Diesel fica mais caro nesta terça; setores podem ser impactados

Medida vale para distribuidoras, e postos dependem desse repasse para definir valor

Elisa Vaz

Diversos setores podem ser impactados com a alta de 8,87% no preço do diesel, anunciado ontem pela Petrobras e que entra em vigor a partir desta terça-feira (10) - o litro do combustível vai passar de R$ 4,51 para R$ 4,91, em média, sem alteração nos preços da gasolina e do gás de cozinha.

Advogado do Sindicombustíveis-PA, Pietro Gasparetto explica que essa elevação é natural do mercado e da política de preços da Petrobras, que segue o mercado internacional. Até então, afirma, o diesel estava em defasagem e, mesmo com a elevação, ainda continua. Dessa forma, não é possível prever até quando ocorrerão esses aumentos, que dependem de inúmeros fatores, em especial a alta no preço do petróleo e o conflito na Ucrânia. A petroleira garante que o diesel não sofria reajuste há 60 dias – desde 11 de março. Com o novo reajuste, o diesel já acumula alta de 47% nas refinarias da Petrobras este ano.

Presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Estado do Pará (Sindicam), Eurico Tadeu acredita que o aumento no preço do diesel vai impactar diversos setores. Além dos próprios consumidores, a categoria de caminhoneiros também é atingida. “Achamos até que ia subir mais. Mas o frete está muito defasado, isso já estava um caos por falta de fiscalização do piso mínimo de frete, que é o custo do caminhão. Tudo aumenta, botijão, alimento, o que precisamos para não parar o transporte é cumprir a tabela de frete, porque só esse valor não sobe. Muita gente está com caminhão parado, não consegue fazer manutenção”, avalia.

Para a população, fora o abastecimento, muitos outros setores sofrem mudanças com a alta do preço do combustível, em especial do diesel, afirma o advogado do Sindicombustíveis. “Há impacto direto em todos os setores, pois é o combustível que move o transporte rodoviário no país. Sempre há repercussão quando ocorre elevação do preço do diesel, até mais do que da gasolina”, diz.

O economista Valfredo de Farias concorda: como o Brasil depende do transporte por vias rodoviárias, por onde são levadas mercadorias, muitos produtos também podem ficar mais caros, especialmente porque o percentual de reajuste foi alto. “Aumentando o custo para se transportar essa mercadoria, provavelmente a gente vai ter alta dos fretes, que faz parte do custo dos produtos. Vai aumentar o preço de muitos produtos, principalmente na alimentação, já que a maior parte que chega aqui no Norte é pela via rodoviária”.

No futuro próximo, o especialista acredita que novos reajustes no preço do diesel são uma tendência “durante algum tempo”. Isso se justifica pela política de preços da Petrobras, que está atrelada ao mercado internacional, pelo fator câmbio e pelo conflito na Ucrânia. Valfredo ressalta que a Rússia, um grande “player”, ou seja, participante neste cenário, está envolvida em uma guerra que pode tirar boa parte de sua produção do mercado internacional, resultando em uma oferta menor e demanda igual e, consequentemente, uma alta de preços.

“Esse combustível, para nós do Brasil, leva em consideração principalmente esses dois fatores: variação do barril do petróleo e o fator câmbio. Quando há um aumento no preço do barril de petróleo lá fora e o câmbio está alto aqui, esse combustível fica muito mais caro para nós, porque o reajuste que vai ser empregado aqui dentro vai levar em consideração o preço do barril e por quanto ele foi comprado aqui, em dólar. Há pouco tempo houve uma diminuição no barril do petróleo, mas o preço não caiu muito justamente porque o dólar subiu. Um praticamente anula o outro”, comenta.

Gasparetto afirma ainda que, primeiro, a Petrobras define o preço do combustível que irá vender de suas refinarias para as distribuidoras, que depois vão vender para os postos. Este último depende, portanto, do preço cobrado pela distribuidora. “Não há como afirmar o momento que irá chegar na bomba, pois a precificação depende de cada empresa e vai variar em cada caso, conforme o preço de compra e o custo de manutenção de estoques em rotação de cada empresa”, adianta o especialista. E, segundo o economista Valfredo de Farias, esse aumento não significa que a gasolina e o gás de cozinha ficarão mais caros também - esses dois produtos vão aumentar de acordo com o câmbio e com a política de preço da Petrobras.

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