Doar vida: campanha sensibiliza sobre a importância da doação de sangue

Apenas 2% da população brasileira é voluntária, segundo o Ministério da Saúde

Elisa Vaz

Doar sangue é doar vida. Mesmo assim, apenas 2% da população brasileira é doadora de sangue, segundo o Ministério da Saúde. Para mudar essa realidade, no dia 25 de novembro é celebrado o Dia Nacional do Doador de Sangue, data criada justamente para sensibilizar a população sobre a relevância da doação.

Entre tantas vidas que foram salvas a partir da doação de sangue, o estudante Seiji Silva, de 24 anos, tem uma história de superação. Durante cinco anos, ele precisou receber concentrados de hemácias e plaquetas, porque havia sido diagnosticado com uma doença: a anemia aplásica severa, um distúrbio no qual as células da medula óssea que se desenvolvem em células sanguíneas maduras se tornam danificadas. As células danificadas da medula óssea podem resultar em um baixo número de glóbulos vermelhos, glóbulos brancos ou plaquetas. Morador de Viseu, no Pará, por causa da distância de quase 350 km e a extrema necessidade de exames e transfusões sanguíneas, precisou ficar em Belém, evitando desgastes e outras possíveis intercorrências.

Toda semana, Seiji fazia transfusões sanguíneas para sobreviver, como parte do tratamento. A única cura seria receber uma medula compatível. No ano passado, o estudante finalmente realizou o transplante e tem reagido bem.

“Foi muito cansativo porque eu dependia da doação toda semana. Por causa desse desgaste físico e mental, não tive concentração e foco para trabalhar e estudar, me voltei somente para o tratamento. Quando eu tinha que receber sangue e plaqueta e o estoque estava baixo, eu entrava em desespero, ficava com dor de cabeça, taquicardia, fadiga por causa da hemoglobina baixa (anemia), e ainda tinha que esperar dois ou três dias a mais do quanto eu resistia, era muito tenso pra mim. Eram momentos de muita aflição, angústia e insegurança”, lembra Seiji.

Depois de ter feito o transplante de medula óssea e não precisar mais de transfusão, o estudante vê a importância de cada gota de concentrado de hemácias que tomou. Segundo ele, isso lhe deu sobrevida para hoje, depois de cinco anos, ter a felicidade de realizar o transplante de medula. “Gostaria de conhecer cada doador de sangue e dizer: olha, por muitas vezes, você salvou minha vida. Muito obrigado”, ressalta o paciente.

Grupo de doadores atua há uma década

Criado em São Paulo no ano de 2008, a campanha “Sangue Corinthiano” chegou a Belém há uma década, em 2010, com a finalidade de convocar os torcedores a promover uma ação solidária em nome do amor pelo time. Um dos fundadores da equipe na capital paraense, Alan Costa conta que ele e Rafael Gouveia decidiram incentivar essa corrente solidária aos corinthianos da Região Metropolitana de Belém.

“O motivo real foi tentar fazer a nossa sociedade e amigos corinthianos se unirem em prol de uma causa nobre que busca ajudar a salvar vidas. A campanha é aberta a qualquer cidadão que queira ajudar, mas realizamos uma convocação em cima dos torcedores corinthianos, e quem tiver outra paixão pode vir também, pois a bandeira que estamos levantando é a da solidariedade e do amor aos times por meio da participação nesta ação solidária”, explica.

A campanha realiza, em média, três ações por ano. Em 2020, Alan conta que a pandemia prejudicou bastante a participação dos voluntários, e houve apenas duas edições, com cerca de 70 pessoas em cada – de 2015 a 2019, a média era de 100 doações por edição. No total, já foi ultrapassada a marca de 3 mil doações por meio da campanha.

Triagem Médica

De acordo com a médica hematologista Ana Virgínia Van Den Berg, a transfusão consiste em transferir as células do sangue de um indivíduo para outro. Há o doador, que fornece seu sangue, e o receptor, que recebe a doação.

“Temos critérios para essa doação. É um ato médico, então precisa ser decidido e orientado pelo médico. O doador precisa tem que seguir vários critérios, de idade, de saúde, precisamos saber quais medicações está tomando e as infecções que já teve, entre outras coisas. Muitas vezes precisamos ter uma sorologia para monitoras vírus no doador, para não haver problema ao receptor. Dessa maneira, garantimos que a transfusão seja um ato muito seguro para o receptor, e que o sangue é realmente livre de infecções ou outras alterações. Por isso há uma triagem para saber quem pode doar”, diz a profissional.

Van Den Berg explica, ainda, que no sangue circulam vários componentes – há a parte líquida, que é o plasma, e a sólida, que são as células sanguíneas, incluindo as hemácias e as plaquetas, que ajudam quem não tem um desses elementos. Há um processo para separar os componentes, porque cada um tem uma função e uma sobrevida. As hemácias permanecem vivas por 30 dias, enquanto as plaquetas têm apenas cinco dias de sobrevida, tempo que o receptor pode receber aquela doação. Também há os critérios de compatibilidade, lembra a médica hematologista, já que as células de um doador precisam ser compatíveis com as de outro, por um fator de segurança.

“A doação precisa ter uma indicação. Geralmente, quem recebe são as pessoas que têm anemia, plaquetas baixas, fatores de coagulação, risco de sangramento, passaram por cirurgia ou sofreram um acidente e perderam sangue, ou em casos de doenças crônicas, como câncer. Elas precisam receber as doações para viver, por isso é importante manter os estoques cheios. A função do banco de sangue é coordenar esse fluxo desde a hora em que o doador está doando o sangue até chegar no receptor. Hoje, ainda não temos um substituto do sangue, algumas substâncias nos ajudam, mas o sangue ainda é único. Por isso o doador é tão importante para salvar a vida de muitos doentes”, ressalta a especialista, Ana Virgínia.

No Pará, o cadastro de doadores possui 500 mil pessoas, mas somente 48% são de repetição, ou seja, que doam com frequência. Os dados são da Fundação Hemopa. Com a pandemia do novo coronavírus, os estoques de sangue da instituição atingiram níveis muito baixos, por conta do isolamento social. Entre março e maio deste ano, por exemplo, houve redução de 40% no número de voluntários.

Para doar sangue, é necessário atender a alguns requisitos básicos:

- Ter idade entre 16 e 69 anos (pessoas acima de 60 anos só podem doar se já tiverem doado antes dessa idade; e menores de 18 precisam estar acompanhados de responsáveis ou com formulário de autorização);

- Ter peso mínimo de 50 kg;

- Ter dormido no mínimo seis horas nas últimas 24 horas;

- Evitar jejum e alimentos gordurosos nas últimas horas (em casos de refeições fartas no almoço ou jantar, doar após 3 horas);

- Não ter ingerido bebida alcoólica nas últimas 12 horas;

- Não ter praticado exercícios físicos exagerados nas últimas 24 horas.

 

Onde doar sangue:

- Hemocentro Belém

Endereço: Travessa Padre Eutíquio, 2109, no bairro Batista Campos

Atendimento: de segunda a sexta, das 7h30 às 18h. Aos sábados, das 7h30 às 17h.

 

- Posto de coleta do Castanheira

Endereço: Rodovia BR 316, km 1, Pórtico Belém, no bairro Castanheira, em frente à entrada do Shopping Castanheira.

Atendimento: de segunda a sexta, das 7h30 às 18h. Aos sábados, das 7h30 às 17h.

 

- Posto de coleta do Pátio Belém

Endereço: Travessa Padre Eutíquio, 1078, bairro Batista Campos. Na Estação Cidadania, 1º piso do shopping Pátio Belém.

Atendimento: de segunda a sexta, das 13h às 16h30

 

- Hemocentro Castanhal

Endereço: Travessa Floriano Peixoto, Alameda Rita de Cássia, Conjunto Maria Alice, B-2 e B-3

Atendimento: de segunda a sexta, das 7h às 12h30

 

- Hemocentro de Santarém

Endereço: Avenida Frei Vicente, 696, entre as Alameda 30 e 31, no Aeroporto Velho

Atendimento: de segunda a sexta, das 7h às 12h30

 

- Hemocentro de Marabá

Endereço: Rodovia Transamazônica, Quadra 12, s/n, na Agrópoli do Incra

Atendimento: de segunda a sexta, das 7h às 12h30

 

- Hemonúcleo de Abaetetuba

Endereço: Avenida Santos Dumont, s/n, em São Lourenço

Atendimento: de segunda a sexta, das 7h às 12h30

 

- Hemonúcleo de Altamira

Endereço: Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, s/n, na Esplanada do Xingu

Atendimento: de segunda a sexta, das 7h às 12h30

 

- Hemonúcleo de Capanema

Endereço: Rodovia BR 308, Km 0, s/n, em São Cristóvão

Atendimento: de segunda a sexta, das 7h às 12h30

 

- Hemonúcleo de Redenção

Endereço: Avenida Santa Tereza, s/n, no Centro

Atendimento: de segunda a sexta, das 7h às 12h30

 

- Hemonúcleo de Tucuruí

Endereço: Avenida Veridiano Cardoso, s/n, BR 422, em Santa Mônica

Atendimento: de segunda a sexta, das 7h às 12h30.

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