados até o momento", explicou em nota a XP Investimentos sobre o baque nos contratos.
No exterior, os futuros da bolsa de valores norte-americana e moedas emergentes ou ligadas a commodities -- considerados ativos de risco -- eram negociados em queda em meio à ansiedade desencadeada pela queda do petróleo. O peso mexicano e o dólar australiano, pares do real, recuavam contra a divisa norte-americana. A lira turca era negociada perto da estabilidade.
Enquanto isso, no Brasil, o domingo foi marcado por protestos a favor de intervenção militar, que contaram com fala polêmica de Jair Bolsonaro. O presidente afirmou a manifestantes que participaram de ato em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, que acabou a "época da patifaria" e do que costuma chamar de "velha política".
Em resposta, amargando ainda mais as tensões entre o Executivo e o Legislativo, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou na noite de domingo que além do coronavírus, o país precisa combater o vírus do autoritarismo e que não há tempo a perder com "retóricas golpistas".
"A participação do presidente Bolsonaro na manifestação que pedia o fechamento do congresso piora a já frágil situação política do país e municia os grupos contrários ao presidente nas diversas frontes", disse em nota a Infinity Asset.
"Ainda que a relação política que tem se desenhado neste momento seja muito mais complexa do que salta às vistas, o fato do presidente 'escorregar em cada casca de banana' que põem em seu caminho dificulta o necessário diálogo para o futuro das reformas necessárias ao Brasil para o longo prazo. Desgastes desnecessários."
Nesta segunda-feira, Bolsonaro negou que a manifestação tivesse viés antidemocrático e repreendeu um apoiador que pediu o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF), ao mesmo tempo que disse esperar que esta seja a última semana de medidas de isolamento para conter o coronavírus.
Somada às consequências econômicas das medidas de contenção do coronavírus, um cenário de pouco investimento estrangeiro e juros baixos, as tensões políticas no Brasil têm sido apontadas como fator para a ampla força do dólar, que já acumula alta de mais de 30% em 2020.
No último pregão, na sexta-feira, a moeda norte-americana à vista fechou em queda de 0,39%, a 5,2359 reais na venda.
A partir desta segunda-feira, o Banco Central realizará leilões de swap cambial tradicional para fins de rolagem integral dos contratos vincendos em junho de 2020. Nesta sessão, serão aceitos até 10 mil contratos.
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